Quinta-feira, 25.08.11

Uma poesia de alto risco

- Rubervam Du Nascimento exibiu seu “Espólio” em Maputo
Espólio
“Estrada da vitória não tem mais voz/ sem rodas da máquina do horário azul/acaba cantiga do relógio de sol apressado” – é uma das estrofes extraídas do livro “Espólio”de Rubervam Du Nascimento, lançado em Maputo, onde o autor parece-nos levar a visitar detalhes do tempo mas sem nenhum saudosismo.
Dizem que anda por cá (Maputo) por outras razões que não sejam poéticas. Mas Rubervam Du Nascimento está a aproveitar as terras do índico para falar de Craveirinha; falar da poesia e lançar, como fez na sexta-feira, o seu “Espólio”.
Desemembarc ou como um dos poetas brasileiros mais premiados – quatro prémios – e levou para o Centro Cultural Brasil- Moçambique o seu mais recente livro “Espólio”. Izacyl Ferreira, que escreveria a apresentação desta obra, a definiria como um livro de “desolação, de perdas, de ferrugens, coisas e pessoas gastas e perdidas”.
Esta formrma simplista de definir o “Espólio”de Du Nascimento conduz-nos, de uma forma complexa, para um livro que, ao ler, parece estar constantemente a nos conduzir ao passado, ou melhor, ao que nos resta da vida. Ferreira diz reiterar o dito arrulhos que defende a utilidade de reler as epígrafes de um livro para melhor entender o seu conteúdo. Esta sugestão leva-nos a uma conclusão quase agressiva que Rubervam Du Nascimento busca para o seu livro através de “Konstantinos Kavafis”: “Todas essas coisas são muito velhas/o esboço, o barco e a tarde”.
Assim Du Nascimento prepara-nos para o que podemos encontrar nesse “Espólio”. Mesmo antes da epígrafe, o poema (de) “Introdução” já nos chama atenção para toda a base (assim como os detalhes) deste livro.
“não é fonte deste livro/meu dia perdido/ na confusão da noite/ nossa vida de cão/ passada a limpo/ desde que o anjo rebelde/ a serviço do criador/ armado de lasca de sol/ nos expulsou do paraíso”, escreve em “Introdução”.
Estandndo prereparado, parece- abrir-nos para uma leitura não pré-definida que nos sujeitaríamos se nos baseássemos simplesmente no título “Espólio”. Mas ele avisa que este não surge de “manuscritos salvos de um arquivo de areia redigido com tinta deagua...”
E, quandndo nos prendemos no poema “Herança”, que abre “Livro 1 – Da Carne”, vamos perceber claramente a linha que o poeta nos remete.
“marido aproveveitou a demora da festa/ testou com indicador a castidade da mulher/ ajudado pela toalha da mesa cheia de rosas feias/ que cobria colo e pernas dos convivas”.
Mas ao lermos os poemas de Rubervam Du Nascimento temos sempre uma tendência de o vermos pelos olhos dos outros, daqueles que já o tinham lido antes, começando do seu “debut” com “A Profissão dos Peixes”. Este parece ser o seu livro e marca. Melhor, como diz Dalila Teles Veras, ele – Du Nascimento – já se auto-denominou “poeta de um livro só”, referindo-se “A Profissão dos Peixes”, obra que demonstrou o desejo de reeditá-la em edições revistas e – cada vez mais – diminuídas.
Mas estávamos a falar dessa leitura que temos sempre de fazer através dos olhos dos outros. Elias Paz no artigo “O engajamento P(r)o(f)ético em Rubervam Du Nascimento” faz uma “visitação” religiosa a obra de Rubervam por sua constante recorrência à religião, enquanto nos lembra que este poeta já foi um servo de Deus.
“... as referências religiosas, bíblicas e extra-bíblicas são abundantes no texto de Rubervam, veladas e claras. Para quem não sabe, o Rubervam é um ex-pregador adventista com vivência e formação cristã e grande familiaridade com o texto bíblico.”
publicado por Revista Literatas às 12:46 | link | comentar
Sábado, 13.08.11

Escritor Rubervam Du Nascimento escala Maputo

De Santa Teresinha, Rubervam Du Nascimento, que vem em missão de trabalho, mas dedicará as tardes para entrar em contacto com a Literatura Moçambicana e conhecer o Movimento Literário Kuphaluxa.

O Kuphaluxa vem, desde o princípio do ano em curso, interagindo com o poeta Rubervam Du Nascimento, este que a partir do Brasil, dispunha-se a transmitir os seus conhecimentos ao movimento.

Assim, de17 a25 de Agosto corrente, o poeta, estará envolvido em uma série de actividades programadas por ocasião da sua visita à capital moçambicana, cujo destaque vai para o lançamento da sua mais recente obra, intitulada “Espólio”, vencedora do VI Prémio Literário Livraria Asabeça em 2007 no São Paulo.

Está contemplado no programa para esta visita, a realização duma palestra no primeiro dia (17 de Agosto) as 14H na Escola Secundária Armando Guebuza, na cidade de Maputo, onde o poeta irá orientar o tema Porquê Ler? Já ministrado por vários escritores nacionais e internacionais durante este e o ano passado, incluindo a escritora Ana Rusche, que recentemente, esteve em Maputo.

Será a primeira vez do Rubervam Du Nascimento em Moçambique, e a primeira que terá contacto directo com os membros do Movimento Kuphaluxa, única agremiação, com que o escritor mantém contacto no País.

 No dia 18 pelas 16H, o poeta vai orientar uma palestra sobre a poesia brasileira e as suas aproximações com a moçambicana, na Faculdade de Letras da Universidade Eduardo Mondlane.

Na sexta-feira, será a vez da grande NOITE DE POESIA, a realizar no Centro Cultural Brasil Moçambique (CCBM) com o tema “O Prazer da Língua” e será na mesma noite que será lançado o livro, Espólio, com sessão de recital, onde o poeta vai dialogar, na sua apresentação, com José Craveirinha, o maior da poesia moçambicana.

 

 

 


 

RUBERVAM DU NASCIMENTO

Rubervam Du Nascimento é um poeta brasileiro, colaborador da imprensa alternativa desde os anos 70.

Rubervam Maciel do Nascimento, natural da Ilha Upaon-Açu, São Luís - Maranhão, nascido aos 31de Julho de 1954 é formado em Direito pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e actua como fiscal do Ministério do Trabalho, em Teresina (PI), onde reside desde 1972. Foi presidente do Centro Colegial dos Estudantes Piauienses (CCEP) e da União Brasileira dos Escritores, UBE/PI .

Participou de actividades culturais nos anos 70 e posteriores, tendo suas obras incluídas em várias antologias, como: "Aviso Prévio" (1977); "Ô de Casa" (1977) e "Piauí: Terra, História e Literatura" (1980); "Postais da Cidade Verde" (1988); "Poesia Teresinense Hoje" (1988) e "Andarilhos da Palavra" (1990), além de constar sua participação no livro "A Poesia Piauiense No Século XX" (1995), do crítico literário e antologista Assis Brasil. Também integrou a colectânea "Baião De Todos" (1996), organizada por Cineas Santos.

Recebeu diversos prémios em concursos literários realizados no Piauí e em nível de Brasil. Em 1997, obteve o 1° lugar em concurso nacional de poesia da Editora Blocos (Rio de Janeiro), com o livro "Marco Lusbel Desce Ao Inferno" 3.

Tem publicadas as obras, “A Profissão Dos Peixes”, “Marco Lusbel Desce Ao Inferno” e “Espólio”.

publicado por Revista Literatas às 08:35 | link | comentar | ver comentários (1)

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