Terça-feira, 26.07.11

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em Moçambique: Educação será sector prioritário na introdução

Eduardo Quive - Maputo

Foto: Rogério Manhique


A divulgação do AOLP tem como objectivo, o conhecimento do seu conteúdo, seu significado e de um modo geral suas implicações, procurando-se auscultar a opinião geral e colher subsídios sobre a implicação da aplicação do acordo nas diversas áreas, como educação, comunicação social escrita, administração pública, área editorial, artes e letras, entre outras.Tendo em vista a divulgação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AOLP), a nível do País, a Comissão Nacional do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP) iniciou o ciclo de seminários, pelo menos a nível da cidade de Maputo, juntando as províncias de Gaza e Inhambane.

No seminário de Maputo, ficou decidido que o sector da educação seria prioritário na introdução do Acordo Ortográfico, dado a relevância deste sector na compreensão deste novo instrumento linguístico.

Segundo Lourenço do Rosário, presidente da Comissão Nacional do IILP, o encontro “ não visava discutir se Moçambique deve ou não ratificar o acordo, pois, o País, deve cumprir com os seus compromissos, uma vez que assinou a elaboração deste documento”.

Entretanto, “depois de ratificado, vamos aconselhar o governo a revisitar o texto do acordo, porque há questões que precisam de ser revistos a favor do nosso país, de modo a não entrar na onda dos outros.” Disse do Rosário.

Por outro lado, no seminário, não foi possível se saber se em quantos anos vai se implementar as normas do novo Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa em Moçambique e, para tal, vai-se submeter um estudo.

Lourenço do Rosário e a sua comissão, aconselham ainda ao Governo de Moçambique, a não menosprezar os técnicos nacionais, no processo de participação do vocabulário linguístico moçambicano.

Quanto aos custos, manteve-se a previsão dos mais de 108 milhões de dólares. 

publicado por Revista Literatas às 09:30 | link | comentar | ver comentários (2)
Sexta-feira, 15.07.11

Lica Sebastião estreia com “Poemas sem Véu”

A poetisa Lica Sebastião lançou “Poemas sem Véu” na mediatéca do BCI. O livro prefaciado por Francisco Noa faz uma incursão a diversas sonoridades artísticas.

Mesmo escrevendo há muito tempo, só agora Lica Sebastião se estreiou em livro com Poemas sem Véu. Numa mistura de poesia e artes plásticas, Lica procura explorar as diferentes da arte e vai desvendando os diversos momentos que fazem uma sociedade como se estivesse a celebrar sua própria existência.

Quem leu os versos de Lica Sebastião parece ir ao encontro da ideia expressa no prefácio de Noa de estarmos perante uma escrita que  que afirma de modo quase cortante  a sua condiçao de poesia. Nos referimos a forma tensa como se escolhem as interligações.
Poemas sem véu sai com o selo da Alcance Editores.
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Terça-feira, 14.06.11

Maputo: Preparativos para VIIº Festival Nacional da Cultura


Fazedores de cultura atentos aos preparativos

Por Eduardo Quive

O Ministério da Cultura e os intervenientes da cultura nacional, discutiram na passada quarta-feira em Maputo, o regulamento da próxima edição do Festival Nacional da Cultura, que acontecerá pela sétima vez em 2012.

De acordo com os fazedores da cultura reunidos nesta sessão, salienta-se importante que se tome atenção na logística, pois a partir desta, poderá ser alcançado o maior objectivo, que é o de, juntar o que melhor se tem em termos de arte no país e se exibir em boas condições.

Os artistas chamaram a atenção para a fase dos apuramentos, para que de facto, se leve para a fase final do festival, grupos que merecem lá estar.

Já o Ministro da Cultura, Armando Artur, enalteceu as contribuições dos intervenientes culturais, reiterando que o Festival Nacional da Cultura é de todos moçambicanos, e constitui oportunidade para que a identidade cultural dos moçambicanos esteja reactivada e reconhecida internacionalmente.

Ainda no encontro, o Ministério da Cultura procedeu com a apresentação da sua página oficinal na Internet, onde disponibilizará informações institucionais e os valores culturais do país.

O site constitui uma plataforma para a divulgação das potencialidades artísticas do país, bem como das acções do governo inerentes ao sector da cultura, sendo por esta razão que se reuniu os intervenientes nesta área.

 


Nampula capital da cultura em 2011

No Norte de Moçambique, foi escolhida a cidade de Nampula para acolher a mais prestigiada festa da cultura com maior exaltação dos valores culturais dos moçambicanos, onde várias expressões intercalam-se uma vez em cada dois anos.

Uma das estratégias definidas pelo Ministério da Cultura, é fazer com que, durante todo o ano 2012, todo o movimento artístico–cultural do país, tenha em vista a cidade de Nampula como o centro das atenções.

Armando Artur, referiu que ao adoptar esta estratégia, o objectivo do Ministério da Cultura, é fazer com que, o Festival Nacional da Cultura ganhe mais valores a serem aproveitados para o sector turístico e para a difusão da diversidade cultural, permitindo assim que se mobilizem mais recursos para o mesmo.

Deve-se também, segundo o Ministro da Cultura, mostrar o valor e a importância da cultura para que haja mais investimentos, parcerias e orçamento para esta área, o que poderá favorecer os seus fazedores e o país no geral.

publicado por Revista Literatas às 04:18 | link | comentar
Segunda-feira, 06.06.11

Aprovada proposta da política do livro


 
Reunido no seu primeiro conselho coordenador, o Ministério da Cultura aprovou a proposta da política nacional do livro, que deverá ser encaminhada ao Conselho de Ministros ainda este ano.


Trata-se de um instrumento indispensável e decisivo para a formação literária e artística, um documento basilar na construção de conceitos, na experimentação e descoberta de métodos de resolução de problemas no desenvolvimento do espírito de pesquisa e na libertação do imaginário.


Tal como fez saber o ministro da Cultura, Armando Artur, apesar do país estar a conhecer um crescimento considerável no domínio do livro, a ausência de uma política contendo linhas orientadoras do desenvolvimento no sector tem levado, em certos casos, à adopção de soluções incompatíveis e ao uso desnecessário de esforços, resultando em fracassos ao invés de reduzir o desequilíbrio e as assimetrias no seio dos intervenientes.

“Assim, havendo necessidade de o país dotar-se de princípios, objectivos e orientações, é aprovada a presente política do livro que reflecte a importância e a imprescindibilidade do livro na sociedade moçambicana”, disse Artur. O País
publicado por Revista Literatas às 01:50 | link | comentar

Um namoro entre a música e a lírica



 O escritor Dércio de Celestino Pedro estreou-se no panorama literário moçambicano com a publicação da obra “Quando o coração diz pára e outras entontecidas”, livro de poesia posto à venda desde Abril último, aquando do lançamento da 76ª Feira do Livro da Minerva Central, mas só na última semana de de Maio passado, aconteceu o lançamento oficial da obra.

O evento, que contou com a presença dos amantes da literatura, e não só, iniciou com a leitura de alguns poemas, por Helena Maguene. Para a apresentação da obra, coube a Arsénio Macaliche, companheiro literário de Dércio Pedro, que considerou que o seu papel era de “comentador” do livro, afirmando que o trabalho sério de crítica literária será feito pelos professores de literatura e críticos literários mais entendidos.

Ainda assim, na sua breve, mas lúcida intervenção, Macaliche avançou alguns elementos importantes para a leitura da obra, e para o desenvolvimento de uma expectativa em relação à evolução da escrita de Dércio Pedro, que nesta fase inicial se apresenta prenhe de possibilidades estéticas.

De acordo com Macaliche, há que felicitar o poeta pela sua coragem de cantar o Amor nestes tempos de “cólera social”. Para além disso, Dércio saiu-se bem neste seu primeiro livro, em muito do que faz, em termos de jogos de linguagem. Por exemplo, a sua incursão pela corrente de poesia concreta é bem conseguida. Portanto, a sua oscilação entre a poesia e a música é bem gerida – Macaliche considera que a ideia de um ser dividido é anunciada no título, pela convocação de Quimera, figura da mitologia clássica que representava um ser híbrido. Assim, o poeta oscila entre escrever versos para serem declamados e versos para serem cantados. Aliás, uma das marcas deste livro é precisamente a convocação de autores de “Bossa Nova” e música popular brasileira, sentindo-se que a métrica e o ritmo de vários poemas, principalmente da primeira parte do livro “Do Coração” apelam a estes estilos musicais. O País
publicado por Revista Literatas às 01:43 | link | comentar
Sexta-feira, 06.05.11

Adopção do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em Moçambique: Se vale a pena gastar 111 milhões USD para alterar a língua

 
Por Eduardo Quive - Maputo

Falando nas cerimónias do dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP, 05 de Maio, o ministro da Cultura Armando Artur, deu a conhecer que o Governo de Moçambique está interessado em ratificar e adoptar o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que poderá custar 111 milhões USD. Entretanto, refere ainda o ministro, que a falta de clareza sobre o que se pretende4 com o acordo e o que se apreende do mesmo, fez com que o governo moçambicano resolvesse criar condições para que a sociedade moçambicana pudesse ter a noção exacta deste instrumento antes que se ratificasse no País.

Assinalou-se no dia 05 de Maio o dia da Língua Portuguesa e da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Maputo a data teve o ponto mais alto das celebrações no Centro Cultural Brasil – Moçambique, onde vários representantes da dos países membros da CPLP fizeram-se presentes.
A comemoração do 5 de Maio, como dia da “Língua Portuguesa e a Cultura da CPLP”, resulta duma decisão saída do XIV Conselho de Ministros da CPLP, realizado em Junho de 2009, em Cabo Verde.
Nesta data, os ministros dos Negócios Estrangeiros e das Relações Exteriores recomendaram aos Estados-membros, às instituições da CPLP, aos Observadores Associados e Consultivos e às diásporas dos países da CPLP, a comemoração do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP, tendo em vista a sua afirmação crescente nos Estados membros e na Comunidade internacional, pelo facto de a língua portuguesa constituir, entre os povos da comunidade, um vínculo histórico e um património comum resultantes de uma convivência multissecular que deve ser valorizada, como também, a língua portuguesa é um meio privilegiado de difusão da criação cultural entre os povos que falam português e de projecção internacional dos seus valores culturais, numa perspectiva aberta e universalista.
Entretanto, as principais atenções nos últimos tempos sobre a Língua Portuguesa, estão na sua evolução, transformações e a adaptação dos povos falantes, nas novas modalidades e uniformização.
Aliás, ainda nestes tempos, a CPLP, tem se mostrado preocupada com a questão da unificação da expressão portuguesa, levando-se com seriedade o debate sobre o Acordo Ortográfico, um instrumento que poderá por fim às diferenças entre os falantes da Língua Portuguesa.
Seja por isso, que o ministro da Cultura moçambicano, Armando Artur, no seu discurso no evento de celebração do 5 de Maio em Maputo, destacou a posição do Governo de Moçambique sobre a ratificação ou não deste documento.
Armando Artur, quebrou o silêncio que pairava sobre o assunto no País, e pela primeira vez, mostrou alguma posição do governo moçambicano sobre o que o mundo falante da Língua Portuguesa tem se mostrado preocupado e que até já avançou que decisões concretas, como o caso de Brasil e Portugal, que já estão a implementar este novo modelo da língua, inserido no Acordo Ortográfico de 1990.
“É pois, na sequência da dissonância, ou seja, da falta de clareza, sobre o que se quer com o acordo e o que se aprende do mesmo, que o governo moçambicano resolveu criar condições para que, antes da sua ratificação, a sociedade moçambicana pudesse ter a noção exacta do que é o acordo ortográfico da Língua Portuguesa. Para tal, esforços deverão ser envidados no sentido de disseminar este acordo por todos os sectores alvo. É também designo do governo saber ao certo os custos que advirão da adopção da nova ortografia, embora esta questão fique para etapas subsequentes.” Disse o ministro.
Apesar destas palavras, Armando Artur, deu a conhecer a posição do governo sobre a aplicação do documento que visa unificar a língua, no seio dos membros da CPLP.
“Vamos ratificar o acordo, sim, mas antes o mesmo deve ser do conhecimento dos moçambicanos. O Governo não está alheio também à necessidade de padronização da ortografia das línguas nacionais. O trabalho que está sendo feito pela academia no sentido de harmonizar e disseminar a grafia das línguas moçambicanas, tem merecido de nós o mesmo cometimento que temos para com a língua portuguesa. As línguas nacionais não só constituem património nosso, como são um instrumento indispensável na formação e educação dos nossos concidadãos.”
Por outro lado, o governante, serviu-se da ocasião, para os estudiosos trabalharem com afinco, na divulgação do verdadeiro sentido do documento em causa, principalmente nas principais fontes do exercício de expressão da língua na sociedade, enaltecendo, igualmente, a oportunidade de debate criada, ainda no âmbito das comemorações da efeméride.
“Com encontros desta natureza, com debate e troca de informação, devem ser multiplicados pelo país, de modo a que o professor, no distrito mais longínquo, ou o funcionário público, nos actos administrativos, tenha a noção exacta da nova ortografia a adoptar. A disseminação do conteúdo do acordo ortográfico é uma premissa a que o governo não abre mão.”

Implementação do novo Acordo Ortográfico vai custar cerca de 111 milhões USD em Moçambique

Ainda para celebrar o dia Língua Portuguesa, foi promovido um debate sobre vários assuntos ligados a esta língua em Moçambique.
O processo para a ratificação do Acordo Ortográfico em Moçambique, foi um dos temas debatidos, tendo como orador, o Presidente do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa, Lourenço do Rosário, que deu a conhecer as principais vertentes deste documento.
Lourenço do Rosário centrou a sua dissertação nos custos e implicações da ratificação do Acordo Ortográfico no País, mostrando num contesto real sobre a capacidade de Moçambique de entrar na esfera doutros países da CPLP, no caso concreto do Brasil que dentre Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, países que apesar de já terem ratificado o acordo, ainda não criaram um cronograma de implementação das novas regras. Até 2012.
Entre Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, os portugueses desde 2009 começaram a implementar as modificações, mas no entanto, assumem a missão de incorporar as novas regras em todo sistema do funcionamento do país, até 2015.
No entanto, fora desses dois países, Brasil e Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, apenas ratificaram e ainda não implementaram o novo modelo, as situações destes países, difere-se com a de Moçambique, Angola, Guiné – Bissau e Timor-Leste, países que ainda não formalizaram a sua concórdia.
Uma das missões da comissão de investigadores moçambicanos é descobrir as formas de implementação do Acordo Ortográfico em Moçambique e identificar o período necessário para que se efectuem todas as modificações necessárias.
“a comissão vai preparar o documento e entregar ao governo e só para arrancar, depois da ratificação, para preparar todo processo todo o processo para que o acordo entre em vigor é preciso saber-se em quantos anos Moçambique vai ser capaz de implementar as várias etapas, até chegar uma fase em que se vai dizer que está concluído o processo e entre em vigor o Acordo Ortográfico.” Disse do Rosário.
Ainda no seu discurso, o Presidente do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa, disse que a implementação do novo acordo, vai custar 111 milhões de dólares.
“São várias etapas que se vai passar, sendo que os custos são de cerca de 111 milhões de dólares, valor que o governo terá que arranjar, não sabemos como.”
Questionado se Moçambique não estará a caminhar a passos lentos para a ratificação do acordo, Lourenço do Rosário disse “não me parece que estamos atrasados, penso que estamos a dar passos prudentes para que não faça passos com o pé mais do que a perna não nos guiemos pelos países que já estão a implementar, porque eles são capazes”.
“O Brasil tem capacidade de implementar imediatamente o Acordo Ortográfico e já está a implementar, mas Portugal, com as potencialidades que tem, definiu seis anos para implementar por completo o acordo e Cabo Verde, país pequeno, está a fazer o processo com os passos de Portugal. Portanto, só o Brasil está a implementar o Acordo Ortográfico, Angola ainda não ratificou, não sabemos qual é a posição de São Tomé e nem da posição de Guiné-Bissau que já ratificaram e não temos visto o desenvolvimento.” Disse.
Entretanto, ainda não se sabe no concreto, sobre os anos que Moçambique precisará para implementar as regras do novo Acordo Ortográfico, sendo que pelas previsões da comissão moçambicana para este processo, pode vir a ser de 10 anos.
Mas segundo Lourenço do Rosário, ainda há um trabalho intensivo a se fazer com vista a se saber o que de facto mudará.
“Temos que fazer um trabalho científico de vocabulário comum para sabermos o que vai mudar. O Brasil, por exemplo, vai modificar 0.9 do seu vocabulário comum e Portugal 1.9 e no nosso caso, ainda não temos recenseado lexicalmente o que vamos modificar. Se quisermos seguir os outros, uma vez que usamos as normas do português padrão, podemos seguir o Portugal. Mas será que isso corresponde ao português falado em Moçambique?”

A Língua Portuguesa é ou poderá ser uma Língua Moçambicana (izada)?

Esta foi a questão de fundo da dissertação do docente da Faculdade de Letras e Ciências Sociais na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Gregório Firmino, que defendia igualmente haver aspectos Linguísticos Sócio-simbólicos que justificam o pressuposto de que a Língua Portuguesa está num processo de nativação, justificando-se assim a sua moçambicanização.
A explanação deste docente, no que diz respeito a nativação da língua, teve base com os fundamentos do especialista Kachru que define esse processo, também chamado de indigenização ou endogeneização.
“Pode ser definida como um processo de aculturação através do qual uma língua ex-colonial se aproxima do contexto sócio-cultural de um país pós-colonial. Através da nativização, uma variedade não-nativa é culturalmente integrada na ecologia social da pós-colónia e adquire novas funções sociais. Além disso, ela desenvolve inovações linguísticas que ganham significado comunicativo e social no contexto destas novas funções.”
Gregório Firmino, defende que essa nativação é motivada pelo uso da expressão língua(s) moçambicana(s)/língua(s) naciona(l/is) como referência às línguas bantu (nunca tratadas como línguas étnicas) e pelo uso da expressão língua oficial como referência à LP (nunca tratada como língua nacional/moçambicana, apesar de ser símbolo da unidade nacional
Resistência/Contestação/problematização do uso da Língua Portuguesa.
“África tem um problema único que deriva da sua situação multilingue e do facto de haver línguas ex-coloniais lutando pela supremacia no continente. Uma vez que estas muitas línguas estrangeiras são conhecidas por um número insignificante, a única forma de trazer muitos africanos para as nossas próprias iniciativas de desenvolvimento é através da mudança na política linguística. Nós devemos desenvolver as nossas línguas para se conseguir uma efectiva comunicação com as massas. Nós propusemos o Kiswahili como a língua mais adequada para ser desenvolvida como língua para a união africana. Se tal for não fácil de obter a curto prazo, podemos desenvolver inicialmente um número de línguas africanas. Para este fim, podemos escolher Hausa na África Ocidental, Árabe no norte; Zulu na África do Sul, Kiswahili na África Central e Oriental, ao mesmo tempo que se encoraja o desenvolvimento contínuo do Kiswahili. Se, por razões válidas, Kiswahili não é aceitável, eu votarei por uma outra língua, desde que seja uma língua africana”
Por outro lado, Gregório Firmino ainda continua a questionar sobre a situação do Português e se até onde a visão generalizante de estudiosos africanistas se enquadra ao caso do Português em Moçambique?
Gregório também questiona se pode haver uma língua que seja símbolo da nação/língua da unidade nacional sem ser língua nacional e por que geralmente não se aceita a designação línguas nacional/língua moçambicana para o Português?
“O Português em Moçambique pode ser visto como um continuum que oscila desde as formas do “mau” Português (pejorativamente chamado pretoguês) até às formas mais próximas do Português europeu” respondeu.
Outro tema discutido no debate do dia da Língua Portuguesa e Cultura da CPLP, foi sobre a Língua Portuguesa no contexto multilingue – desafios da educação, dissertado por Albertina Moreno, membro da Comissão Nacional do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP).

O que é Acordo Ortográfico e quais são os principais fundamentos da sua implementação na CPLP?
A ortografia da língua portuguesa é regida por um conjunto de normas oficiais sob a forma de acordos ortográficos. No início do século XX surgiu em Portugal e no Brasil a intenção de estabelecer um modelo de ortografia que pudesse ser usado como referência nas publicações oficiais e no ensino em ambos os países, iniciando-se assim um longo processo de tentativas de convergência das ortografias usadas em cada país.
No ano de 1943, realizou-se em Lisboa um encontro entre os dois países, com o objectivo de uniformizar os vocabulários já publicados, o da Academia das Ciências de Lisboa, de 1940, e o da Academia Brasileira de Letras, de 1943. Deste encontro resultou o Acordo Ortográfico de 1945, que, no entanto, apenas entrou em vigor em Portugal, não tendo sido implementado no Brasil, que continuou a reger-se pelas regras expostas no Vocabulário Ortográfico de 1943.
Em 1986, foi feita, no Brasil, uma nova uniformização da ortografia, sem que se tivesse chegado a consenso. Nos anos seguintes, fruto de um longo trabalho desenvolvido pela Academia Brasileira de Letras e pela Academia das Ciências de Lisboa, os representantes oficiais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe assinaram o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, ao qual adere também, depois da sua independência em 2004, Timor-Leste. O Acordo Ortográfico de 1990 entrou em vigor, no início de 2009 no Brasil e em 13 de Maio de 2009 em Portugal. Tudo indica que os restantes países da CPLP o implementarão em breve.
Constituem argumentos a favor do Acordo Ortográfico, assinado em 1990, a aproximação da oralidade à escrita, simplicidade de ensino e aprendizagem, unificação de todos os países de língua oficial portuguesa, fortalecimento da cooperação educacional dos países da CPLP, evolução da língua portuguesa e pequena quantidade de vocábulos alterados (1,6% em Portugal e 0,45% no Brasil).
Contra, estão os argumentos sobre a evolução não natural da língua, tentar resolver um “não – problema”, uma vez que as variantes escritas da língua são perfeitamente compreensíveis por todos os leitores de todos os países da CPLP; desrespeito pela etimologia das palavras; a não correspondência da escrita à oralidade. Por exemplo, existem consoantes cuja função é abrir vogais, mas que o novo acordo considera mudas nomeadamente em tecto, passando a escrever-se teto, dever-se-ia ler como teto (de seio); processo dispendioso (revisão e nova publicação de todas as obras escritas, os materiais didácticos e dicionários tornar-se-ão obsoletos, reaprendizagem por parte de um grande número de pessoas, inclusive crianças que estão agora a dar os primeiros passos na escrita).
Por outro lado o facto de não haver acordo, facilita o dinamismo da língua, permitindo cada país divergir e evoluir naturalmente, pelas próprias pressões evolutivas dos diferentes contextos geo-sócio-culturais como no caso do Inglês ou do Castelhano; afecto com a grafia actual e falta de consulta de linguistas e estudo do impacto das alterações.
publicado por Revista Literatas às 05:43 | link | comentar

7os Encontros com a História no Instituto Camões: “Dos Nacionalismos às Independências em África


7os Encontros com a História no Instituto Camões: “Dos Nacionalismos às Independências em África” (9 a 13 de Maio de 2011)
Decorrem, entre 9 e 13 de Maio, entre as 18 e as 20 horas, na Sala de Conferências do Instituto Camões em Maputo, os 7os Encontros com a História. A inscrição, gratuita, poderá ser feita na Galeria ou Biblioteca do Instituto Camões, sendo necessária para a atribuição do Diploma de Participação nestas Conferências.
Se desejar, pode-se inscrever para este endereço de correio electrónico indicando o nome, profissão/actividade.
Programa
9 de Maio (2ª feira)
Abertura [18H00]
Representante da FLCS da UEM
«Moçambique e as representações locais e metropolitanas do domínio colonial no final do século XIX» [18H40]
Paulo Jorge Fernandes
10 de Maio (3ª feira)
«O Nacionalismo em Moçambique e o papel da Igreja – O caso das Igrejas Protestantes no Sul de Moçambique » [18H00]
Teresa Cruz e Silva
«Nacionalismo africano: memória e desafios» [18H40]
Luís Bernardo Honwana
11 de Maio (4ª feira)
«O jovem louco: uma leitura de Nós matámos o cão tinhoso» [18H00]
Gilberto Matusse
«A questão nacional em Moçambique» [18H40]
Aurélio Rocha
12 de Maio (5ª feira)
«O nacionalismo são-tomense – O contributo das Colónias para a Independência de São Tomé e Príncipe» [18H00]
Elisabeth Martins
«Dos nacionalismos às Independências: esboço de problematização de trajectos políticos em África» [18H40]
Augusto Nascimento
13 de Maio (6ª feira) [18H00]
Encerramento com lançamento do livro
Moçambique: Relações históricas regionais e com países da CPLP
publicado por Revista Literatas às 05:30 | link | comentar

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