Sexta-feira, 15.07.11

A Xitsuketa

Amélia Matavele - Maputo

 


Somos dois…
Dois corpos, duas almas, dois animais
Mas quem somos? 

Podemos até ser três!
Vigora a dita geração de viragem
Mas quantos somos? 

Somente saberemos isso
Ao gosto das palmas
A lua aberta, a sol nú
E a estrelas ousadas… 

Somos um!
Mesmo desejo e agressividade animal
Que faz gerar dinamismo no brutalismo
Dum sentimentalismo 

Hum! E assim começamos
Dois corpos, dois instintos
Uma lua aberta
Um sol nú e estrelas
Aplaudindo a nossa mais nova dança! 

Uma dança…
Uns instintos únicos…
Uma xitsuketa!
Abalando os corações dos que a assistem 

Uma dança com dois
Pode até ser com três!
Dança que renasce após a adolescência…
A dois!

publicado por Revista Literatas às 06:00 | link | comentar
Domingo, 03.07.11

Que culpa temos nós?

Mukurruza - Lichinga
Á Jorge Viegas
 
Gentil nossa alma,
Nossa esperança, dores, mágoas, enfim, roubadas.
Penúrias penduradas n’angústias
Desfeitas de graças.  
Estas vaidades traduzidas nas danças de batuques marimba, enfim.
Oh! danças de ekuetthe danças desconhecidas!
-Será que não lembram destas danças?
-Isto é mesmo que não lembrar do filho desta terra esquecida
ah! Que esperança falhada nesta terra de moldes,
desfeita de estragar tijolos de adobe!  
Tristeza é a palavra que só se vos diz.
Nestes gritos esquecidos;
Gritos sem referentes, sem donos.  
Ah! que tristeza nos acolhe nestes abrigos sem reflexos!
Que pena nos impedem de sonhar!
Esperança desfeita de mistérios dos magnos xicuembos


publicado por Revista Literatas às 06:19 | link | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 30.06.11

Auto-quotidiano

Jopone Arijuane – Maputo

Há vezes que a tristeza faz me muito feliz
Quando triste lembro a felicidade vivida
Nunca da tristeza que vivo.
Felicidade é  bem compreendida quando se esta triste
Minha vida é  o lado feliz da tristeza  

publicado por Revista Literatas às 07:04 | link | comentar | ver comentários (2)
Terça-feira, 28.06.11

Morreu Lina Magaia

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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-ZamNEnKc05c/Tgm96GKhNxI/AAAAAAAAAU0/JuVlD9CRg0c/s1600/Lina-Magaia_06x11x625x230.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;" rel="noopener"><img border="0" height="220px" i$="true" src="https://1.bp.blogspot.com/-ZamNEnKc05c/Tgm96GKhNxI/AAAAAAAAAU0/JuVlD9CRg0c/s320/Lina-Magaia_06x11x625x230.jpg" width="320px" /></a></div><div style="text-align: justify;">Morreu ontem, 27 de Junho, em Maputo, a escritora, jornalista e veterana da Luta Armada de Libertação Nacional, Lina Magaia, vítima de doença.</div></ishort><div class="dataNoticia" style="text-align: justify;"> </div><div class="dataNoticia" style="text-align: justify;">Trata-se de uma mulher de várias facetas, que se destacou durante a vida em domínios como a escrita, cinema, desenvolvimento rural ou mesmo como combatente da libertação do país do jugo colonial. Lina Magaia, que não gozava de boa saúde nos últimos tempos, encontrou a morte em sua casa, no bairro Triunfo, depois de ter ficado internada no Instituto do Coração durante a semana passada, segundo fontes familiares. Lina Magaia nasceu em 1945, em Maputo. </itext></div><div class="rightColumn02"> </div><div class="rightColumn02" style="text-align: center;"><strong><span style="color: red;">Em nome de jovens moçambicanos amantes da literatura e das artes no geral, o Movimento Literário Kuphaluxa, serve-se deste espaço para endereçar as mais sentidas condolências à família enlutada.</span></strong></div>
publicado por Revista Literatas às 05:44 | link | comentar

Literatura e independência de Moçambique


O País

i$="true" src="https://1.bp.blogspot.com/-R2bfXMCdr7w/Tgmui0lcHpI/AAAAAAAAAUo/T6nY467oBH4/s320/Independencia.jpg" width="320px" />
Foto: Blog-Mashamba

Moçambique comemorou os 36 anos da independência, conquistada cinco séculos depois do domínio português. Às 00h00 de 25 de Junho de 1975, Samora Machel, primeiro presidente moçambicano, proclamou a “independência total e completa” do país.

Introdução

As literaturas africanas de língua portuguesa têm procurado,   conscientemente ou não, uma relação equilibrada com as influências deixadas pela presença dos portugueses. Este processo pode ser chamado de descolonização, que é visível em várias formas nas  literaturas em questão. O processo também pode ser visto, tendo fases diferentes que são aqui apresentadas, com exemplos da literatura moçambicana.

Caminho da independência

A par de outras expressões culturais, a literatura pode em grande medida antecipar mudanças sociais. Em Moçambique, numa primeira  fase, aparecem expressões que discutem a condição dos colonizados,   como em Godido e Outros Contos, de João Dias (1952), que descrevem  a vida quotidiana dos negros, em Nós Matámos o Cão Tinhoso, de Luís  Bernardo Honwana (1964) e as que formam poemas de resistência cultural nos trabalhos de Noémia de Sousa e de José Craveirinha. Mas do panorama literário moçambicano a caminho da independência, também fazem parte os escritores de origem portuguesa que se arredaram destas questões. Assim, a literatura antecipa mudanças, discutindo temas que mais tarde se tornam centrais nas sociedades que lutam contra o  colonialismo. Trata-se da emergência de uma nova literatura que expressa a voz dos colonizados, de uma nova forma em relação à  literatura colonial que, nesta fase, e embora de forma subtil, pode ser  vista como uma plataforma onde as situações sociais são discutidas. Em relação às formas de expressão, é interessante considerar que os autores escrevem contos, e que o conto, ao contrário do romance, deve mais ao contexto da literatura oral do que à influência dominante da  tradição ocidental.

Em direcção ao equilíbrio

Nas últimas décadas têm-se discutido vários temas na literatura  moçambicana. Por exemplo, Ungulani Ba Ka Khosa, no seu Ualalapi (1987) discute o passado moçambicano e a personagem de Ngungunhane, mas também aponta críticas às políticas dos  primeiros anos da independência moçambicana. Por seu lado, Paulina Chiziane tem destacado a situação e vida das mulheres, bem como as  diferentes tradições existentes no país. Mia Couto ficou conhecido pelo uso criativo da língua portuguesa, inspirado na criatividade dos  contadores de histórias.
Pode considerar-se que a obra de Khosa marca uma nova pluralidade cultural no contexto moçambicano. Ele e vários outros escritores e poetas questionam a uniformidade da poesia de combate. Tanto o colonialismo como a luta anti-colonial começam a ter menos peso e mesmo nas obras que discutem o passado, o foco passa a incidir sobre a situação actual. Escritores, usando a língua que antigamente era  europeia, expressam realidades do seu país, recuperando as tradições,  conhecimentos e valores que ficaram na sombra do colonialismo e eurocentrismo.

Conclusão

Sendo assim, o lugar da herança portuguesa é posto em causa, questionando-se a superioridade cultural europeia e avivando-se as culturas locais e a tradição oral. Sendo possível ver que a literatura antecipou a independência, é possível pensar que ela também pode antecipar e discutir as relações actuais e futuras  entre as ex-colónias e a ex-metrópole. Neste processo, é possível ver-se uma “provincialização” de Portugal ao nível cultural, político e epistemológico. Este processo também pode oferecer novas  perspectivas para a cultura lusófona em geral e para a cultura  portuguesa.
*Texto adaptado do original “A Herança Portuguesa e a Literatura Moçambicana”, de Ana Poysa
publicado por Revista Literatas às 04:36 | link | comentar

Os Tempos

Japone Arijuane – Maputo

Os tempos mudam na mudança dos tempos
Só a mudança faz-nos crer que são outros tempos
Os tempos vão e não voltam mais
Uns ficam com o tempo, e não voltam
Outros ficam no tempo que não volta
Os tempos trazem mudanças para quem quer mudar
Só terá  novos tempos quando se mudam os velhos tempos
publicado por Revista Literatas às 04:07 | link | comentar

É para isso que sirvo?

Nelson Lineu - Maputo

Tenho que apreciar a vaidade da cobra
o cinzento do sol
ser como pedra , ir para onde me lançam?

é para isso que sirvo?

se estiver com flores
é no cemitério
se riu é de mim mesmo
se danço, canto é um momento de tristeza

oiço dizer
que todos habitantes do mundo
tem uma missão, a minha é submissão.
publicado por Revista Literatas às 04:04 | link | comentar | ver comentários (2)

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