Sexta-feira, 23.09.11

Relançado “Sangue Negro” de Noémia de Sousa

Na data em que a poetisa completaria 85 anos, 20 de Setembro de2011, aMarimbique reeditou “Sangue Negro” de Noémia de Sousa e proporciona-nos uma leve caminhada pelos corredores do tempo, ou melhor, da história, da revolta e da emoção.

 

Noémia de Sousa abraçado pelo Craveirinha

“Nossa voz ergue-se consciente e bárbara/ Sobre o branco egoísmo dos homens/ Sobre a indiferença assassina de todos”. Noémia de Sousa não poderia ter um interessante poema para dedicar a José Craveirinha, seu velho companheiro dos piqueniques que traçavam as linhas nacionalistas na última metade da década de 1950.

 

O poema “Nossa Voz”, que abre o livro “Sangue Negro”, lançado ontem em Maputo, na sua segunda edição – desta vez pela Marimbique – prepara-nos para um regresso à história, mas sem abandonar as fundamentais e humanas bases de actualidade que sempre compuseram Noémia de Sousa. Nelson Saúte, que assina o prefácio do livro, nunca escondeu esse profundo sentimento pela senhora que uma vez inspirada pelo spiritual ongs dos negros da América brandaria em versos “deixem passar meu povo”... Escrevíamos que Nelson Saúte nos prepara para esse regresso ao tempo que de que falávamos. Primeiro, ele assume-o ao postar a começar um conselho de José Craveirinha.

 

“Nelson: procura ser um fiel servo da memória de todos os tempos para que a tua voz se faça ouvir no teu tempo. E escuta com atenção o que te dizem as vozes de outras bocas, de outros mensageiros e as melodias de outras xipendonas. Então sentirás sobre os ombros o peso – o verdadeiro peso – de um genuíno legado, o legado do teu amanhã em que dirás com toda a humildade: ‘Sou um homem de ontem mas não me neguem um lugar de repouso nos céus do vosso Hoje.”

 

publicado por Revista Literatas às 17:17 | link | comentar | ver comentários (1)
Sábado, 17.09.11

“Pelas águas mestiças da história”

- Uma leitura de “O Outro Pé da Sereia”,  de Mia Couto

 

Eduardo Quive - Maputo

 

De tese de mestrado em Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense no Brasil, Luana Antunes Costa, agora doutoranda em estudos comparados de literaturas de língua portuguesa, transformou o livro do consagrado escritor moçambicano, Mia Couto, “O outro Pé da Seria”, em um ponto de partida para a questão da mestiçagem.

 

Pela naturalidade da autora brasileira, podia-se logo a prior se imaginar o termo mestiçagem no mundo em que vive, sim, isso conta, mas conta principalmente a visão universal que Luana tem sobre as questões da raça, por isso o atrevimento de intitular a sua obra em que faz uma leitura do livro de um dos maiores escritores moçambicanos em “Pelas águas mestiças da história”.

Na obra, Luana Antunes Costa, que prefere ser tratada de professora do que escritora, justifica o seu encontro com o romance que é feito por um moçambicano a relatar acontecimentos nacionais, pelas vivências da terra brasileira sobre a questão das raças. Aliás, no debate a professora levanta através desta obra, o facto de que na sua terra reina um silêncio sobre o racismo e a desigualdade com que é tratado o negro, sendo por isso que usa a expressão “Mestiçagem” no livro.

Pode-se concluir (impossível) que neste livro, mais do que ler, Luana, faz provocações a sociedade brasileira, e diga-se a africana também, para um olhar sobre as vivências, atitudes e acções do quotidiano no que diz respeito à questão das raças.

“Acho que raça ficou uma palavra maldita, não se fala hoje. Existem metáforas. Vou falar de étnico. Agora a moda é o étnico. Vão usar outras palavras no lugar de raça. Quando estava a pesquisar esse romance de Mia Couto, a primeira coisa que me veio foi o que eu identifico ser um discurso da mestiçagem, que é um entre cruzamento das culturas, dos povos, das línguas, o conhecimento que se vai aprendendo com o outro nas trocas. Acredito que em “O Outro Pé da Sereia” é isso que está muito forte nesses encontros”. Considera a autora.

Por outro lado Allan da Rosa, também brasileiro, lançou no evento que teve lugar na Associação dos Escritores Moçambicanos, os livros “Zagaia”, “Vão” e “Da Cabula”.

De referir que os académicos Luana Antunes Costa e Allan da Rosa, se encontram em Maputo, para dentre várias actividades, realizar um intercâmbio cultural no âmbito do projecto “Brasilidades Africanas” realizado por estes e o Movimento Literário Kuphaluxa.

Já à passada, estes vem realizando várias actividades com o Kuphaluxa, com destaque para o Workshop sobre as Literaturas Africanas no Brasil, a exibição de filmes que retratam a cultura afro no Estado Brasileiro, e ainda uma mesa de debate sobre a Literatura Moçambicana e Brasileira na (AEMO), com um painel constituído pelos académicos Luana Costa e Allan da Rosa – Brasil, Juvenal Bucuane, Lucílio Manjate, Aurélio Furdela, Sangari Okapi e Clemente Bata – Moçambique.

publicado por Revista Literatas às 11:57 | link | comentar | ver comentários (1)

"Mitos: histórias de espiritualidade" - Escrever para desvendar mistérios do além

Eduardo Quive - Maputo

 

É o seu décimo primeiro livro, primeiro foram os contos em “Xitala-Mati” obra publicada em 1987, seguiram-se, Magustana (novela-1992), “A Noiva de Kebera” (contos 1994), “A Rosa Xintimana” (romance 2001), “O Domador de Burros” (contos 2003), “Meledina ou a Estória duma Prostituta” (romance 2004), “A Metamorfose” (contos 2005), “Contos Rústicos” (contos 2007), “Contravenção, uma História de Amor em Tempo de Guerra” (romance 2008), Caderno de Memórias, Vol I” (contos 2010) e o recém lançado livro de prosa “Mitos – histórias de espititualidas” a que debruçamos neste artigo. 

Como se vê estamos a falar de Aldino Muianga, nascido a 1 de Maio de 1950, considerado um autor impossível de se prever o que vai lançar e quando o vai fazer. Mas há quem o tenta decifrar. Felipe Matusse e Nataniel Ngomane, escalam a vasta obra deste autor, este último indo mais longe, ao colocar ao lado de outras duas ilustres figuras da Literatura Moçambicana – Aníbal Aleluia e Paulina Chiziane. Estas comparações, surgem mesmo a propósito do novo lançamento de Aldino Muianga, da obra “Mitos – histórias de espiritualidade” – uma consagração deste escritor como um autor do além. Servindo-se do ser médico que o é por longos anos, para espreitar outras medicinas capazes de tratar outras doenças, que ascendem ao meio físico humano – o espírito. E assim navega, Muianga desta vez, em estórias curiosíssimas que se podem considerar da tradição moçambicana, mas que em algum momento, associam-se ao obscurantismo, mesmo que para uma considerável maioria, a valorize.

Aliás, mesmo sem querer esquivar do assunto em tratamento neste artigo, vale a pena recordar que a dias, quando se celebrava o dia da medicina tradicional, divulgaram-se dados que indicam claramente a associação dos moçambicanos á estes tratamentos, em cerca de 70 por cento.

Voltando ao assunto, Aldino Muianga, segundo estes estudiosos, vem demonstrar que é de facto um perito na matéria, de acordo, com o meio em que nasceu e cresceu (bairro Indígina, actualmente chamado Munhuana) e do trabalho que faz.

 

 

Escrita que revela a nossa identidade

 

Para Filipe Matusse, a quem coube a apresentação deste livro, Aldino Muianga é um autor no qual se revela a moçambicanidade e em “Mitos – histórias de espiritualidade” encontramos “uma nova proposta que aborda a nossa essência como seres humanos, por que nós somos seres que biológicos, sociais, espirituais e psíquicos. Então o Aldino Muanga neste livro, foi captar a dimensão espiritual e escorrer a volta dela.”

Matusse vai mais longe, ao considerar esta obra num “manual” em que se pode achar respostas daquilo que sempre quizemos saber como “porque é que existo, vale a pena realmente viver?” e conclui “é um livro que nos apazigua nos leva a um encontro nós próprios.”

Mas também, na óptica deste estudioso, Aldino Muianga é uma referência maior da nossa literatura e como médico/escritor, constitui uma figura que desbravou o caminho que muitos outros médicos seguem.

“Existe mais dois ou três médicos já com livros no país, mas ele foi o primeiro e todos estes o seguem. Quando ele publicou o seu primeiro livro em 1987, eu estava entrar na faculdade e já o tinha como referência.”

 

Um escritor comprometido com a causa da escrita

 

Por seu turno, o académico Nataniel Ngomane considera Aldino Muianga, como um escritor de grande dimensão, isto, porque tem um percurso e coerência na sua entrega na arte de escrever, facto que é comprovado pela sua vasta publicação literária.

Entretanto, Ngomane, explica que há grandes autores que se tornaram grandes apenas por um único livro, o caso de Luís Bernardo Honwana, mas este caso específico de Aldino, tem a ver com essa perseverança e entrega na escrita.

“Mas também é grande autor porque ele consegue fazer nos seus livros, aquilo que se quer que a literatura faça. Que é de alguma forma, mostrar muitos possíveis e aproveitar esses muitos possíveis para criar imaginários reais. E ele consegue.

Os textos de Aldino Muianga, particularmente aqueles em que retrata os subúrbios de Lourenço Marques (Maputo), consegue criar o imaginário real desses cenários.”

Nataniel Ngomane, compara Aldino Muianga com outros autores moçambicanos como José Craveirinha, Aníbal Aleluia e Paulina Chiziane.

Segundo o académico, há um elemento comum a todos eles que é o compromisso que estes têm com o País, ao trazerem por dentro dos seus textos as diversas realidades moçambicanas.

“Da forma como eles escrevem, embora cada um o faça da sua maneira, colocando-os juntos, nós percebemos que há, a partir desses autores, uma construção suficiente de um imaginário da nação, de um imaginário cultural, e esse imaginário acaba construindo nos leitores um imaginário da coesão nacional, portanto, a ideia da nação e duma identidade, isso por um lado.”

Mas quando fala de Craveirinha, Ngomane diz ser devido a um padrão de escrita e de um escritor, por isso que coloca tranquilamente o Craveirinha como padrão ao lado de escritor como Aníbal Aleluia, no caso particular da profundidade de tratamento de texto e do uso da língua portuguesa como é de expressão.

Contudo, a grande comparação do Aldino, é ao lado do Aníbal Aleluia.

“Não necessariamente o Craveirinha, porque os dois exploram antropologicamente o nosso mundo, trazem ao de cima, as nossas crenças, preocupações e inquietações. “Quando estou doente aonde vou? Vou ao médico ao hospital ou ao curandeiro? Alguém morre e tenho preocupações sociais, vou a campa de um familiar para poder sossegar o meu espírito. Isso é explorado por esses dois autores.”

As ideias de Nataniel Nogmane, que é professor de Literatura Moçambicana na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane, levam-no a comparar ainda o autor, com Paulina Chiziane, por que esta também explora a espititualidade.

Para além de não ser, Aldino Muianga, o primeiro a explorar os temas sobre a espiritualidade, o Aníbal já o tinha feito e agora, a Paulina também desenvolve esses temas. Estes são autores que exploram esse lado com mais veemência.

Mas, Ngomane avança outros nomes como Mia Couto, Ungulani Ba Ka Khosa e Suleimane Cassamo que entram nessas histórias. Tal como acontece com a Lília Momplé e Calane da Silva.

“Mas o Aníbal, Aldino e Paulina, exploram de uma forma mais profunda e em obras singulares. É isso que me faz os colocar juntos. Há várias linhas que colocam o Aldino Muianga ao lado de outros autores.”

 

Feitas estas análises, Ngomane conclui que estamos perante um autor de obrigatória leitura por que contribui para de uma imagem de Moçambique não só como País, mas uma imagem das crenças moçambicanas, hábitos, sonhos, preocupações, organização social, cultural e religiosa.

“É como se fosse um cartão postal, uma radiografia da nossa sociedade. E a vivência que ele tem no âmbito da medicina, como médico a receber doentes desde que se formou a mais de 25 anos é uma experiência fundamental, porque a partir daí ele pode construir várias histórias que reflectem de alguma maneira, o jeito de pensar desses pacientes.”

E reflectir isso nos textos é de acordo com o académico, uma forma produzir um desenho de Moçambique e é importante que nós conheçamos esse desenho para sabermos quem somos, para onde vamos e para onde nós queremos ir.

Por causa disso, a Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane (FLCS-UEM), tem no curso de Literatura Moçambicana, uma lista de textos literários moçambicanos para e dentro destes, está inclusa a obra “O Domador de Burros” de Aldino Muianga.

Mas a nossa fonte refere que a outros níveis mais acima, nós começamos a introduzir mais livros deste autor para que o estudante tenha um leque de escolhas e poder trabalhar com um deles.

“Mas já vínhamos fazendo isto com vários autores, como é o caso de Ungulani Ba Ka Khosa, Paulina Chiziane e Mia Couto, mas sentimos uma necessidade de ir introduzindo mais escritores no leque de escolhas de estudantes. Fazendo isso, damos uma grande oportunidade aos estudantes de ter várias escolhas, mas ao mesmo temos, estamos a valorizar institucionalmente os nossos autores. Todos nós conhecemos Machado de Assis, Fernando Pessoa, mas próprios nossos autores não conhecemos. É papel da universidade contribuir na divulgação desses autores.” Concluiu.

publicado por Revista Literatas às 11:51 | link | comentar

“Ninguém Matou Suhura”

Eduardo Quive - Maputo

 

Para Lília Momplé e os seus pais

 

“A felicidade jamais se alcançará definitivamente; é necessário conquistá-la dia a dia, com uma inabalável esperança no futuro, mas também com os ensinamentos do sofrimento passado.”

Lília Momplé, in “Ninguém Matou Suhura”

 

 

Lília Momplé, escritora moçambicana


 

Em Ninguém Matou Suhura, Lília Momplé nos remete a uma viagem sem retorno – primeiro pela forma active que descreve os acontecimentos, levando-nos a uma constante actualização dos acontecimentos.

Ontem, esta obra foi escrita por alguém cuja pela estava cansada da opressão, da impunidade, injustiça prevaricada por uma raça branca de estrangeiros, que já se tinham tornado donos de tudo. Falo-vos dos portugueses – concretamente – o relato do que “Aconteceu em Saua – Saua”, onde a autora ilustra os fatos datados de Junho de 1935 e a Abril de 1975.

  1. 1.     “Histórias que ilustram a estória”

«Ninguém Matou Suhura» não são apenas vives que a escritora nos leva a conhecer, mas trata-se de 5 contos – estórias que ilustram a história – relatados por quem as viveu e sentiu na pela, mais do que, por uma alma feminina que nos transmite, em cada parágrafo, alma de uma mãe que vive o calvário de ver seu filho atirado aos bichos.

Que não seja só por isso, até porque a esta obra, mais do que uma denuncia e desabafo dos macabros acontecimentos da era colonial em Moçambique, vem carregada de uma energia que a leva a renovar-se todos os dias, isto é, ler Ninguém Matou Suhura, é ter em si, o poder da escrita e em mão, uma verdadeira narrativa realista com dimensão única entre nós.

Ninguém Matou Suhura, é a consagração, logo a primeira, da Lília Momplé como uma verdadeira contadora de estórias em volta da lareira – Xitiku Ni Mbaula – pela objectividade da sua obra, mas pela eficiência do seu domínio da palavra, não deixa de criar uma convulsão para antes de nos passar a mensagem, fazer com que participemos das suas emoções.

Se bem que na literatura Moçambicana, pelo menos lançando um olhar para a presença feminina muito pouco nos é fornecido em termos livros, e da sua geração menos ainda.

Ilustrar a história através deste livro foi a chegada em peso, de uma mulher nas artes escritas, depois da reconhecida “ menina corajosa” Noémia de Sousa que inspira gerações, aliás, embora esta ter se destacado por ilustrar a história com a poesia, pode-se considerar a Lília Momplé, mais um braço direito na continuidade desta linha, mas de um jeito mais atrevido, ao ter pautado pelos contos.

 

  1. 2.      Contos para arrepiar

 

 

publicado por Revista Literatas às 11:26 | link | comentar
Quarta-feira, 31.08.11

CARTOGRAFIA DO ECOAR E DO MIAR DO COUTO OU COMO VI AJAR COM AS 24 (C)OBRAS DO MIA COUTO

Amosse Mucavele - Maputo

 

Sobre a nossa a Terra disse que ela é Sonâmbula: com muita razão, sabem porquê?

-Porque ela não dorme fica dias e noites de mãos estendidas ao exterior a pedir esmola.

Amigos, num país visto como pobre os dirigentes são tão ricos! trocam de carros de luxo e gozam de mordomias , mas não tem nem se quer um livro na cabeça.(preocupante não é)

Por isso que digo as nossas elites são incultas (vendem a nossa terra a 30 dinheiros)

Além de tudo que acima croniquei, vejam só o profeta deu-lhes a porção, dada a incompetência deles fizeram tudo ao contrário, deram os venenos ao Deus e os remédios ao Diabo, nestes últimamentes nós o povo, encontramo-nos na berma de nenhuma estrada, sabem, sem onde guardar as nossas súplicas, sem onde pedir clemências, pois o Senhor Deus exilou-se na terra onde reside o Homem que lhe salvou da morte (por envenenamento perpetrado pela nossas elites) dando-lhe antídoto.

Quem me dera lá estar com eles debaixo daquela Varanda do Frangipani, a ouvir os Contos do Nascer da Terra.

Do que estar nestas Cidades dos partidos políticos com idades seculares no Governo, e onde os seus dirigentes consideram-se Divindades.

Eu cansei de viver neste País do Queixa Andar, vou-me embora, com um fio amarrado no pescoço (sei que Missangas não me faltarão), pelo caminho irei folhear as páginas desta Casa Chamada Terra e irei remar contra maré deste Rio Chamado Tempo.

Chegado a Uma Terra Sem Amós, constato que algo mudou, a aldeia cresceu, já são Vinte as Casas de madeira e Zinco. Mas ainda continuamos no Escuro e o Gato Abensonhado pressagia as Estórias do velho.

Alguém disse o velho está a morrer, o Gato não parava de tocar o Ritmo do presságio:

Retorquiu de novo-a biblioteca esta a arder.

-E eu nos meus Pensatempos confusos, surgiu-me a seguinte a pergunta? Como hei-de o ajudar?

-Pensei na Princêsa Russa, cortei a ideia porque a neve não pode extinguir as chamas, continuei neste pensaraltivo, afinei os meus Silêncios, dentro de mim uma voz uivava “Vou ficando do som das pedras. Me deito mais antigo que a terra. Daqui em diante, vou dormir mais quieto que a morte¹.”Pego no machado, pelo caminho vou Traduzindo esta Chuva que molha os ramos da minha alegria, de nada vale continuar aqui, mas, antes partir deixem-me descolar a Raiz do Orvalho.

Alguém disse - Ah, de nada resultará. De repente as Vozes Anoiteceram, era o início da Chuva Pasmada.

E agora vou me embora mesmo “a procura da outra Pátria esta não me pertence²”, pois O Mar Me Quer, é no mar onde vou pescar o meu sonho de se tornar noutro Pé da Sereia, caso não consiga concretizar este meu sonho, procurarei outra maneira de partir, assim sendo tornar-me-ei no Pensageiro Frequente deste Último Voo do Flamengo que me levará até a Jesusalém.



Glossário

1-Mia Couto in A Varanda do Fragipani

2-Celso Manguana in Pàtria Que Pariu

3-todas palavras a negrito fazem parte do acervo bibliográfico do autor acima referido -Princêsa Russa conto que faz parte do livro Cada Homem é Uma Raça. E outros livros

-No meu País tem um provérbio que diz - um velho que morre é uma biblioteca que arde.

-O gato e o escuro, Cronicando

- Estórias abensonhadas

-O fio das Missangas,....e outros ficam sob alçada do leitor, beijooooos.

publicado por Revista Literatas às 13:22 | link | comentar | ver comentários (2)

Cidade dos Espelhos

Uma “Novela Futurista” de João Paulo Borges Coelho a ser lançada nesta quinta-feira as 18:00 horas no Instituto Camões em Maputo

Luís Carlos Patraquim

 

Deixemos delado a blague, para despistar, sobre a novela futurista, sub-título do autor a esta sua e nossa, por mérito dele, “Cidade dos Espelhos”

No princípio é a estranheza. Deixemos de lado a blague, para despistar, sobre a novela futurista, sub-título do autor a esta sua e nossa, por mérito dele, “Cidade dos Espelhos”. Como nos ensinou Sherlock Holmes, as primeiras evidên­cias são, a mais das vezes, o engodo para a fulguração final da razão omnisciente que, sob a trama de enganos, falsas pistas, equívocos, repõe a ordem de um percurso, apazigua a intencional e prazeirosa perturba­ção de um mundo. Saudoso opti­mismo positivista que a incerteza apartou do nosso convívio.

publicado por Revista Literatas às 11:46 | link | comentar
Quinta-feira, 25.08.11

Pão Amargo

Finalmente chega um livro para a indústria dramaturga. Guilherme Silva é que escreve a obra “Pão Amargo”

Um livro de teatro como não surge há muito nas prateleiras das livrarias nacionais é a sugestão de Guilherme Afonso e sua editora, “Alcance”, em “Pão Amargo”. Nesta obra, o autor vai buscar pequenos detalhes da vida desta sociedade que é a moçambicana.
Este é um país de actores – de dramaturgos também. A frase pode não ser nova e já deve ter cansado, mas quando se volta à criatividade teatral em termos de produção de livros parece ganhar um outro sentido. Quando Lindo Lhongo, para alguns a maior referência da dramaturgia nacional, lançou “O Lobolo”, criou-se por momento um pequeno debate sobre a ausência de livros de peças teatrais.
A par da poesia e prosa – ou romances – existiu sempre uma clandestina vaga de dramaturgos, mas poucos fizeram a aventura em livro. Podíamos recolher belas peças de teatro nacionais que foram seguindo o seu crescimento, entre adaptações como “Mestre Tamoda”, de Neto Mondlane, até linhas impressionantes de “Aldeias dos Mistérios” de Dadivo José. São nomes que aparecem assim ao alto, mas podemos buscar tantos outros que não aparecem em livro.
Pão Amargo
Mas, contra a corrente, Guilherme Afonso, que chegou a Maputo – ou é melhor dizer Lourenço Marques – em 1959 para ingressar no Corpo de Polícia, curiosamente no período em que se elevava a literatura nacionalista, oferece-nos “Pão Amargo”, que sai pela Alcance Editores.
Há muito que Guilherme Afonso está na literatura, tendo aparecido em 1988 com o livro de contos “Circuito”, pela Associação dos Escritores Moçambicanos, e com poemas em “Memória Inconsumível”, pela Imprensa Universitária.
Em “Pão Amargo”, aborda a problemática social, começando pela confusão nas filas de “chapa”, como quem nos lembra que a partida para a vida começa numa paragem.
Esta é a imagem que nos salta à vista quando começamos a folhear o livro e nos deparamos com este diálogo que acontece na paragem:
“MULHER
- Eh! Senhor... O seu lugar não é aqui. Chegou agora e quer ficar à frente! O que é isso?...
INDIVÍDUO INTINTINTERPRPELADO
- Ora essa! Quem é que lhe disse isso? A senhora está muito enganada...”
Este diálogo decorre perante a passividade dos outros passageiros, o que desencadeia a ira da senhora devido à incapacidade das pessoas de reagirem perante actos anormais. Este “Pão Amargo” é uma história da vida
publicado por Revista Literatas às 12:58 | link | comentar

A Revista Literatas

é um projeto:

 

Associação Movimento Literário Kuphaluxa

 

Dizer, fazer e sentir 

a Literatura

Julho 2012

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

pesquisar neste blog

 

posts recentes

subscrever feeds

últ. comentários

Posts mais comentados

tags

favoritos

arquivo

blogs SAPO