“Ninguém Matou Suhura”

Eduardo Quive - Maputo

 

Para Lília Momplé e os seus pais

 

“A felicidade jamais se alcançará definitivamente; é necessário conquistá-la dia a dia, com uma inabalável esperança no futuro, mas também com os ensinamentos do sofrimento passado.”

Lília Momplé, in “Ninguém Matou Suhura”

 

 

Lília Momplé, escritora moçambicana


 

Em Ninguém Matou Suhura, Lília Momplé nos remete a uma viagem sem retorno – primeiro pela forma active que descreve os acontecimentos, levando-nos a uma constante actualização dos acontecimentos.

Ontem, esta obra foi escrita por alguém cuja pela estava cansada da opressão, da impunidade, injustiça prevaricada por uma raça branca de estrangeiros, que já se tinham tornado donos de tudo. Falo-vos dos portugueses – concretamente – o relato do que “Aconteceu em Saua – Saua”, onde a autora ilustra os fatos datados de Junho de 1935 e a Abril de 1975.

  1. 1.     “Histórias que ilustram a estória”

«Ninguém Matou Suhura» não são apenas vives que a escritora nos leva a conhecer, mas trata-se de 5 contos – estórias que ilustram a história – relatados por quem as viveu e sentiu na pela, mais do que, por uma alma feminina que nos transmite, em cada parágrafo, alma de uma mãe que vive o calvário de ver seu filho atirado aos bichos.

Que não seja só por isso, até porque a esta obra, mais do que uma denuncia e desabafo dos macabros acontecimentos da era colonial em Moçambique, vem carregada de uma energia que a leva a renovar-se todos os dias, isto é, ler Ninguém Matou Suhura, é ter em si, o poder da escrita e em mão, uma verdadeira narrativa realista com dimensão única entre nós.

Ninguém Matou Suhura, é a consagração, logo a primeira, da Lília Momplé como uma verdadeira contadora de estórias em volta da lareira – Xitiku Ni Mbaula – pela objectividade da sua obra, mas pela eficiência do seu domínio da palavra, não deixa de criar uma convulsão para antes de nos passar a mensagem, fazer com que participemos das suas emoções.

Se bem que na literatura Moçambicana, pelo menos lançando um olhar para a presença feminina muito pouco nos é fornecido em termos livros, e da sua geração menos ainda.

Ilustrar a história através deste livro foi a chegada em peso, de uma mulher nas artes escritas, depois da reconhecida “ menina corajosa” Noémia de Sousa que inspira gerações, aliás, embora esta ter se destacado por ilustrar a história com a poesia, pode-se considerar a Lília Momplé, mais um braço direito na continuidade desta linha, mas de um jeito mais atrevido, ao ter pautado pelos contos.

 

  1. 2.      Contos para arrepiar

 

 

publicado por Revista Literatas às 11:26 | link | comentar