ODE À AMÉRICA DO SUL

Jorge Tufic - Brasil                                          

 

 

Que o boné de Pablo Neruda

e a lágrima fluvial de Santos Chocano,

e o grito de Allende

(enquanto os fuzis do terror e do medo

repetiam o massacre da liberdade),

venham flocar este chão consagrado

por tantos modos e cantos diferentes,

oh América do Sul.

Os cravos de tuas noites mergulham

na plumagem das Cordilheiras,

e os ramos da paz que te ilumina

e o relincho das pedras que desenham

bisontes e tempestades,

pousam como fósseis alados

em tuas crinas de esmeralda.

De Santa Marta à Terra do Fogo

tuas espigas rebentam colares de jade

e cintilam nas máscaras de ouro

roubadas aos templos do sol

e às pirâmides da lua.

E ao sopro nativo da flauta

exilada entre colméias,

um tesouro de vasos, borboletas

e animais de uma fauna imaginária,

sacode o pó da argila e do granito

em suaves movimentos.

Atlantes e Laoccontes

vigiam tuas muralhas indormidas,

mas deixam livres as fronteiras do sonho.

 

publicado por Revista Literatas às 14:21 | link | comentar | ver comentários (2)