AS MARGENS DA NAÇÃO NA POESIA DE SANGARE OKAPI E HELDER FAIFE

Jessica Falconi
Università degli Studi di Napoli
“L’Orientale”- Itália
CES - Portugal
RESUMO:
O artigo propõe uma leitura de Mesmos barcos, de Sangare Okapi (2007), e Poemas em sacos vazios que ficam de pé, de Helder Faife (2010), como exemplos de evocação de algumas margens da nação moçambicana no pós-independência.
PALAVRAS-CHAVE: Poesia moçambicana; Sangare Okapi; Helder Faife
Pensar nos lugares da nação tem sido, e continua a ser, uma das práticas centrais nas literaturas surgidas em contextos de dominação colonial, na medida em que o espaço físico da nação, com todas as suas fronteiras, internas e externas, se faz “significante” de um conjunto de questões que envolvem processos e fenômenos de inclusão e exclusão, conflitos identitários que remetem para múltiplas memórias, histórias e diásporas. É através da evocação dos lugares que, de fato, também se recuperam heranças culturais e histórias outras, apagadas ou marginalizadas, pelas narrativas coloniais, e/ou pelas novas narrativas nacionais, questionando-se conceitos de pertença, autenticidade, cidadania. A metáfora do “mapa” é, de fato, frequente nas literaturas pós-coloniais, enquanto estratégia que, a partir das margens, questiona e reformula as lógicas de inclusão e exclusão, reconfigurando as relações culturais e identitárias (HUGGAN, 1995, p. 407). Nessa perspectiva, os lugares da nação proporcionam também um terreno para se equacionarem, de modo crítico, as continuidades e descontinuidades entre passado e presente, no intuito de continuar a imaginar e criar múltiplos futuros possíveis.
publicado por Revista Literatas às 08:13 | link | comentar