Quando Cronico - Ando
Mauro Brito - Maputo
Antes de iniciar a minha empírica dissertação, agradecer a mim mesmo por ter a coragem de me ensaiar numa escrita de opinião de leitura, não se trata de um ensaio literário, tampouco de um ensaio sobre obra alguma.
O que trago nesta bandeja de palavras, são apenas opiniões e pensamentos sobre a leitura que desembrulhei na obra “Cronicando” do escritor moçambicano Mia Couto, que encontrei numa livraria das esquinas. Olhando o título me sobressaltei de orgulho, como pode-se cronicar? Em que maneiras? Veremos. Recolhi a obra para as minhas mãos.
Tratava-se da segunda edição do “Cronicando”, em que o escritor trás as situações que o País tem enfrentado. “ Não se pode perder posse de um tempo que é nosso”. Diz o autor.
No “Cronicando” desde “ A carta, O homem com um planeta dentro & Gentipo, suas gentis poeiras”, andei errando por elas, de noite e de dia, serrado e semi-serrado com os olhos e alma, não podia deixar de lê-las um dia sequer, mesmo que o quisesse, era como uma espécie de antídoto, para o acordar do dia seguinte.
As situações são reportadas em forma de palavra, como que uma prenda para o leitor, mesmo que não assíduo, “(...) ela sofria doença do chão, mais e de mais se deixando nos caídos/ Me entregava o papel marrotado. Dobrado em mil sujidades”
Ao longo da leitura dos textos fui descobrindo que quando cronicava as mesmas crónicas, isto é quando as lia, andava mais alguns metros de sabedoria e redescoberta do país em que vivo e que me viu nascer; o tempo em que foram lavradas as redigidas (1982), ainda a poeria da guerra lavrava sofrimento por onde passava, mas os mesmos ainda encaixam-se nas realidades que vivemos hoje. Concordo quando o dizem que os escritores quando exercem a escrita, no momento de construção, são também como futuristas na forma quando escrevem pois chegam a prever acontecimentos de uma terra, de um tempo, de uma geração.
Muitas das situações aqui trazidas sequer tem um autor, alguém a quem lhe podem pendurar o cartão de culpa, nem tampouco mandatários ou cumpridores, os problemas assim nessa inocência, não há necessidades de haver culpados, para que? Se nem a justiça aqui faz-se presente, também não tem quem lhe apoie, tudo isto como se o ovo chegasse primeiro que a galinha. “Cronicando” é uma visão e percepção das realidades do país, talvez quem for a lê-lo poderá aperceber-se das suas fragilidades, e depois construir um novo pais que ainda esta em construção, como diz o autor da obra talvez daqui há algumas décadas as crónicas nos ajudem a revisitar um período da nossa história