Quarta-feira, 12.10.11

O Bebé que nasceu do aborto

Dany Wambire - Beira

 

Estava assim, secretamente, decido: a Mandoessa, só e somente anicharia um feto no seu ventre caso a sua mãe desejasse. Tinha sido essa forma ― a de adiamento de gravidezes das suas filhas com recurso a plantas medicinais e com incomensurável auxílio da sua nyanga ― encontrada pela Mazalari, a progenitora da Mandoessa. A Mazalari é que era a responsável pela engravidamento da sua própria filha. Pouco valia, portanto, o período fértil da filha e a potencialidade do homem que se enroscaria nas mais profundas entranhas da sua filhinha.

Afinal de contas, tinha sido esta a pretensão da Mazalari aquando da vacinação tradicional da sua descendente: evitar uma gravidez indesejada e, consequentemente, um parto igualmente indesejado. Pois, de acordo com os costumes locais, uma mulher que já se tinha engravidado alheiamente reunia condição para não vencer um posterior casamento. Assim se pensava, assim se cumpria quase por todo regulado.

Mas a Mandoessa estava distante de se precaver desse perigo. Ela se considerava imune, protegida pelas mais pesadas raízes contra gravidezes na região. Dizia que a sua mãe foi muito atenciosa no momento que ela ameninava. Lhe tinha dado banho com água purificada com mitchi duma respeitada, secreta e inominável planta do regulado. Até ela se gabava, garbosa:

― Eu posso fazer sexo de um a trinta de cada mês sem preservativo e nunca esses homens me con­seguirão engravidar!

Na verdade, essa confiança em demasia na vacina a si aplicada aquando da sua meninice fez com a Mandoessa se entregasse de modo descuidado nos braços de qualquer homem, disposto a desfrutar o seu belo e vulgarizado corpo em acesas e apetitosas relações sexuais. Talvez foi por essa via que ela contraiu vírus de HIV, diagnosticado mais tarde.

Todavia, uma dose de entristecimento dedicara uma visitação à vida da Mandoessa por dilatado tempo. Tinha morrido a Mazalari, mãe da Mandoessa, sem conceder aos companheiros da vida um aviso prévio. No entanto, não era simplesmente a morte da velha Mazalari que fazia a Mandoessa acomodar entristecimentos. Era igualmente o facto da já perecida mãe possuir a chave que abria o seu ventre a anichar novos seres. Sim, tinha morrido a controladora do seu ventre.

De resto, a partir dessa altura continuou a se entregar aos homens de modo banal, e desprovida de esperança de um dia seu corpo constituir o berço de qualquer criatura, visto que, não conseguiria des­activar a vacina que lhe havia sido aplicada. Mas para o espanto de muitos, a Mandoessa ficou grávida de três meses logo após a morte da mãe. E nasceram mais inesperadas conclusões das pessoas que assistiam o sucedido. Uma delas, chegava a dizer:

― A mãe tinha pedido à nyanga que a sua filha devia engravidar logo após ao seu físico desapareci­mento.

Ora, o aparecimento a gravidez no interior da Mandoessa, trouxe dois sentimentos opostos, o de satisfação e de insatisfação. Estava satisfeita porque desvendou fertilidade das suas interioridades. E ficou, igualmente, insatisfeita porque a gravidez apareceu sem que ela soubesse o co-autor do feto que jazia no seu ventre. Isto porque ela admitia para o coito sexos opostos de modo descontrolado, numa autêntica promiscuidade sexual.

Foi mais forte, todavia, o segundo sentimento, o de insatisfação. A Mandoessa, portanto, entendeu que o bebé que ela inconscientemente admitira não mais devia continuar protegido no seu ventre. Então, decidiu preparar uma porção de muquina, fármaco que na região acreditavam expulsar precocemente os fetos de todos ventres.

De facto, no dia ulterior, a Mandoessa se estendeu no escasso espaço do quarto de banho. Depois, engoliu a porção do fármaco tradicionalmente preparado para facilitar abortos. Esperou, de seguida, que o seu ventre reagisse ante a acção desta muquina. Com efeito, em rápidos minutos o bebé estava saindo ― ela esperava que fosse morto. Mas o bebé não saiu completamente. Ficaram encravadas lá no seu interior os fragmentos inferiores do petiz, nomeadamente as pernas. E foi o próprio bebé que deu conta deste erro à fracassada infanticida, chorado de modo ininterrupto.

Os choros, de facto assustaram a Mandoessa, pois não esperava a vida desta criança. A criança ou o feto devia nascer morto, pronto para arremessado na latrina próxima. Ficou aflita. O problema prescin­dia as suas capacidades. Teve que solicitar uma enfermeira que de instantâneo veio segurar a vida da criança. E nascia assim a Diolinda, de forma não programada. Ademais, constatou que gravidez que a Mandoessa carregava era já de sete meses, razão pela qual bebé estava relativamente feito, acabando por completar os restantes meses no berçário.

_______________________________

Dany Wambire (pseudónimo de Danito Gimo da Graça Avelino). Nasceu em 1 de Junho de 1989, no distrito de Manica, província de Manica (os seus pais são todos da província de Sofala). Tornou-se órfão bastante cedo, de pai aos 10 anos, e de mãe aos 12 anos. Desde então cresceu sob custódia da sua tia (Cristina Oliveira Garanhe Massora, irmã mais velha da sua mãe). Em 2008 tornou-se professor no distrito de Machanga, sul da província de Sofala, depois de formado pelo Instituto Nacional de Educação de Adultos – Beira (2006-2007). E foi lá onde começou a escrever, como forma de divertimento e para amparar-se dos vícios. Portanto, escreveu lá o seu primeiro livro (inédito), intitulado sugestivamente “Peripécias do Regulado de Esteve”, que tem alguns textos publicados pelo jornal OPaís e OPaís Online, desde Março de 2011.

Actualmente sou professor numa escola primária completa, algures na cidade da Beira, e estudante no 2º ano do curso de História, na UP-Beira.

publicado por Revista Literatas às 13:31 | link | comentar
Quarta-feira, 27.07.11

Nkaringana wa Nkaringana...

Xiguiana da Luz - Maputo

 

O meu avô contou-me uma estória em volta da lareira, em changana, chamado Xitiku Ni Mbaula, falou-me do misterioso Ngungunhane, o último Imperador de Gaza, homem de tamanho assustador, grandeza dos deuses, algo inexplicável entre os humanos. Gordo, barrigudo, barbudo, cheio de banhas e manhas que o faziam ngungunhar por todas terras do vasto império. Tinha tudo quanto queria.


O meu avô alongava e dramatizava o quanto podia. Secundado pela minha mãe. Tudo ka xitiku ni mbaula. Em volta da fogueira. E foi prosseguindo. Um dia os portugueses invadiram o império. A sua dinastia estava ameaçada. Tinha mandado os homens mais fortes que lhe serviam de guarda vital, para caçar uma e única andorinha que lhe lançou uma cagadinha enquanto esticava a sua barriga em baixo dum Mpama.

 

publicado por Revista Literatas às 11:02 | link | comentar
Terça-feira, 26.07.11

Demência

Geraldo Lima - Brasil

 

 

Do umbigo do tempo até este presente, despraticando a circunspecção da linguagem, obscurecendo-a luminosamente, discursando para o nada. Sem um interlocutor à altura da sua retórica fantástica, seu exercício de semear o incomunicável, seu despir-se de todos.

 

Dizem no bojo do máximo espanto: alimenta-se da carne das palavras, umas com o estranho poder de eternizá-lo. Creio nesse mistério também: o modo como o tempo o tem poupado reforça a crença. Petrificou-se. Divinizou-se. Aere perennius. Não adoece, não envelhece, não carece de ninguém. A solidão é, portanto, sua trincheira absoluta. Onde o real ergue muros, lá ele principia sem limites.

 

Sempre consigo mesmo, inacessível. Desavença constante com algo que inexiste. Aparentemente.  Basta entender que o que para ele existe, existe imenso. Olhos comuns assim, dados ao mínimo, nada penetram, nada discernem.

 

Dizem, no entanto, ávidos de clareza: espíritos mandam nele.

publicado por Revista Literatas às 09:26 | link | comentar
Sexta-feira, 15.07.11

Malês

Geraldo Lima - Brasil
 

Pelas ruas de São Paulo, seguindo-a. Um negro em seu encalço. Assustada? Passos lépidos, ancas envolventes: uma princesa nagô, sem dúvida alguma. 

 

— Luíza Mahim. Senhora Luíza Mahim! 

 

Aproveitou a multidão e estacou. Uma princesa nagô, não tenho dúvida. 

 

— Que merda é essa! Não me chamo Luíza... 

 

— Mahim... Luíza Mahim, mãe de Luiz Gama...  

 

Perplexa. Querendo entender e não podendo. 

 

— Lembra-se dos malês? O Recôncavo Baiano, o quintal da sua casa... 

 

Já havia virado as costas, aborrecida. Fez assim com uma das mãos, como se dissesse: cada maluco que me aparece. 

 

Não a segui mais. Que se fosse, desconhecendo quem realmente era. Havia outras. Mais dia menos dia, uma se apresentaria diante de nós, uma princesa nagô: 

 

— Senhores, é por aqui. Eis o meu quintal... Vamos começar tudo de novo.
 

 


 

 

Geraldo Lima é autor dos livros A noite dos vagalumes (contos, Prêmio Bolsa Brasília de Produção Literária, FCDF), Baque (contos, LGE Editora/FAC), Nuvem muda a todo instante (infantil, LGE Editora),  UM (romance, LGE Editora/FAC), Tesselário (minicontos, Selo 3 x4, Editora Multifoco, 2011) e Trinta gatos e um cão envenenado (peça de teatro, Ponteio Edições, 2011). É colunista dos sites: O BULE www.o-bule.com e Portal Entretextos www.portalentretextos.com.br e do Jornal de Sobradinho http://emicles.blogspot.com/; Colabora com o Jornal Opção, em Goiânia, GO, e com a revista TriploV www.triplov.com. Mantém o blog BAQUE www.baque-blogdogeraldolima.blogspot.com.br email: gera.lima@brturbo.com.br Twitter: @gerassanto.com    
publicado por Revista Literatas às 06:10 | link | comentar
Sábado, 09.07.11

Dark Saga ll

Samuel da Costa - Brasil
                                                                 Para Aristides Sousa Maia
Não há nada de novo no front. Somente aquela velha guerra suja, subterrânea & covarde
             E uma triste constatação, que você deveria estar ao meu a lado, mas não está. Sou eu aldeia
                  Sou eu árvore...sou eu selvagem...sou eu livre...sou eu caído e derrotado...Tentando constatar o óbvio...Não há nada de novo no front...Somente aquela velha guerra suja, subterrânea & covarde...Que não acaba...E deveria acabar...Mas que já acabou...Mas não acaba...Que deveria ter acabado...Sou eu caído e derrotado...Constatando o óbvio. Que não há mais guerras para lutar.
Martiniano em seu íntimo relutava em aceitar a sua nova realidade, aquela rotina diária, mas o fato era que estava se habituando a ela. Estava se habituando à espera, às vezes breve com um raio, outrora demorada, como seu o tempo pairasse no ar. Às vezes de dia, outrora à noite, a chuva e o sol, o calor e o frio e por fim fome e a fartura. Mas uma coisa não mudava em absoluto, era cheiro de sangue, a pólvora queimada e o barulho de espada que se digladiavam no ar. O desespero de alguns e o ódio de outros, e ter que olhar nos olhos do inimigo e ele aos seus enquanto o matava. E pergunta do porquê de estar ali não lhe saía da cabeça, mesmo que promessas de liberdade lhe foram dadas pelo coronel Freitas ao se juntar a sua tropa. E era também um fato o seu novo hábito de manusear armas de fogo. Por um esfarrapado uniforme militar, e ter que matar os ‘’Caramurus’’, para quem estava habituado a caçar animais no velho mundo. Caçar com as mãos e se defender com as mãos, eram coisas muito distantes de sua realidade atual. Aprisionado, junto com seu povo, e posto a ferros para em seguida ser vendido como escravo em Nova Lisboa em Angola: ― Minha rainha Kianda! ― diz o amargurado Martiniano de si para si mesmo, enquanto tomava o amargo na cúia a contemplar a coxilha. Eram breves os momentos de paz, breves e dolorosos. Tinha que se esquecer da promessa que fizera ao seu rei, que iria proteger sua rainha com a própria vida se assim fosse preciso. Tinha feito essa promessa também para si mesmo, pois a amava. E deixa - lá para trás não estava em seus planos, como também mudar de nome. Mas a vergonha de ter abandonado sua rainha para trás era grande demais. Ela quis ficar e enfrentar o que tinha feito, não queria viver como uma cativa ou fugitiva. Apesar dos apelos dele, ela quis ficar e enfrentar seu destino.                        

publicado por Revista Literatas às 05:34 | link | comentar
Quarta-feira, 06.07.11

Dark Saga l

Samuel da Costa - Brasil
    
 Para Miguel Maria da Costa
Meu filho...quando tu nasceres...serás...tão belo, tão casto
Pois ela pariu! Um menino! Ah meu filho! Tão puro! Tão casto!
― Marguerite! Já podes servir o jantar! ―O tom da dona da casa era formal e pastoso, para disfarçar o ódio que sentia para com a mulher que a servia. ‘’Dona Madalena’’ sabia como se relacionavam os homens e as escravas em seu mundo. Escravos, e principalmente as escravas, deveriam servir seus senhores e senhoras em todos os sentidos. Quando o marido de Madalena voltou do mercado de escravos com um ‘’novo lote’’, trazendo aquela negra com porte de rainha, Madalena foi tomada de um adágio. O marido de Madalena, fazendeiro prospero e senhor de muitos escravos, decidiu por aquela escrava para dentro da casa grande. A dona da casa, não precisou fazer um grande esforço para descobrir o porquê de seu marido tomar tal atitude. Mas o que Madalena não sabia era que o nome dela era Kianda, e que ela fora rainha no velho mundo. Aprisionada, junto com seu povo, e posta a ferros, para em seguida ser vendida como escrava em Nova Lisboa em Angola. 
― Já podes se retirar Marguerite! ― Ordena Madalena, forçando um sotaque afrancesado, a sua serva após a mesma por a mesa.
― Por que não à chama de Margarida? Por que ‘’tem’’ que usar a língua dos ‘’outro’’! ―Esbraveja Gumercindo, pois aquele rústico dono de fazenda, jamais entenderia o porquê de uma dama nascida e criada na corte, com seus ‘ares’’ refinados frutos de aulas particulares e breves viagens ao estrangeiro, tratar os escravos daquela forma tão refinada.
― Deus...como pude cair tão baixo? E parar nesse fim de mundo! Sussurra a dama da casa de forma impensada. 
― Disse alguma coisa mulher?
― Não disse nada, meu marido...― O tom irónico de Madalena constrangia Gumercindo, pois a esposa ,que ele ‘’encomendara’’ da corte, tinha esse péssimo hábito de o desafiar, coisa que dificilmente uma ‘’nativa’’ faria. 
― Bom! Assim é bom, tu ‘’sabe’’ que teu pai me devia um bom dinheiro! ― Diz Gumercindo de Sousa Andrade de forma venal. ― E o meu filho...?
― A ama de leite o colocou para dormir, tu sabes meu marido, que Adamastor dorme a essa hora!  
― Eu só queria saber se o Dada ‘’ta’’ bem...só isso mulher. ― Diz Gumercindo em tom paternal.
― Não fale de boca cheia meu marido, quantas vezes eu tenho que dizer isso, meu Deus! ―Os maus modos à mesa a incomodava, como também o jeito brutal que ele tratava os escravos. Antes ela não precisava presenciar tais bestialidades que se praticava no mundo dos homens. Mas agora morando em uma província distante do império, a coisa era diferente. Tinha aquela gente negra e mestiça por toda parte, estavam tão próximos. Estavam tão presentes, no dia-a-dia, aqueles pobres diabos. E do outro lado a falta de um convívio civilizado, tinha a falta dos teatros, dos jornais, dos livros, revistas de moda vinda diretamente de Paris, das conversas nas soverterias e cafés com os amigos vindos do estrangeiro, um mundo tão cheio de novidades. 
― Sabe a prataria francesa e os cristais da Bohemia que me comprasse? ― diz a dama que depois leva um lenço à testa, era deselegante, mas um leve mal estar a estava irritando. ‘’Deus, só faltava essa agora, ficar doente nesse fim de mundo’’ diz a dama de si para si mesma.    
― O que foi mulher, não ‘’gosto’’ do te que mandei buscar? O que foi mulher ,que cara é essa?
― Nada, um mal-estar de repente. É que esta faltando umas peças, Marguerite me trás água, por favor! ―A dama se esforçava para não gritar, no seu íntimo ela já estava cansada de pedir para as escravas não se afastarem muito da mesa, mas era inútil dar ordens para aquela gente, essa era a visão da dama.  
Os espasmos que se seguiram foram violentos, o casal Sousa Andrade vomitava sangue. Gumercindo cai no chão atordoado, foi quando Kianda retorna à sala de forma lenta. Com um sorriso nos lábios e uma faca de prata em uma das mãos, ela se aproxima do dono da casa e abaixa-se para lhe falar aos ouvidos.
― Sabe coronel, eu estava esperando por isso faz tempo. Não vai mais me fazer visitar à noite! Vou ver você morrer bem devagar... 
publicado por Revista Literatas às 03:28 | link | comentar
Quinta-feira, 30.06.11

Vovó Zumbi

Luana Mccain – Brasil


     Era hora de dormir. Eu e meus irmãos tivemos um dia muuuuuito agitado. Primeiro, vovó levou a gente no parque
de diversões. Depois, no cinema. Assistimos Um dia com a vovó zumbi. Por mais que o titulo fosse
aaaaaaaassustador, o filme era de aventura.

               - Meus amores, já está na hora de dormir.
            - Vovó, a gente vai embora amanhã... não queria... foi legal passar as férias aqui – disse meu irmão
do meio, com aquela vozinha de sempre.
               - Eu também – os olhos da minha irmãzinha se encheram de lágrimas.

               Revirei os olhos.

               - Vovó, antes de dormir, eu posso comer aquele bolo de nozes que cê fez hoje de manhã?

               Ela fez uma cara pensativa. Segundos depois, falou com aquela calmaria de sempre:

              - Hmmm não, não pode. Você acabou de escovar os dentes.
              - Mas...
              - Na na ni na não.
              - Vovó, quero água – disse meu irmão do meio.
              - E eu tô com sede – falou minha irmãzinha.
              - Venham. Eu levo vocês.

              E eles foram. Só eu fiquei no quarto.
              Dez minutos depois.
              E a casa estava um puro silêncio. Senti uma intensa vontade de descer na cozinha e ver o que os três
estavam fazendo. Era sempre assim: vovó realizava os desejos daquelas malinhas e eu sempre ficava de fora.
            Fui pra cozinha, quietinho da silva. Eu queria pegar eles de surpresa. Um passo. Dois passos. Três...
e na porta da cozinha estava minha irmãzinha de cócoras e cabeça baixa. Eu cutuquei ela e nenhuma resposta. Peguei
ela pelos cabelos e enoooooooooooooorme foi o meu susto, eu vi ela sem os olhos e a sua língua caiu nos meus pés.
             Dei um pulo pra trás. Eu queria chorar, mas não conseguia. Virei pra cozinha e meu irmão estava
diante da pia comendo o bolo de nozes, mas atrás dele estava a vovó, com uns dentes-monstros, super afiados,
pronto pra abocanhar a cabeça  dele.

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é um projeto:

 

Associação Movimento Literário Kuphaluxa

 

Dizer, fazer e sentir 

a Literatura

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