“Cidade de Quelimane está enterrada”
- escritor e psicólogo Élio Martins Mudender justifica o título da sua obra "A Cidade Subterrânea"
Por Eduardo Quive
“A Cidade Subterrânea”, título de um livro publicado há dias em Maputo, tem como palco a cidade Quelimane. Aliás, segundo o autor, Élio Martins Mudender, Quelimane é “A Cidade Subeterrânea” retratada nesta obra, que trás revelações sobre vários problemas sociais, pois, “há muitos problemas de desemprego, habitação, muitos quadros naturais de Quelimane querem regressar à cidade, mas não há condições, acabando por regressar à capital, ou rumam para outros cantos do País a procura de melhores condições de vida, que lá não é possível encontrar, e isto faz com que eu me refira a uma cidade que está enterrada”. Mudender que é também psicólogo e natural de Quelimane, alongou a sua viagem, revelou em exclusivo nesta entrevista que, não é ele a personagem principal do livro, como se pensa, mas que na sua literária abordagem, despe o que sente pelas terras que lhe viram a nascer. “Eram pessoas a reclamar por tudo e por nada. É a miséria de um povo. Isso é verdade. Quer dizer, sem comentários, porque é de facto uma verdade: há muita fome, há miséria, e isso cria muita dor e nostalgia que quando a pessoa chega lá, sente que de facto está mal. ”
Como é que surge o título “A Cidade Subterrânea”?
- É “A Cidade Subterrânea”, pois, na minha opinião a cidade de Quelimane está a viver uma situação que me leva a acreditar que está enterrada, no sentido em que muitas coisas que por lá acontecem, sujeitam-na a uma situação de pôr em causa o desenvolvimento da sociedade e do bem estar do povo zambeziano. Mas não só o povo desta região, é uma maneira metafórica de fazer uma apreciação sobre a situação duma cidade que está num nível de desenvolvimento muito péssimo, o que pode não ser só Quelimane, podemos encontrar a mesma situação em qualquer outra cidade no mundo.
Portanto, é uma metáfora para referir toda aquela cidade, todo aquele povo, que pela ironia do destino ou pelas condições sociopolíticas, culturais e toda essa dinâmica, faz com que o seu desenvolvimento esteja parado.
Se formos para a própria cidade de Quelimane, há muitos problemas de desemprego, habitação, muitos quadros querem regressar à cidade, mas não há condições, acabam voltando a capital ou rumam para outros cantos do País a procura de melhores condições de vida, que lá não é possível encontrar. Isto faz com que eu me refira a uma cidade que está enterrada.