CARTOGRAFIA DO ECOAR E DO MIAR DO COUTO OU COMO VI AJAR COM AS 24 (C)OBRAS DO MIA COUTO

Amosse Mucavele - Maputo

 

Sobre a nossa a Terra disse que ela é Sonâmbula: com muita razão, sabem porquê?

-Porque ela não dorme fica dias e noites de mãos estendidas ao exterior a pedir esmola.

Amigos, num país visto como pobre os dirigentes são tão ricos! trocam de carros de luxo e gozam de mordomias , mas não tem nem se quer um livro na cabeça.(preocupante não é)

Por isso que digo as nossas elites são incultas (vendem a nossa terra a 30 dinheiros)

Além de tudo que acima croniquei, vejam só o profeta deu-lhes a porção, dada a incompetência deles fizeram tudo ao contrário, deram os venenos ao Deus e os remédios ao Diabo, nestes últimamentes nós o povo, encontramo-nos na berma de nenhuma estrada, sabem, sem onde guardar as nossas súplicas, sem onde pedir clemências, pois o Senhor Deus exilou-se na terra onde reside o Homem que lhe salvou da morte (por envenenamento perpetrado pela nossas elites) dando-lhe antídoto.

Quem me dera lá estar com eles debaixo daquela Varanda do Frangipani, a ouvir os Contos do Nascer da Terra.

Do que estar nestas Cidades dos partidos políticos com idades seculares no Governo, e onde os seus dirigentes consideram-se Divindades.

Eu cansei de viver neste País do Queixa Andar, vou-me embora, com um fio amarrado no pescoço (sei que Missangas não me faltarão), pelo caminho irei folhear as páginas desta Casa Chamada Terra e irei remar contra maré deste Rio Chamado Tempo.

Chegado a Uma Terra Sem Amós, constato que algo mudou, a aldeia cresceu, já são Vinte as Casas de madeira e Zinco. Mas ainda continuamos no Escuro e o Gato Abensonhado pressagia as Estórias do velho.

Alguém disse o velho está a morrer, o Gato não parava de tocar o Ritmo do presságio:

Retorquiu de novo-a biblioteca esta a arder.

-E eu nos meus Pensatempos confusos, surgiu-me a seguinte a pergunta? Como hei-de o ajudar?

-Pensei na Princêsa Russa, cortei a ideia porque a neve não pode extinguir as chamas, continuei neste pensaraltivo, afinei os meus Silêncios, dentro de mim uma voz uivava “Vou ficando do som das pedras. Me deito mais antigo que a terra. Daqui em diante, vou dormir mais quieto que a morte¹.”Pego no machado, pelo caminho vou Traduzindo esta Chuva que molha os ramos da minha alegria, de nada vale continuar aqui, mas, antes partir deixem-me descolar a Raiz do Orvalho.

Alguém disse - Ah, de nada resultará. De repente as Vozes Anoiteceram, era o início da Chuva Pasmada.

E agora vou me embora mesmo “a procura da outra Pátria esta não me pertence²”, pois O Mar Me Quer, é no mar onde vou pescar o meu sonho de se tornar noutro Pé da Sereia, caso não consiga concretizar este meu sonho, procurarei outra maneira de partir, assim sendo tornar-me-ei no Pensageiro Frequente deste Último Voo do Flamengo que me levará até a Jesusalém.



Glossário

1-Mia Couto in A Varanda do Fragipani

2-Celso Manguana in Pàtria Que Pariu

3-todas palavras a negrito fazem parte do acervo bibliográfico do autor acima referido -Princêsa Russa conto que faz parte do livro Cada Homem é Uma Raça. E outros livros

-No meu País tem um provérbio que diz - um velho que morre é uma biblioteca que arde.

-O gato e o escuro, Cronicando

- Estórias abensonhadas

-O fio das Missangas,....e outros ficam sob alçada do leitor, beijooooos.

publicado por Revista Literatas às 13:22 | link | comentar