Delírios


De: Vicente Sitoe
 


Meus pensamentos me parasitam
As preocupações me escravizam
Olho para dentro de mim
Vejo um vazio tão grande
Tão grande quanto o nada
Será a morte que se aproxima
Ou a vida que termina?  

Sinto a leveza do nada
É tão pesada como as dunas
Do deserto da minha alma
Vejo uma luz branca flutuante
Me sinto transcendente
A viagem só está  a começar
Já me coloco pontos de perguntação 

Será que a terra não  é o paraíso
Prometido em vidas passadas?
O que fazer para continuar a existir?
Por quê a vida morre no caminho?
Coitado de mim, cheio de juventudes
Sonhos e planos abortados
Esperanças e amores decepcionados 

Vou flutuando entre vazios
A luz preenche o espaço
Oiço um som hipnotizante
Vindo do fim do nada
Sou uma alma descorpuda
Invisível para esconder a nudez
Ai... como odeio a morte!

Chamam o meu nome
Uma porta se-me abre
Parece a sala do Tribunal Final
Se tivesse coração, estaria a bater
Caminhei mais para o fundo
Uma alma me aproxima
Pede para eu terminar este poema
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publicado por Revista Literatas às 03:38 | link | comentar