Uma prosa para Arsénia


David Maurício Bamo Júnior dos Deuses Marx Morais -- Maputo

 
Dezembro de 2008, fim de um espetáculo alusivo ao Dia Mundial Contra a Sida. Uma jovem magra, quase com minha altura, bonita cabelos cumpridas se aproxima de mim e diz:
Oi, gostei do show, apresentas muito bem!

Muito obrigado! Disse eu. Curioso, porque durante o evento vi uma jovem atenta a todos os meus movimentos, pois estivera sentada num plano que a permitia controlar todos os meus passos. A sua saudação quase que precipitava as minhas. Moça que multiplicada por qualquer coisa seria igual a simpatia! Com uma beleza mais por interior que do lado de fora do seu fisico. Esta jovem chamava se Arsénia.
Eu sou David. Me introduzi!
Não precisavas me dizer já te conheço!
Fiquei boqueaberto, tanta beleza e bondande feminina a minha disposição, só podia se tratar de um sonho! Mas como um sonho? Se eu sentia na pele  e na alma o carinho daquela criatura que Deus trouxera do Eden para dar brilho ao meu dia, naquela data!
Vivo no Singathela, e tu?
Também!
Então vamos juntos para casa!?!
Sim vamos!
Começava assim uma grande viagem de amizade entre duas almas, dois corpos, duas gentes que apesar das suas vivência diferentes partilhavam o mesmo sonho, fazer radio ou televisão um dia.
A vontade de construir com betão e prata uma amizade entre nós, foi mais galopante que as nossas próprias vontades! Arsénia e David consiguiram em tempo curto mais que o sentido da própria palavra, aproximar os seus seres e traçar a mesma história. Uma amizade do tamanho da obra de José Craverinha.

Ao longo destes quatro anos de amizade fui aprendendo que os encantos de uma mulher, não residem apenas nas curvas que compoem o seu corpo, muito menos no cruzamento entre as suas pernas, mas sim na personalidade! Conceito muito pouco conhecido nos dias que correm.
A nossa intimidade significou o fim do que nunca tive em mim, a poesia, se não um conjunto de frases, versos e palavras gastas em almas satánicas que me fizeram sugar o veneno da Jiboa.
Procurei todas explicações possíveis para conhecer o verdadeiro sentido dos nossos sentimentos, nenhuma resposta achei se não um tesouro chamado Amizade, possível de encontrar em terras onde abunda leite e mel.

Todos cobiçavam indisfarçadamente o nosso relaccionamento! Lambusavam se de vontade, queriam de ser um de nós. Se contorciam para sentir a doçura de uma amizade pura como o grito de uma criança saindo do ventre da mãe.

O nosso ninho chamou outros e juntamos o útil ao agradável! Não fomos, nem somos e nunca serenos só nós, porque sempre viajámos em outras vidas, buscando novos e melhores sabores para apimentar o lar que aos poucos iamos formando em nossas vidas!
Descobri igualmente que a mulher da minha vida não foi aquela a quem devo a minha existência, muito menos a que me fezera descobrir os apetites carnais, mas sim foi a Arsénia! Não sou, porque não quis aprender, todavia, a Arsénia ensinou me a ser verdadeiro.

Pena que as palavras nunca dizem tudo o que sentimos, mas fica esta prosa, que leva consigo o ritimo do Detalhes de Nós Dois, cantado pelo rei Roberto Carlos, pintada pelo mestre Malangatana. Esta carta de reconhecimento ultapassa a dimensão da obra do Dan Brown, o marximo resgatado por Lenin não chega aos calcanháres desta mensagem, feita por este pobre homem abanonado pela única mulher a quem ele não consiguiu satisfazer todos os seus desejos. Mulher que as exigências da vida a levaram para as outras terras de Moçambique. Mulher que se as forças do além quiserem voltaremos a cruzar o mesmo caminho!


publicado por Revista Literatas às 05:42 | link | comentar