ANDORINHA – 2 ANOS DE PROMOÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA E DA CULTURA EM LÍNGUA PORTUGUESA NA GUINÉ-BISSAU
Em Canchungo, a 24 de Abril de 2008, Marcolino Elias Vasconcelos, professor – sobretudo de Língua Portuguesa – no Liceu Regional Hô Chi Minh, e António Alberto Alves, sociólogo e voluntário, iniciaram o programa Andorinha na Rádio Comunitária Uler A Baand, que tem como objectivo a promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em Língua Portuguesa e desde então mantém a sua periodicidade semanal, todas as quintas-feiras entre as 20.3h e 21.3h na frequência de 103 MHz. De imediato, para responder a diversas solicitações de apoio educativo, jovens estudantes tomaram a iniciativa de se organizarem em bankada*, para ouvirem o programa Andorinha e “praticarem a oralidade e ultrapassarem o receio de falarem em português”! Ao longo desse ano, constituíram-se bankadas nos bairros da cidade de Canchungo (Betame, Pindai, Catchobar, Tchada, Djaraf, rua de Calquisse, Bairo Nobo) e em algumas tabanka (Cajegute, Canhobe, Tame). Complementarmente, foi constituída a bankada central Andorinha, que concentra as suas actividades no Centro de Desenvolvimento Educativo de Canchungo e que tem organizado algumas iniciativas: sessões de vídeo, acções de sensibilização em escolas, feira do livro. [*Bankada é um grupo informal mas estruturado, sobretudo de jovens, que se juntam num local na rua, para ouvirem rádio – neste caso, o programa Andorinha e para praticarem a oralidade em Língua Portuguesa.]
Esta iniciativa Andorinha surge como pioneira num país onde a utilização da Língua Portuguesa é muito baixa e a sua riqueza parte da própria motivação de jovens estudantes se organizarem em autoformação. [ver descrição em anexo]
Complementarmente, neste ano lectivo de 2009-2010, estamos a realizar o projecto Andorinha – Promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em Língua Portuguesa – um intercâmbio de escolas portuguesas e escolas no sector de Canchungo, Região de Cacheu, Guiné-Bissau. Tem como objectivo a montagem de um projecto bilateral de troca de experiências e intercâmbio entre um estabelecimento de ensino de Portugal e de um congénere na Região de Cacheu (Guiné-Bissau), que poderá proporcionar múltiplas vantagens recíprocas – e despoletar diversas acções de cooperação. Com efeito, a troca de correspondência escolar entre directores, professores e alunos, certamente aumentará o domínio da escrita em Língua Portuguesa entre os guineenses e promoverá o conhecimento sobre a Guiné-Bissau entre os portugueses. [ver descrição em anexo]
Neste sentido, as iniciativas Andorinha passarão a promover o uso oral e escrito da Língua Portuguesa no quotidiano dos jovens e estudantes guineenses.
Em Canchungo e na Região de Cacheu, a designação de “Andorinha” é já sinónimo de promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em Língua Portuguesa. Como grupo informal, solicitamos a adesão à CONGAI – Confederação das Organizações não Governamentais e Associações Intervenientes ao Sul do Rio Cacheu, o que foi prontamente aceite.
Do que as iniciativas Andorinha têm realizado desde o início deste ano lectivo 2009-2010, destacamos:
- O envolvimento e formação de jovens das bankada Andorinha para apoiarem e realizarem o programa Andorinha na Rádio Comunitária Uler A Baand – todas as quintas-feiras entre as 20.3h e 21.3h na frequência de 103 MHz;
- As acções de apresentação das bankada Andorinha e a sensibilização ao uso da Língua Portuguesa realizadas no Complexo Escolar Santo Agostinho, Escola EBU, Escola 1º de Junho e ADRA – Escola Adventista, em Canchungo, por solicitação dos respectivos directores;
- A organização e realização da actividade “Nô Pensa Cabral!”;
- A entrega da correspondência escolar enviada pelo Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Joaquim de Magalhães de Faro à direcção do Liceu Regional Hô Chi Minh em Canchungo;
- A constituição de uma bankada Andorinha em Bissau – na Paróquia de Brá;
- A sessão de apresentação das bankada Andorinha e a sensibilização ao uso da Língua Portuguesa realizada no âmbito do intercâmbio de alunos e professores entre o Liceu Regional Hô Chi Minh e o Liceu Dr. Luís Fona Tchuda de Gabú, sob o lema “Juntos para um ensino de qualidade face aos desafios do futuro”;
- O início da emissão do programa Andorinha na Rádio Babok – todos os domingos, entre as 21h e 22h na frequência de 98 MHz;
- A acção de apresentação das bankada Andorinha e a sensibilização ao uso da Língua Portuguesa realizada no Liceu Domingos Mendonça em Cacheu;
- A entrega da correspondência escolar e de diverso material enviado pelo Agrupamento Vertical de Escolas de Vila Caíz à direcção e professores da Escola Pública de Iniciativa Comunitária “Tomás Nanhungue” em Tame;
- A visita à bankada Andorinha “Umeeni” em Petabe.
De 19 a 25 de Abril de 2010 comemoramos este segundo aniversário do surgimento das iniciativas Andorinha, com a realização de um conjunto de acções:
- 19 Abril (segunda-feira): Entrega de 433 músicas em Língua Portuguesa , de 93 artistas/grupos de Portugal, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Timor Leste, à Rádio Comunitária Uler A Baand e Rádio Babok;
- 20 Abril 10h (terça-feira): Inauguração da 2.ª Feira do Livro no Centro de Desenvolvimento Educativo de Canchungo;
- 20 a 24 Abril (8.3-11h e 16-19h): 2.ª Feira do Livro no Centro de Desenvolvimento Educativo de Canchungo;
- 24 Abril a partir das 16h (sábado): 2.ª Festa Andorinha na COAJOQ – Cooperativa Agro-Pecuária de Jovens Quadros;
- 25 Abril (domingo): Documentário sobre a Revolução dos Cravos em Portugal.
- A inauguração da 1.ª Feira do Livro no Centro de Recursos em Cacheu;
- A entrega da segunda correspondência escolar enviada pelo Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Joaquim de Magalhães de Faro à direcção do Liceu Regional Hô Chi Minh em Canchungo;
- A oferta de 60 t-shirts Andorinha pela empresa Jomav – Importação e comercialização de materiais de construção;
- A cerimónia de tomada de posse da bankada Andorinha Liceu Domingos Mendonça em Cacheu;
- A constituição da bankada Andorinha da Escola 1.º de Junho em Canchungo;
- A entrega da correspondência escolar e de diverso material enviada pelo Agrupamento Vertical de Escolas de Mondim de Bastos à direcção e professores da Escola Pública de Iniciativa Comunitária de Cabienque e à direcção da AFIR – Associação dos Filhos e Irmãos de Cabienque;
- A constituição da bankada Andorinha “União Faz a Força” em Tchulame.
Semanalmente, todos os sábados, pelas 17 horas, a bankada central Andorinha reúne no Centro de Desenvolvimento Educativo de Canchungo. Ao longo do mês de Junho realizamos uma reflexão e autoformação sobre o funcionamento de uma associação, que incluiu a concepção e redacção de uma proposta de estatutos. A 19 de Junho fundamos a associação Bankada Andorinha, com a redacção da acta – a que se seguirão os diversos passos legais para a sua efectivação.
De salientar, que esta é uma iniciativa concebida e protagonizada por jovens alunos e professores guineenses, às expensas de trabalho voluntário e esforço e empenho de cada um – sem qualquer apoio de instituições responsáveis pela promoção da Língua Portuguesa...
[Para mais informações e imagens, ver www.andorinhaemcanchungo.blogspot.com]
Na esperança que estas iniciativas possam ser valorizadas e ficando ao dispôr para qualquer esclarecimento que acharem conveniente, apresentamos os nossos melhores cumprimentos
Marcolino Elias Vasconcelos – 00 245 6625332
António Alberto Alves – 00 245 6726963
Eduardo Gomes (Presidente das bankada Andorinha) – 00 245 6824282
«Há números que apontam para 5% da população que fala Português, no recenseamento de 1979, e outros para 10%, no recenseamento de 1991 (Scantamburlo, 1999: 62). Não há, infelizmente, estudos mais recentes sobre esse assunto, mas penso que é por demasiado evidente que a situação da Língua Portuguesa na Guiné-Bissau em nada se compara com os restantes países lusófonos africanos: é, sem dúvida, o PALOP onde se fala menos português. Basta circular pelas ruas de Bissau para nos apercebermos desta dura realidade.
Devido ao facto de ser a língua oficial, o Português é o idioma de ensino. É também a língua de produção literária, da imprensa escrita, da legislação e administração. Deparamo-nos, então, com este paradoxo: tudo está escrito em Português, mas uma parte esmagadora da população não domina a língua. As crianças são alfabetizadas numa língua que não ouvem, nem em casa nem na rua, e só quando comunicamos com a elite politica e intelectual guineense conseguimos estabelecer comunicação em Português. O grande problema da Língua Portuguesa neste país é, a meu ver, não passar da escrita para a oralidade.
(…)
Dado que a rádio é o único meio de comunicação que chega a todos os guineenses, parece-me fundamental uma aposta em programas radiofónicos que divulguem a Língua Portuguesa; em suma, uma aposta na oralidade.»
- Ana Paula Robles, Instituto Camões na Guiné-Bissau
[O ensino da Língua Portuguesa no ensino superior: a situação da Guiné-Bissau. Ubuntu, nº 3, Dezembro 2006, Bissau, p. 21-24]
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