Escrevivências em Doses Crônicas

Por: Marcelo Soriano - Brasil
 








1ª  dose - Prólogo 
Recebi com muito gosto o convite para escrever uma crônica para a Revista Literatas. Fico feliz e grato ao irmão Amosse Mucavele que disse-me: "Sabes, conquistaste o coração dos moçambicanos.", referindo-se ao artigo publicado na Tempo Nº Zero (http://www.revista-tempo.com/) que foi relançada em Maio, recentemente. Mantenho firme, com este tipo de intercâmbio, o sonho de ver/ler a riqueza cultural dos países da CPLP transitando livremente, sem fronteiras, de lá para cá, daqui para lá.
 
2ª  dose - A microliteratura nas redes sociais 
Desde pequeno tendo a escrever com o mínimo de caracteres. Aquilo que seria uma mania estranha de um garoto que pensava demais e falava (e escrevia) de menos, hoje transformou-se em modismo cultural, propagado amplamente pelo Twitter, Facebook, Blogues em geral, enfim, pelas chamadas Redes de Relacionamentos Sócio-Virtuais. Bem, o que poderia dizer aquele garoto de antigamente, de poucas letras com grande significado (ao menos para si)?! O garoto se encontrou, não apenas consigo mesmo, mas com uma proposta de literatura (e, por conseqüência, literatos jovens de todas as idades), tão espontânea, quanto fluente pelos países da CPLP. Críticas, estudos, discussões sobre o teor e a pertinência cultural das expressões literárias deste "novo" estilo de escrever... Bom, deixemos isto aos acadêmicos! 
3ª  dose - Aforismos sobre Literatura 
  • A literatura é  um mar de rosas de cabeças baixas.
  • Lembre-se: neste mundo, uma palavra vale muito mais que mil idéias.
  • Nada de falar a verdade. Um poeta verdadeiro deve sempre escrever a verdade.
  • Um grande escritor não é aquele que se libera ao ímpeto do escrever. Um grande escritor resiste ao ímpeto de não escrever.
  • A poesia vem do nada, logo, poesia é tudo!
  • O escrever é superior ao redigir.
  • Todo o poema pode ser melhorado. Todo o poema deve ser melhorado. Não fosse assim, não seria poema.
  • O universo uniu os versos... E esquartejou os poetas...
  • Nunca duvide da Arte de dormir operário e acordar poeta.
  • A poesia funciona quando o leitor sorri.
  • O livro é uma gaiola de pássaros que canta para ser aberta.
  • Os menos preparados sempre sucumbem ao afã da palavra final.
  • O bom poema é o que nos lê.
  • A verdade está situada em algum lugar ilegível entre as metáforas e as parábolas.
  • O óbvio, às vezes, surpreende.
  • Quem passa a maior parte do tempo tentando ser genial, acaba se tornando um gênio muito chato.
  • Nós que escrevemos tanto sobre amor, não é que o saibamos ao ponto de ensinar, é porque precisamos escrever; escrever ao ponto de aprender. Por isso eu digo, sem ser douto no assunto... Escrever também é amar.
  • Poetas são árvores frutíferas que acharam mais produtivo perambular.
  • Escrever é pura falta do que fazer quando se está com a agenda lotada.
  • Já observaram? O livro aberto tem formato de pássaro.
  • O autor é o Deus do livro, mas é comum deuses serem engolidos pela vaidade da própria criação.
  • Há poemas que são auto-exorcistas.
  • Apelo aos escritores: deixem de definir o amor e comecem a amar!
  • Para o poeta ser amado é ser lido.
  • Um livro de papel comestível venderia mais (porque mataria, também, a fome do corpo).
  • Por mais enfadonha que seja a nossa história de vida, largar o livro nem pensar!
  • Escrevo primeiro; penso depois. Se pensasse antes, jamais escreveria. Escrever não é um caso pensado.
  • A minha grande certeza é a incerteza das letras de um poema não escrito.
  • Poesia de verdade não é a leitura do mesmo, é a releitura do novo.
  • O Poeta se faz digno pelo strip-tease de suas palavras.
  • Ler com o lápis; escrever com os olhos.
  • A vida é uma luta diária. Em todos os amanheceres reiniciamos do nada. Escrever é semelhante.
  • A cisma da Ordem dos Poetas Alucinados é jamais saber precisamente o lugar correto e derradeiro do ponto final.

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publicado por Revista Literatas às 07:12 | link | comentar