Quarta-feira, 12.10.11

Tudo e mais um pouco sobre Valdeck Almeida de Jesus

Eduardo Quive

 

 

Valdeck Almeida de Jesus, um escritor, um jornalista que também serve o estado – funcionário público. Conhecido como exaltador da verdade pelos que tem coragem de viajar pelas suas obras. Falei medo e pode-se pensar que escreve coisas assustadoras, e pode até ser verdade, mas se considerarmos que ele fala de factos verídicos do quotidiano “Heartache Poems”, ”Yes, I am gay. So, what? – Alice in Wonderland” obra em que nesta entrevista o escritor chega a dizer que dentre vários assuntos, o autor faz revelações pessoais “Apaixonei-me por muitas pessoas. Desde a professora ao vizinho que nunca soube de minha admiração por ele.”

Por outro lado, Valdeck assusta a própria história da sua vida, contada em  “Memorial do Inferno. A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden” – “Tanto mostro as coisas boas, quanto as ruins. Nasci em Jequié-BA, onde passei muita fome e comi coisa do lixo. Não tive brinquedos, não tive uma casa própria, não tive acesso a uma educação e serviço de saúde mínimos.” Pois é, estamos perante, um escritor de longas viagens da vida transmitidas em jeito de boa literatura.

 

 

 

Valdeck fale-nos do mistério que norteia o seu primeiro livro (corrija-me se estiver errado) o “Heartache Poems. A Brazilian Gay Man Coming Out from the Closet”? trata-se de alguma revelação de alguma orientação sexual do autor?

 

Bem, os poemas são feitos tanto para homens quanto para mulheres e foram criados na minha adolescência, numa fase em que muitos jovens estão em busca de respostas para muitas questões da vida. Apaixonei-me por muitas pessoas. Desde a professora ao vizinho que nunca soube de minha admiração por ele. Todas as reflexões sobre estes sentimentos foram traduzidas em poesias, as quais eu paguei para traduzir e publiquei nesta obra.

 

Heartache Poems” é um livro-confissão e ao mesmo tempo composto de poemas fantasias, as mesmas fantasias que povoavam minha mente, sobre sexualidade, posicionamentos políticos, incerteza do futuro, aspirações de trabalho etc.

 

publicado por Revista Literatas às 15:33 | link | comentar | ver comentários (49)

Muitas todas Palavras

Carta de leitor sobre o livro “A Cidade Subterrânea” de Élio Mudender

 

Japone Arijuane - Maputo

 

 

“O meu grande sonho é libertar esta terra da boca dos predadores...

Elevar bem alto o nome de Moçam­bique.

Içar a bandeira e voar além-mar”

Pag.67, in “A cidade Subterrânea”: Élio M. Mudender

 

A Cidade Subterrânea é, sem dúvida alguma, um dos maiores livros lançado em Moçambique na era contemporânea. A irreverência subversiva de como são tratados os factos, fazem desta obra uma obra no sentido nobre da criatividade humana, este “Romance” consegue transmitir o sentimento de revolta no espinho da flor da pele, que certamente contagia o leitor: a rebelião frustrada, a oportunidade fracassada. Revela-se na construção do enredo, algo que até certo ponto põe em causa a questão do belo literário, mas que vai culminar com objectivo-mor do autor, denunciar os males e a corrupção da camada política (Frelimo) que rege as regras no espaço onde a narrativa decorre (Quelimane).

 

publicado por Revista Literatas às 15:24 | link | comentar

Os melhores poetas portugueses contemporâneos

Adelto Gonçalves - Brasil

Foto: Jornal Opção

 

 

Lançada como apoio do Instituto Camões, do Instituto Por­tuguês do Livro e das Bibliotecas e do Ministério da Cultura, “Poesia Portuguesa Contemporânea” reúne produções de 26 poetas portugueses que se destacaram ao longo do século XX. Organizado pelo professor Vadim Kopyl, diretor do Centro Lusó­fono Camões da Universidade Estatal Pedagógica Hertzen, de São Petersburgo, o livro traz esclarecedor prefácio de Fernando Pinto do Amaral (1960), além de alguns poemas de sua própria autoria. Os poemas foram vertidos para o russo por tradutores do Centro Lusófono Camões com participação de Helena Gol­ubeva (como tradutora-tutora).

Não se pode dizer que esses 26 poetas são os mais representati­vos da poesia portuguesa de hoje, até porque esse tipo de aval­iação varia bastante e é susceptível de alteração, dependendo do gosto pessoal do avaliador, mas, seja como for, é inegável que todos são reconhecidos pelos críticos mais acreditados e ocupam lugar cativo nos cânones universitários de estudos de Literatura Portuguesa em Portugal e no Brasil. Muitos deles ainda estão em franca atividade, com suas obras em progresso, sob a influência dos acontecimentos deste século XXI.

Entre aqueles que ainda estavam vivos quando esta antologia foi organizada destacam-se Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) e Eugénio de Andrade (1923-2005), que estrearam na década de 1940 e praticaram uma poesia marcada pela independência em relação aos grupos que dominaram a cena literária até os anos de 1970, ou seja, o neo-realismo, o sur­realismo, o experimentalismo e outros movimentos derivados do Modernismo.

 

publicado por Revista Literatas às 14:52 | link | comentar

Inspiração

Octávio Danila - Lichinga
Ficou para atrás tudo que me meça
Ficou para atrás o tempo de uma infância
Ficou para atrás os lugares e mistérios
Ficou para atrás tudo
Otempo encarnou-se no meu suspiro
Carregou os meus amuletos
Deixou mágoas do passado
Neste quarto deixo-me flutuar
Deixo tudo ate o meu respirar
Deixo que a poesia me julgue
Deixo que as palavras me embriaguem
Deixo o silêncio me revelar
Deixo tudo que esteja vivo
Deixo a alma corpo deixo-me morto
Recolha por: MUKURRUZA
publicado por Revista Literatas às 14:48 | link | comentar

Inversos

Pedro Du Bois - Brasil
Na razão inversa das distâncias
permaneço em guarda: todo ataque
antecede a hora da vingança
traçadas fronteiras inviabilizam
o encontro: a bandeira se situa
na vista cansada do inalcançável
olhar entre crianças
estar do outro lado carregando
as flores secas da humildade
e se saber ávido contato
repelido ao corpo: a transformação
da hora em desespero coincidente
ao poder e a glória da efemeridade.
publicado por Revista Literatas às 14:45 | link | comentar

VII Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus – Crónicas

Edição em homenagem a escritores baianos


1 – O Prémio Literário Valdeck Almeida de Jesus visa estimular novas produções literárias e é dirigido a candidatos de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil ou no exterior, desde que seus trabalhos sejam escritos em língua portuguesa.

2 – As inscrições acontecem de 01 de Janeiro a até 30 de Novembro, através do e-mail valdeck2007@gmail.com (CRÔNICAS de até 20 linhas, mini biografia de até cinco, endereço completo, com CEP e telefone de contacto, com DDD). Os textos devem vir DENTRO do corpo do e-mail. Inscrições incompletas serão desclassificadas. Vale a data de postagem no e-mail. Não serão aceitas inscrições pelos correios.

3 - A crónica deve ser inédita, versando sobre qualquer tema (excepto apologia ao uso de drogas, conteúdo racista, preconceituoso, propaganda política ou intolerância religiosa ou de culto). Terão preferências os textos sobre escritores baianos da contemporaneidade. Entende-se como escritores contemporâneos aqueles cuja obra ainda não foi lançada por grandes editoras e que não são con­hecidos do grande público. Cada autor responderá perante a lei por plágio, cópia indevida ou outro crime relacionado ao direito autoral. A inscrição implica concordância com o regulamento e cessão dos direitos autorais apenas para a primeira edição do livro.

4 - Uma equipe de escritores faz a selecção de apenas um texto por autor. A premiação é a publica­ção do texto seleccionado em livro, em até seis meses do encerramento das inscrições. Os escritores seleccionados devem criar um blogue gratuito, após a divulgação do resultado do concurso, para dar visibilidade ao trabalho de todos os participantes. Os casos omissos serão decididos soberanamente pela equipe promotora.

5 – O autor que desejar adquirir exemplares do livro deverá fazê-lo directamente com a editora ou com o organizador do prémio. Os primeiros dez classificados receberão um exemplar gratuitamente. Os demais podem receber, a critério da organização do evento e da disponibilidade de recursos financeiros.

 

Modelo de ficha de inscrição:

Paulo Pereira dos Santos

Rua Santo André, 40 – Edf. Pedra – Apt. 201

35985-999 – Portão

Belo Horizonte-MG

(31) 3366-9988, 8877-8999

 

Modelo de mini biografia:

Paulo Pereira dos Santos é natural de Santana-PB. Escritor, poeta e jornalista, tem dois livros publicados: “Antes de tudo” e “Até amanhã”. Participa de cinco antologias de poesias. Graduado em comunicação social. Menção honrosa em diversos concursos de poesia, tem dois livros no prelo e pretende lançá-los em 2012.

 

Projecto publicado no site do PNLL do Ministério da Cultura

 

MAIS INFORMAÇÕES:

Valdeck Almeida de Jesus

Tel: (71) 8805-4708

E-mail: valdeck2007@gmail.com

Site do Organizador: www.galinhapulando.com

 

NOTA: Neste concurso podem também participar pessoas de outros países de língua portuguesa, incluindo Moçambique, sendo que na impossibilidade destes em falar de escritores baianos, podem falar dos contemporâneos dos seus países.

publicado por Revista Literatas às 14:35 | link | comentar | ver comentários (23)

O Bebé que nasceu do aborto

Dany Wambire - Beira

 

Estava assim, secretamente, decido: a Mandoessa, só e somente anicharia um feto no seu ventre caso a sua mãe desejasse. Tinha sido essa forma ― a de adiamento de gravidezes das suas filhas com recurso a plantas medicinais e com incomensurável auxílio da sua nyanga ― encontrada pela Mazalari, a progenitora da Mandoessa. A Mazalari é que era a responsável pela engravidamento da sua própria filha. Pouco valia, portanto, o período fértil da filha e a potencialidade do homem que se enroscaria nas mais profundas entranhas da sua filhinha.

Afinal de contas, tinha sido esta a pretensão da Mazalari aquando da vacinação tradicional da sua descendente: evitar uma gravidez indesejada e, consequentemente, um parto igualmente indesejado. Pois, de acordo com os costumes locais, uma mulher que já se tinha engravidado alheiamente reunia condição para não vencer um posterior casamento. Assim se pensava, assim se cumpria quase por todo regulado.

Mas a Mandoessa estava distante de se precaver desse perigo. Ela se considerava imune, protegida pelas mais pesadas raízes contra gravidezes na região. Dizia que a sua mãe foi muito atenciosa no momento que ela ameninava. Lhe tinha dado banho com água purificada com mitchi duma respeitada, secreta e inominável planta do regulado. Até ela se gabava, garbosa:

― Eu posso fazer sexo de um a trinta de cada mês sem preservativo e nunca esses homens me con­seguirão engravidar!

Na verdade, essa confiança em demasia na vacina a si aplicada aquando da sua meninice fez com a Mandoessa se entregasse de modo descuidado nos braços de qualquer homem, disposto a desfrutar o seu belo e vulgarizado corpo em acesas e apetitosas relações sexuais. Talvez foi por essa via que ela contraiu vírus de HIV, diagnosticado mais tarde.

Todavia, uma dose de entristecimento dedicara uma visitação à vida da Mandoessa por dilatado tempo. Tinha morrido a Mazalari, mãe da Mandoessa, sem conceder aos companheiros da vida um aviso prévio. No entanto, não era simplesmente a morte da velha Mazalari que fazia a Mandoessa acomodar entristecimentos. Era igualmente o facto da já perecida mãe possuir a chave que abria o seu ventre a anichar novos seres. Sim, tinha morrido a controladora do seu ventre.

De resto, a partir dessa altura continuou a se entregar aos homens de modo banal, e desprovida de esperança de um dia seu corpo constituir o berço de qualquer criatura, visto que, não conseguiria des­activar a vacina que lhe havia sido aplicada. Mas para o espanto de muitos, a Mandoessa ficou grávida de três meses logo após a morte da mãe. E nasceram mais inesperadas conclusões das pessoas que assistiam o sucedido. Uma delas, chegava a dizer:

― A mãe tinha pedido à nyanga que a sua filha devia engravidar logo após ao seu físico desapareci­mento.

Ora, o aparecimento a gravidez no interior da Mandoessa, trouxe dois sentimentos opostos, o de satisfação e de insatisfação. Estava satisfeita porque desvendou fertilidade das suas interioridades. E ficou, igualmente, insatisfeita porque a gravidez apareceu sem que ela soubesse o co-autor do feto que jazia no seu ventre. Isto porque ela admitia para o coito sexos opostos de modo descontrolado, numa autêntica promiscuidade sexual.

Foi mais forte, todavia, o segundo sentimento, o de insatisfação. A Mandoessa, portanto, entendeu que o bebé que ela inconscientemente admitira não mais devia continuar protegido no seu ventre. Então, decidiu preparar uma porção de muquina, fármaco que na região acreditavam expulsar precocemente os fetos de todos ventres.

De facto, no dia ulterior, a Mandoessa se estendeu no escasso espaço do quarto de banho. Depois, engoliu a porção do fármaco tradicionalmente preparado para facilitar abortos. Esperou, de seguida, que o seu ventre reagisse ante a acção desta muquina. Com efeito, em rápidos minutos o bebé estava saindo ― ela esperava que fosse morto. Mas o bebé não saiu completamente. Ficaram encravadas lá no seu interior os fragmentos inferiores do petiz, nomeadamente as pernas. E foi o próprio bebé que deu conta deste erro à fracassada infanticida, chorado de modo ininterrupto.

Os choros, de facto assustaram a Mandoessa, pois não esperava a vida desta criança. A criança ou o feto devia nascer morto, pronto para arremessado na latrina próxima. Ficou aflita. O problema prescin­dia as suas capacidades. Teve que solicitar uma enfermeira que de instantâneo veio segurar a vida da criança. E nascia assim a Diolinda, de forma não programada. Ademais, constatou que gravidez que a Mandoessa carregava era já de sete meses, razão pela qual bebé estava relativamente feito, acabando por completar os restantes meses no berçário.

_______________________________

Dany Wambire (pseudónimo de Danito Gimo da Graça Avelino). Nasceu em 1 de Junho de 1989, no distrito de Manica, província de Manica (os seus pais são todos da província de Sofala). Tornou-se órfão bastante cedo, de pai aos 10 anos, e de mãe aos 12 anos. Desde então cresceu sob custódia da sua tia (Cristina Oliveira Garanhe Massora, irmã mais velha da sua mãe). Em 2008 tornou-se professor no distrito de Machanga, sul da província de Sofala, depois de formado pelo Instituto Nacional de Educação de Adultos – Beira (2006-2007). E foi lá onde começou a escrever, como forma de divertimento e para amparar-se dos vícios. Portanto, escreveu lá o seu primeiro livro (inédito), intitulado sugestivamente “Peripécias do Regulado de Esteve”, que tem alguns textos publicados pelo jornal OPaís e OPaís Online, desde Março de 2011.

Actualmente sou professor numa escola primária completa, algures na cidade da Beira, e estudante no 2º ano do curso de História, na UP-Beira.

publicado por Revista Literatas às 13:31 | link | comentar

A Revista Literatas

é um projeto:

 

Associação Movimento Literário Kuphaluxa

 

Dizer, fazer e sentir 

a Literatura

Outubro 2011

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

pesquisar neste blog

 

posts recentes

subscrever feeds

últ. comentários

Posts mais comentados

tags

favoritos

arquivo

blogs SAPO