Terça-feira, 26.07.11

Éramos criança

Francisco Júnior - Maputo

crianças


apadrinhados pela fome,
isolados do banquete.

De camisetas de umbigo fora
jeans rasgados
mas não era moda,
era a desgraça debuxada
em nosso semi nu corpo.

Pálidos, desnutridos
enterrados no areal
na roda de matocozana
em equipas para jogar xingufa
sorridentes brincávamos.

Éramos crianças.

publicado por Revista Literatas às 10:47 | link | comentar

Coração em Leilão

Jessemusse  Cacinda – Nampula

 

Quero dispir verdades com a minha caneta

Quero este poema recitar em todo planeta

Eis que sabereis vós que é a procura de perfeição

Que vou mesmo leiloar o meu coração

 

Mereço ser completamente amado

Como os Deuses altamente adorado

Sem limites considerado

Como qualquer, um respeitado

 

Vou pô-lo em leilão

O meu espiritualista coração

Não me num simples louvor

Mas este coração vai para quem me der mais amor

 

Em vossas mãos entrego este coração

Dêm muito amor porque está em leilão

Procura duma moça amadora

 Que neste circuito de leilões será sem dúvidas a vencedora

publicado por Revista Literatas às 10:33 | link | comentar

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em Moçambique: Educação será sector prioritário na introdução

Eduardo Quive - Maputo

Foto: Rogério Manhique


A divulgação do AOLP tem como objectivo, o conhecimento do seu conteúdo, seu significado e de um modo geral suas implicações, procurando-se auscultar a opinião geral e colher subsídios sobre a implicação da aplicação do acordo nas diversas áreas, como educação, comunicação social escrita, administração pública, área editorial, artes e letras, entre outras.Tendo em vista a divulgação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AOLP), a nível do País, a Comissão Nacional do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP) iniciou o ciclo de seminários, pelo menos a nível da cidade de Maputo, juntando as províncias de Gaza e Inhambane.

No seminário de Maputo, ficou decidido que o sector da educação seria prioritário na introdução do Acordo Ortográfico, dado a relevância deste sector na compreensão deste novo instrumento linguístico.

Segundo Lourenço do Rosário, presidente da Comissão Nacional do IILP, o encontro “ não visava discutir se Moçambique deve ou não ratificar o acordo, pois, o País, deve cumprir com os seus compromissos, uma vez que assinou a elaboração deste documento”.

Entretanto, “depois de ratificado, vamos aconselhar o governo a revisitar o texto do acordo, porque há questões que precisam de ser revistos a favor do nosso país, de modo a não entrar na onda dos outros.” Disse do Rosário.

Por outro lado, no seminário, não foi possível se saber se em quantos anos vai se implementar as normas do novo Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa em Moçambique e, para tal, vai-se submeter um estudo.

Lourenço do Rosário e a sua comissão, aconselham ainda ao Governo de Moçambique, a não menosprezar os técnicos nacionais, no processo de participação do vocabulário linguístico moçambicano.

Quanto aos custos, manteve-se a previsão dos mais de 108 milhões de dólares. 

publicado por Revista Literatas às 09:30 | link | comentar | ver comentários (2)

Demência

Geraldo Lima - Brasil

 

 

Do umbigo do tempo até este presente, despraticando a circunspecção da linguagem, obscurecendo-a luminosamente, discursando para o nada. Sem um interlocutor à altura da sua retórica fantástica, seu exercício de semear o incomunicável, seu despir-se de todos.

 

Dizem no bojo do máximo espanto: alimenta-se da carne das palavras, umas com o estranho poder de eternizá-lo. Creio nesse mistério também: o modo como o tempo o tem poupado reforça a crença. Petrificou-se. Divinizou-se. Aere perennius. Não adoece, não envelhece, não carece de ninguém. A solidão é, portanto, sua trincheira absoluta. Onde o real ergue muros, lá ele principia sem limites.

 

Sempre consigo mesmo, inacessível. Desavença constante com algo que inexiste. Aparentemente.  Basta entender que o que para ele existe, existe imenso. Olhos comuns assim, dados ao mínimo, nada penetram, nada discernem.

 

Dizem, no entanto, ávidos de clareza: espíritos mandam nele.

publicado por Revista Literatas às 09:26 | link | comentar

Lançamento do sexto volume da Antologia SPV/RN

O Lançamento terá lugar no próximo dia 29 do mês corrente em Natal.

A SPVA/RN sempre pensa e realiza com muito amor poético, literário e artístico toda sua produção de eventos e de publicações. Sempre é uma grande luta contínua, principalmente por falta de recursos para o auto-financiamente, esse é inexistente. Assim, torna-se de primordial importância o engajamento dos autores em sistema de co-produção editorial e financeira em suas obras impressas. Hoje, já é realidade o selo editorial da SPVA/RN, fato que motiva mais ainda seus sócios a continuarem na árdua labuta literária.
A colectânea foi plantada na época em que o jornalista poeta Paulo Augusto presidia a entidade e delegou à sócia Jania Souza a tarefa de organizar a primeira Antologia Literária sem pretensão de continuidade. Contudo, o resultado foi laureado com enorme sucesso que mobilizou o interesse dos filiados e admiradores, promovendo cinco volumes em sistema de autofinanciamento dos participantes para tornar possível o sonho da publicação.

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publicado por Revista Literatas às 08:57 | link | comentar

«O Carrossel de Lúcifer» - uma visão do mal como acto estratégico de Deus

Capa-O Carrossel de Lúcifer

 

PJ: Antes de mais nada começo por lhe pedir que desmonte o título do seu livro – «O Carrossel

de Lúcifer».


VE: Pensei que podia dar uma boa capa (risos). Na verdade, foi um desafio para a Bertrand: como interpretar no plano gráfico um título destes de forma a evitar um posicionamento transversal? Já vi o livro em pelo menos duas livrarias de renome na secção da ficção estrangeira em inglês, ou seja, por traduzir, na categoria de terror... Bom, pelo menos estava ao lado de Stephen King (risos). O que quero dizer, ao contar este episódio que faz ressaltar a dificuldade que alguns livreiros têm em catalogar o livro (e ainda bem que assim é), é que o título é deliberadamente provocador, porque é esse o seu mote mas no sentido de induzir no leitor sentimentos diversos, dúvidas, interrogações. Afinal, do que trata este romance? Porque lá dentro, cada leitor pode encontrar vários caminhos, várias interrogações, e catalogá-lo como bem entender. E é esse precisamente o objectivo da narrativa: não ser simplista ao ponto de se descobrir nela uma única camada de leitura, mesmo correndo o risco de a envolver numa forte carga simbólica. Para isso, precisava de ter um título que não fosse redutor, que traduzisse na medida do possível algumas ideias centrais, o fio condutor de uma história em aberto que espero que possa ser lida de modos bastante diferenciados. Agora, é óbvio que eu tenho a minha leitura pessoal do título, que presidiu à sua escolha, embora, como disse, fico feliz que outros o desmontem doutra maneira. Assim, e respondendo finalmente à sua questão, para mim, o título «O Carrossel de Lúcifer» remete acima de tudo para a luta entre o bem e mal, usando dois universos: o das crianças, simbolizado pelo carrossel, e o mundo dos adultos (um mundo manietado por Lúcifer, o Diabo, como metáfora da descida aos infernos que é preconizada por algumas personagens do romance). Uma segunda abordagem possível é a ideia da desordem, do caos, das doenças da sociedade moderna, não só no sentido patológico mas também metafísico. No fundo, é uma síntese possível da descrição de uma cosmogonia que vê a realidade, o nosso quotidiano, como o próprio Inferno, como um carrossel desgovernado em que todos somos obrigados a andar, em círculos, como se se tratasse de uma condenação dos seres humanos. E daqui resulta a segunda provocação que se segue ao título: «uma visão do mal com acto estratégico de Deus”.

 

 

 

publicado por Revista Literatas às 08:48 | link | comentar

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