Sexta-feira, 15.07.11

Realizar

Pedro Du Bois - Itapema

Realizo o sonho ao destino
ofertado. Retiro a irrealidade
e a contemplo em matéria
rio do segredo
descubro
avanço o tempo
à semeadura
e retorno em colheitas
a casa serve ao senhor
o estio ao crescimento da planta
depois do cultivo
sobre a terra
em inundações lavo a sombra
da irrealidade. Deposito
diante do homem
a sobra na satisfação
             do todo.
publicado por Revista Literatas às 06:14 | link | comentar

Malês

Geraldo Lima - Brasil
 

Pelas ruas de São Paulo, seguindo-a. Um negro em seu encalço. Assustada? Passos lépidos, ancas envolventes: uma princesa nagô, sem dúvida alguma. 

 

— Luíza Mahim. Senhora Luíza Mahim! 

 

Aproveitou a multidão e estacou. Uma princesa nagô, não tenho dúvida. 

 

— Que merda é essa! Não me chamo Luíza... 

 

— Mahim... Luíza Mahim, mãe de Luiz Gama...  

 

Perplexa. Querendo entender e não podendo. 

 

— Lembra-se dos malês? O Recôncavo Baiano, o quintal da sua casa... 

 

Já havia virado as costas, aborrecida. Fez assim com uma das mãos, como se dissesse: cada maluco que me aparece. 

 

Não a segui mais. Que se fosse, desconhecendo quem realmente era. Havia outras. Mais dia menos dia, uma se apresentaria diante de nós, uma princesa nagô: 

 

— Senhores, é por aqui. Eis o meu quintal... Vamos começar tudo de novo.
 

 


 

 

Geraldo Lima é autor dos livros A noite dos vagalumes (contos, Prêmio Bolsa Brasília de Produção Literária, FCDF), Baque (contos, LGE Editora/FAC), Nuvem muda a todo instante (infantil, LGE Editora),  UM (romance, LGE Editora/FAC), Tesselário (minicontos, Selo 3 x4, Editora Multifoco, 2011) e Trinta gatos e um cão envenenado (peça de teatro, Ponteio Edições, 2011). É colunista dos sites: O BULE www.o-bule.com e Portal Entretextos www.portalentretextos.com.br e do Jornal de Sobradinho http://emicles.blogspot.com/; Colabora com o Jornal Opção, em Goiânia, GO, e com a revista TriploV www.triplov.com. Mantém o blog BAQUE www.baque-blogdogeraldolima.blogspot.com.br email: gera.lima@brturbo.com.br Twitter: @gerassanto.com    
publicado por Revista Literatas às 06:10 | link | comentar

Vista A Minha Pele

Silas Correia Leite - Itararé


Para Júlio Hendrix Silva Rodrigues

 

 

Assuma a minha cor
Seja você quem for
Capture radicalmente a minha dor
Bem lá dentro de mim
E procure me compreender melhor assim

Vista a minha pele
Eu sou igualzinho a você
Ser Humano, porque
Corpo, Mente, Banzo, Coração
Então questione racismo e discriminação

Vista a minha pele
Sou vermelho por dentro
E negro sempre cem por cento
Afrobrasilis, Afrodescendente
Muito além de para sempre
Inteiramente ser humano e sobretudo gente

Vista a minha pele
Vista-se epidermicamente de mim
E procure me entender como seu igual assim
Seu irmão da humana cósmica raça
E sinta tudo o que dentro de mim se passa

Assim você muito bem confere
Assim você vai realmente se sentir
Lá dentro da minha própria pele
Como eu quero ser árvore de leite e florir
Como eu quero ser janela de pão e me abrir
Como eu quero ser estrada de açúcar e prosseguir
Como eu quero o fim de diáporas e sorrir
Sem nenhum branco para me ferir
E você vai captar essencialmente então
A verdadeira pureza do que é primordial
E o que eu quero é total libertação
E todos iguais na aquarela da coloração
Numa brasileiríssima democracia racial

Vista a minha pele
Seja um pouco eu mesmo um negrão aí
Dentro de você - Para você sentir
Sou preto brasileirinho
Sou negrão e sou negrinho
Sou Negro e Ser Humano de igual valor
E tenho a África nas moendas e engenhos no meu interior

Depois de me vestir e depois de se sair de si
Deixando de ser eu negro aí
Venha me estender a sua mão
E, de coração para coração
Abrace-me como um seu completo irmão
A pele espiritual sendo uma só então
Numa sagrada e sideral celebração.

 

publicado por Revista Literatas às 06:06 | link | comentar

Lica Sebastião estreia com “Poemas sem Véu”

A poetisa Lica Sebastião lançou “Poemas sem Véu” na mediatéca do BCI. O livro prefaciado por Francisco Noa faz uma incursão a diversas sonoridades artísticas.

Mesmo escrevendo há muito tempo, só agora Lica Sebastião se estreiou em livro com Poemas sem Véu. Numa mistura de poesia e artes plásticas, Lica procura explorar as diferentes da arte e vai desvendando os diversos momentos que fazem uma sociedade como se estivesse a celebrar sua própria existência.

Quem leu os versos de Lica Sebastião parece ir ao encontro da ideia expressa no prefácio de Noa de estarmos perante uma escrita que  que afirma de modo quase cortante  a sua condiçao de poesia. Nos referimos a forma tensa como se escolhem as interligações.
Poemas sem véu sai com o selo da Alcance Editores.
publicado por Revista Literatas às 06:01 | link | comentar

A Xitsuketa

Amélia Matavele - Maputo

 


Somos dois…
Dois corpos, duas almas, dois animais
Mas quem somos? 

Podemos até ser três!
Vigora a dita geração de viragem
Mas quantos somos? 

Somente saberemos isso
Ao gosto das palmas
A lua aberta, a sol nú
E a estrelas ousadas… 

Somos um!
Mesmo desejo e agressividade animal
Que faz gerar dinamismo no brutalismo
Dum sentimentalismo 

Hum! E assim começamos
Dois corpos, dois instintos
Uma lua aberta
Um sol nú e estrelas
Aplaudindo a nossa mais nova dança! 

Uma dança…
Uns instintos únicos…
Uma xitsuketa!
Abalando os corações dos que a assistem 

Uma dança com dois
Pode até ser com três!
Dança que renasce após a adolescência…
A dois!

publicado por Revista Literatas às 06:00 | link | comentar

A Revista Literatas

é um projeto:

 

Associação Movimento Literário Kuphaluxa

 

Dizer, fazer e sentir 

a Literatura

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