Terça-feira, 07.06.11

Um pouco sobre Eduardo White


Escritor moçambicano, Eduardo Costley White nasceu em Quelimane (Moçambique), a 21 de Novembro de 1963.

O poeta integrou um grupo literário que fundou, em 1984, a Revista Charrua. Junto a outros poetas, colaborou também com a Gazeta de Letras e Artes da Revista Tempo, publicação cuja importância, assim como Charrua, foi indiscutível para o desenvolvimento da literatura moçambicana. Por intermédio desses periódicos, afirmou-se um fazer poético intimista, caracterizado pela preocupação existencial e universalizante.

Numa preocupação com as origens, Eduardo White tenta na sua poesia reflectir sobre a sua história e sobre Moçambique, numa tentativa de apagar as marcas da guerra e de dignificar a vida humana. Para isso, escreve através de um amor diversificado que pode ser pela amada, pela terra ou mesmo pela própria poesia, sempre num tom de ternura, de onirismo, de musicalidade e, por vezes, de erotismo.
(“Eduardo White” in Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2008
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-rNPllrzoFoI/Te4kb6qXICI/AAAAAAAAATA/6IdYfJ0Lol0/s1600/eduardo+white.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;" rel="noopener"><img border="0" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-rNPllrzoFoI/Te4kb6qXICI/AAAAAAAAATA/6IdYfJ0Lol0/s320/eduardo+white.jpg" width="236" loading="lazy" /></a></div><link href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CADMINI%7E1%5CLOCALS%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml" rel="File-List" /><link href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CADMINI%7E1%5CLOCALS%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_editdata.mso" rel="Edit-Time-Data" /><o:smarttagtype name="metricconverter" namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags"></o:smarttagtype><style></style><span style="text-decoration: none;"></span><br /><div class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span><span lang="PT"></span><span lang="PT"> Escritor moçambicano, Eduardo Costley White nasceu em Quelimane (Moçambique), a 21 de Novembro de 1963. <br /><br />O poeta integrou um grupo literário que fundou, em <st1:metricconverter productid="1984, a" w:st="on">1984, a</st1:metricconverter> Revista Charrua. Junto a outros poetas, colaborou também com a Gazeta de Letras e Artes da Revista Tempo, publicação cuja importância, assim como Charrua, foi indiscutível para o desenvolvimento da literatura moçambicana. Por intermédio desses periódicos, afirmou-se um fazer poético intimista, caracterizado pela preocupação existencial e universalizante.<br /><br />Numa preocupação com as origens, Eduardo White tenta na sua <b>poesia </b>reflectir sobre a sua história e sobre Moçambique, numa tentativa de apagar as marcas da guerra e de dignificar a vida humana. Para isso, escreve através de um <b>amor</b> diversificado que pode ser pela <b>amada</b>, pela <b>terra</b> ou mesmo pela própria <b>poesia</b>, sempre num tom de ternura, de onirismo, de musicalidade e, por vezes, de erotismo. <br />(“Eduardo White” in Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2008 <url: _x0024_eduardo-white="" http:="" www.infopedia.pt="">)<br /><br />Moderníssimo, kafkiano, os seus textos apontam para uma leitura poética metalinguística, ou seja, em que os poemas, ao engendrarem a si mesmos, contam, paralelamente, a história de seu povo (amores, sofrimentos, opressões, miséria, estigmas das guerras, etc.) e a história da própria linguagem literária.<o:p></o:p></url:></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="background-color: black; color: red;"><span lang="PT">O que vocês não sabem e nem imaginam</span></b><span lang="PT"><br /><br /><i>Vocês não sabem</i><i><br /><i>mas todas as manhãs me preparo</i><br /><i>para ser, de novo, aquele homem.</i><br /><i>Arrumo as aflições, as carências,</i><br /><i>as poucas alegrias do que ainda sou capaz de rir,</i><br /><i>o vinagre para as mágoas</i><br /><i>e o cansaço que usarei</i><br /><i>mais para o fim da tarde.</i><br /><br /><i>À hora do costume,</i><br /><i>estou no meu respeitoso emprego:</i><br /><i>o de Secretário de Informação e de Relações </i><br /><i>[Públicas.</i><br /><i>Aturo pacientemente os colegas,</i><br /><i>felizes em seus ostentosos cargos,</i><br /><i>em suas mesas repletas de ofícios,</i><br /><i>os ares importantes dos chefes</i><br /><i>meticulosamente empacotados em seus fatos,</i><br /><i>a lenta e indiferente preguiça do tempo.</i><br /><br /><i>Todas as manhãs tudo se repete.</i><br /><i>O poeta Eduardo White se despede de mim</i><br /><i>à porta de casa,</i><br /><i>agradece-me o esforço que é mantê-lo,</i><br /><i>alimentado, vestido e bebido</i><br /><i>(ele sem mover palha)</i><br /><i>me lembra o pão que devo trazer,</i><br /><i>os rebuçados para prendar o Sandro,</i><br /><i>o sorriso luzidio e feliz para a Olga,</i><br /><i>e alguma disposição da que me reste</i><br /><i>para os amigos que, mais logo,</i><br /><i>possam eventualmente aparecer.</i><br /><br /><i>Depois, ao fim da tarde,</i><br /><i>já com as obrigações cumpridas,</i><br /><i>rumo a casa.</i><br /><i>À porta me esperam</i><br /><i>a mulher, o filho e o poeta.</i><br /><i>A todos cumprimento de igual modo.</i><br /><br /><i>Um largo sorriso no rosto,</i><br /><i>um expresso cansaço nos olhos,</i><br /><i>para que de mim se apiedem</i><br /><i>e se esmerem no respeito,</i><br /><i>e aquele costumeiro morro de fome.</i><br /><br /><i>Então à mesa, religiosamente comemos os quatro</i><br /><i>o jantar de três</i><br /><i>(que o poeta inconsta</i><br /><i>na ficha do agregado).</i><br /><br /><i>Fingidamente satisfeito ensaio</i><br /><i>um largo bocejo</i><br /><i>e do homem me dispo.</i><br /><i>Chamo pela Olga para que o pendure,</i><br /><i>junto ao resto da roupa,</i><br /><i>com aquele jeito que só ela tem</i><br /><i>de o encabidar sem o amarrotar.</i><br /><br /><i>O poeta, visto depois</i><br /><i>e é com ele que amo,</i><br /><i>escrevo versos</i><br /><i>e faço filhos. </i><br /><i>[...]</i><br /><br /><i>(p.240-241)</i><br /><br /><i>*</i><br /><i>[...]</i><br /><i>Não faz mal.</i><br /><br /><i>Voar é uma dádiva da poesia.</i><br /><i>Um verso arde na brancura aérea do papel,</i><br /><i>toma balanço, </i><br /><i>não resiste.</i><br /><br /><i>Solta-se-lhe</i><br /><i>o animal alado.</i><br /><i>Voa sobre as casas,</i><br /><i>sobre as ruas,</i><br /><i>sobre os homens que passam,</i><br /><i>procura um pássaro</i><br /><i>para acasalar.</i><br /><br /><i>Sílaba a sílaba,</i><br /><i>o verso voa.</i><br /><br /><i>E se o procurarmos? Que não se desespere, pois nunca o iremos encontrar. Algum sentimento o terá deixado pousar, partido com ele. Estará o verso conosco? Provavelmente apenas a parte que nos coube. Aquietemo-nos. Amainemos esse desejo de o prendermos.</i><br /><br /><i>Não é justo um pássaro</i><br /><i>onde ele não pode voar</i><br /><i>(p.244)</i><br /><i>**</i><br /><i>Por exemplo, o fogo.</i><br /><i>O fogo estabelece e seu trabalho,</i><br /><i>a sua centígrada destreza para arder.</i><br /><i>E não sei se notaste</i><br /><i>que na digital matriz da suas febres</i><br /><i>o fogo opõe-se,</i><br /><i>insubmisso,</i><br /><i>a morrer.</i><br /><br /><i>Arde como se definitivo</i><br /><i>e quando assim sucede tende a crescer,</i><br /><i>busca aquela leveza das altas labaredas,</i><br /><i>a implícita tontura das fagulhas.</i><br /><i>O fogo arde como se quisesse fugir do chão,</i><br /><i>das suas cavernas metalúrgicas,</i><br /><i>ascende ao impulso dos foguetões,</i><br /><i>à infância astral, à casa solar.</i><br /><br /><i>O fogo entristece, por vezes.</i><br /><i>Chora inflamável na sua fatalidade terrestre</i><br /><i>a estranha e lenhosa prisão</i><br /><i>que o prende e embrutece.</i><br /><br /><i>Quer voar, </i><br /><i>quer a sua ancestral condição de estrela</i><br /><i>mas na corrida espacial com que o fogo queima,</i><br /><i>na perpétua evasão,</i><br /><i>a gula intestina-o</i><br /><i>a sua pressa.</i><br /></i></span><i>(p.245)</i><o:p></o:p></div>
publicado por Revista Literatas às 07:17 | link | comentar

Quando Estivermos Vivos


 Deusa D´África – Xai-Xai

Quando estivermos vivos
Nos amaremos e activos
Permaneceremos causando gana
Aos que não são amados, e de quem aos estóicos emana. 
Quando estivermos vivos
Abraçarmo-nos-emos na varanda
E pararemos a lua
Para que não haja sol na rua

Quando estivermos vivos
Eu e tu seremos um
Iguais a outro casal nenhum
E em cada solo nosso sémen fecundará o alimento do povo, o pão. 
Quando estivermos vivos
Todos dias serão dias de sarau
Sarau serenatas e satisfação em semblantes
Sem lugar para os com cara de pau. 
Quando estivermos vivos
Gargalharemos de tal maneira
Que nossos olhos jorrarão, água
Que inundará  a cidade de felicidade. 
Quando estivermos vivos
Como ovíparos pariremos, um enxame de príncipes,
Que serão os munícipes
Desta cidade sem mocidade. 
Quando estivermos vivos
Beberemos água gelada
Que neste tormento nem a fada
Nos pode dar por misericórdia, ou por compaixão
Mesmo vendo que em nós há paixão.  
publicado por Revista Literatas às 07:13 | link | comentar | ver comentários (1)

Feridas do passado


Nelson Lineu – Maputo
Ao Réne e Charles


 O passado traz-nos feridas
presas na lenda
num leito de dor desumano
dentro dum cristal da pobreza
que desembarca no oceano.

De certas coisas
quisemos sair de mãos vazias
porque não mereciam ser  lembranças

mas vemos tudo de novo tudo na água das nossas bacias
e não fizemos buscas
pensamos que se afogaram
mas amanhã firmemente fazem-nos rusga.
publicado por Revista Literatas às 06:45 | link | comentar | ver comentários (1)

A Noite


Nico Tembe – Maputo

A noite chama-te para dançar
A rumba das estrelas e da lua...
A noite te faz despertar
Sem sono de não acordar,
Mas de penetrar em cada virada sua

Já paraste para perguntar sua mente
Se esta alegre ou descontente
Com esse retoque diferente
Que na noite se faz presente

Consciente
Do deluviu confidente
Que te faz acordar de repente

Será?
Que ansiedade não cala
Se faz pregar em sua cara
De um amanhã que já te fartará
Dessa insónia dormente.
A Noite
publicado por Revista Literatas às 06:39 | link | comentar

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