Sexta-feira, 03.06.11

Um leproso no meio do caminho se sentindo

Eduardo Quive - Maputo

A vingança é um prato frio, em que qualquer um pode se lambuzar, de acordo com os seus feitos.
São as minhas pálpebras atordoadas de surpresas, que num acto de sensibilidade e sobretudo de medo, questionaram a presença de um leproso em plena via pública, como de um perigo para a sociedade se tratasse.
Também subestimei a minha forma de pensar, a minha maneira de agir, em suma, a minha atitude quase desumana, de olhar para um compatriota, que simplesmente sente as torturas da natureza selvagem na sua pele.
Vi o homem ali sentado, descascado, com a pele se despelando, de certeza procurando sentir do coração as dores e olhar detalhadamente para os seus dedos caindo aos bocados. Muitos passavam daquele lugar, mas ninguém sentiu o que senti.
O meu peito ficou trémulo, a cabeça batia como se fosse um tambor que suporta a fúria dos artistas e os meus pés davam passos assustados, os olhos esses já não eram meus, o homem já tinha os arrancado de mim.
Com as mãos na cabeça o homem parecia cada vez mais se contorcendo de tanta dor, uma dor que vem do interior, levando com sigo o ódio e a raiva de estar vivo, o homem nem se quer gritava, muito menos chorava. Estava calado e bem calado. Não parecia nada.
Quem o visse à primeira vista, só de raspão até pensaria que tivesse bebido qualquer coisa, como aguardente, mas juro que não era. Nem isso, nem outra coisa. Era uma dor ardorenta, amarga, apertada e sufocada que lhe saía do interior da forma mais tranquila.
O homem buscava a dor da forma mais aternurada. Tranquilamente, que o possível. Mas em gestos era tudo sinal de dor. Muita dor. Mordia os dentes e os lábios, ainda os molhava. Coçava as pálpebras com muita raiva, como se alguém estivesse por de trás daquela dor e o cutucasse, acredito que com as suas mãos, precisasse coçar-se. Mas não podia. Os dedos estavam a arder de tanta dor interior, estavam a desdilharem – se da forma muito lenta e dolorosa.
Ele já não era nada mais, do que um leproso no meio do caminho se sentindo, com cheiro a fedor que deixava as moscas na fúria e cobiça. E tinham poder sobre ele. Sem poder fazer absolutamente nada. Nada mesmo. Era só pousada e picada. Dor e fervor. Irritação e raiva. Os homens que por aí passavam é que não o cobiçavam.
Eu estava ali. Embora de passagem. Mas estava ali. Com ele. Sentindo a dor, de certeza mais do que ele.
publicado por Revista Literatas às 06:45 | link | comentar

Madjermanes

Izidine Jaime - Maputo


O sol estoirava o tempo
Cicatrizando passos no alcatrão
Os olhos variam-se
aos ouvidos desocupados. 
A música triste
cantava nas bocas injustiçadas
E as mensagens aos “Senhores”
eram  claras e abstractas. 
Bandeiras alemãs apontavam dedo aos apatriados
E nas vozes sem melodia
Exaltavam:
“Abaixo aos Mugabes da Região”. 
Transpiravam a dor
E em manchetes recicladas:
“Povo não sejam cobardes”
Desfilavam angústias, cantando dessabores. 
De vestes desnutridas espalhavam a mensagem
Nas 4as feiras
A avenida Eduardo Mondlane
Virou palco de exibições desapatriadas. 

publicado por Revista Literatas às 06:41 | link | comentar

Que Triste Sina a Dos Versos Meus

Deusa D´África - Xai-Xai


Versos meus sangram
Mesmo quando se alegram
Ensanguentando a papelada
Que mora nas gavetas
Esperando os ratos que se integram
Na leitura do conteúdo sem metas 

Versos meus morrem
De nervos e dor
No banco de socorro
Enquanto o médico
Delicia-se de uma boa mandriice
Na sala de urgências
De uma boa contabilidade
Da sua remuneração
Que o inconforma
Por tê-la que dividir
Com suas enteadas,
Em troca de sexo
Crescendo por fora
A taxa de mortalidade
Junto com as obrigações públicas
Sem integridade
Nem idoneidade. 
publicado por Revista Literatas às 06:11 | link | comentar

Eu com você

Wilma Boss – Brasil

Hoje eu queria compor uma música bonita 
Para oferecer a você, compor por você...
Hoje eu queria dizer as palavras mais lindas
Dos poetas antigos, de tempos idos...
Hoje eu queria gritar: não se vá, fica... modifica
Encante-me com seu sorriso, sua voz, seus gestos
Sua música, sua poesia... sua alegria.
Hoje eu quero que você apareça, que não se esqueça
Que me mereça... que me aqueça.
Vamos, o caminho é curto, a vida é longa
O sentimento é forte, o dia é de sorte...
Hoje, eu quero compor para você, me unir a você
Quero ser você e só para você
Vem...
tags: ,
publicado por Revista Literatas às 06:08 | link | comentar

Concursos alusivo aos 30 anos da APALA

APALA
ACADEMIA PAN AMERICANA DE LETRAS E ARTES
Fundada em 12 de Agosto de 1981



Rio de Janeiro, 04 de Maio de 2011
                         
           Caríssimos Confrades,

Neste ano de 2011, nosso sodalício completa 30 anos. Como parte da programação de aniversário, publicaremos a X Antologia e realizaremos 4 concursos literários.  Serão instituídas medalhas em homenagem aos 04 presidentes do quadro “In Memorian”.

a)      Publicação da X Antologia da APALA, intitulada: “ANTOLOGIA DE 30 ANOS

 Livro com 112 p. capa em  cores, plastificada fosca, no cartão 350 gramas (mais durinho do que o dos livros em geral, que é de 250 gramas), miolo em couchê 80 gramas, formato 14 x 21cm.
       Os textos poderão ser em verso ou em prosa, fonte “Times New Roman, tamanho 12” Trinta linhas por página. Mande uma pequena biografia, no máximo 05 linhas. Valor da página R$ 120,00. O autor receberá 10 livros por cada página que participar. Depositar na conta: BRADESCO - Agência 1546 – 6 Conta corrente 10332-2 . Enviar o comprovante de depósito junto com os textos.  Se preferir, mande um cheque nominal cruzado para Benedita Silva de Azevedo, até 30 de Maio de 2011.
Regulamento para os concursos
b) XI Concurso de Poesia da APALA “Medalha Dylma Cunha de Oliveira” 
TEMA:  Audácia  – Cada participante poderá concorrer com apenas uma poesia inédita, de sua própria autoria, em Língua Portuguesa, com no mínimo, 10 versos e no máximo, 30, usando pseudónimo como assinatura.   Remetente: XI CONCURSO DE POESIA DA APALA.
c) IV Concurso de Crónicas da APALA “Medalha Luiz Ivani de Amorim Araújo” (mini crónica – no máximo 30 linhas)
TEMA: Coragem - Cada participante poderá concorrer com apenas uma Crónica inédita, de sua própria autoria, em Língua Portuguesa, com no máximo 30 linhas, usando pseudônimo como assinatura. Remetente: IV CONCURSO DE CRÔNICA DA APALA
d) I Concurso de Trovas da APALA “Medalha Francisco Silva Nobre”
TEMA: Fortaleza - Cada participante poderá concorrer com apenas uma TROVA  (lírico-filosófica)  inédita, de sua própria autoria, em Língua Portuguesa usando pseudónimo como assinatura. Remetente:   I CONCURSO DE TROVA DA APALA


e) I Concurso de conto da APALA “Medalha Eduardo Victor Viscont” (mini-conto – máximo 30 linhas)
TEMA: Cultura - Cada participante poderá concorrer com apenas um Conto inédito, de sua própria autoria, em Língua Portuguesa, com no máximo 30 linhas, usando pseudónimo como assinatura. Remetente: I CONCURSO DE CONTO DA APALA
1 - Poderão participar todos os poetas e escritores brasileiros ou dos países de Língua Portuguesa, com idade superior a 18 anos. Os membros da Directoria da APALA não poderão concorrer.
2 – Os textos de cada concurso deverão ser enviados em 03 vias, digitados ou dactilografados, em papel  A 4, sem timbre ou qualquer identificação, espaço 1,5 , fonte 12 Times New Roman, em envelope grande.  Em um envelope pequeno, lacrado, envie, nome, pseudónimo, endereço postal e de e-mail, telefone e um mini currículo de 10 linhas.  O envelope pequeno deve seguir junto com os textos, dentro do envelope grande.    Enviar até 30 de Setembro de 2011.
3. Para onde enviar:
A/C de Benedita Azevedo
Rua Carlos Franco, 179, Praia do Anil
25.930 – 000 Guia de Pacobaíba, Magé – RJ – Brasil

4. Classificação: OURO, PRATA, BROZE e 3 menções Honrosas
6. Os trabalhos classificados serão lidos pelos autores ou pessoas indicadas por eles ou pela Directoria. Não podendo ser membro da Directoria. O melhor declamador também receberá a Medalha referente ao concurso que participa.

5. Cada intérprete só poderá defender um trabalho.
6. Os trabalhos enviados não serão devolvidos
7. O julgamento será feito por uma comissão instituída pela Presidência da APALA
8. O resultado e entrega dos prémios realizar-se-ão no dia 09 de Dezembro de 2011.
9. Os poemas premiados serão publicados na Antologia da APALA de 2012. A sua participação no Concurso já nos autoriza a publicar seu texto. Cada autor classificado receberá 3 exemplares, a título de direito autoral, nada mais lhe cabendo reclamar ou reivindicar.


Atenciosamente

Benedita Azevedo - presidente
publicado por Revista Literatas às 06:04 | link | comentar

Comunicado da Academia Pan Americana de Letras e Artes

APALA
Academia Pan Americana de Letras e Artes
Fundada em 12 de Agosto de 1981
    
                            
                           Rio de Janeiro, 01 de Junho de 2011

         
Caríssimos confrades,            

Continuaremos, neste mês de Junho, as actividades académicas de nosso sodalício. A  APALA completará 30 anos de sua fundação, no dia 12 de Agosto.

As nossas sessões acontecem na 2ª sexta-feira de cada mês, com início às 16 horas e término às 18 horas.

Em nossa reunião de Junho teremos a palestra a ser proferida pelo Profºª. LUIZ POETA, intitulada:  AS DORES E AMORES DE DOLORES DURAN".
     
Tragam seus textos e os apresentem na hora de arte. Sua presença será a maior retribuição ao nosso trabalho académico.            
Ao final, será servido o costumeiro lanche de confraternização.
      
          Atenciosamente,
                                                              
                                                      
BENEDITA AZEVEDO – Presidente

Local:   Auditório da FALARJ
R. Teixeira de Freitas, Nº 5, 3º andar, sala 303, Passeio Público   – RJ

publicado por Revista Literatas às 06:00 | link | comentar

A Revista Literatas

é um projeto:

 

Associação Movimento Literário Kuphaluxa

 

Dizer, fazer e sentir 

a Literatura

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