Sexta-feira, 27.05.11

Governo nega registo da fundação Craveirinha


 Eduardo Quive - Maputo
José Craveirinha, considerado Poeta-maior de Moçambique

Teve lugar ontem em Maputo, um evento de relançamento da obra Maria, do Poeta-mor moçambicano, José Craveirinha, o considerado poeta maior de Moçambique e distinguido Herói Nacional, pelo seu envolvimento para a libertação do País e integridade do negro, através da palavra.
O acto, encuadra-se nas celebrações do seu 89º aniversário do Nascimento do poeta, que se assinala no dia 28 de Maio.
Craveirinha, tal como Malangatana, fizera sua luta através da arte e exerceu um fundamental papel para a elevação do nome de Moçambique além fronteira e interco0nalizou-se com a sua poesia que é o exemplo da Negritude.
A morte o surpreendeu a seis de Fevereiro de 2003, vítima de doença e a daí, os seus restos mortais foram depositados da cripta da Praça dos Heróis Moçambicanos oficializando-se, igualmente, a elevação do Homem a Herói Nacional.
Entretanto, depois da sua morte, a família Craveirinha submeteu nos finais de 2007, uma escritura para a criação da Fundação José Craveirinha, com objectivo de preservar o seu legado que constitui um autêntico valor cultural do país e do mundo, para além de existirem vários documentos por conservar e que podem ser de domínio público.
Zeca Craveirinha, filho do Poeta – mor, falando no acto de Homenagem e relançamento da obra “Maria”, por sinal, a última obra que seu pai lançou e a mais importante, disse que a maior preocupação da família é a preservação do legado histórico de José Craveirinha através da criação duma fundação com o seu nome, uma proposta que está a mais de três anos nas mãos do governo.
“Quando lembro-me do meu pai, ele inspira-me para mais alguma coisa, mas a minha maior preocupação é andarmos para frente com coisas concretas e isso não estou a ver. Já devia existir a fundação José Craveirinha e porque é que não existe?”.
Para explicar a sua preocupação, Zeca Craverinha prosseguiu afirmando que “a família já submeteu os estatutos ao Ministério da Cultura mas a anos estamos a espera. É isso que me preocupa.”
Quando perguntado se as acções do governo para Homenagear José Craveirinha satisfazem a família, Zeca respondeu que “é insuficiente. Estou preocupado”.
publicado por Revista Literatas às 03:39 | link | comentar | ver comentários (1)

Reza, Maria

Suam no trabalho as curvadas bestas
E não são bestas
São homens, Maria!

Corre-se a pontapés os cães na fome de ossos
E não são cães
São seres humanos, Maria!

Feras matam velhos, mulheres e crianças
E não são feras, são homens
E os velhos, as mulheres e as crianças
São os nossos pais
                                             Nossas irmãs e nossos filhos, Maria!

Crias morrem à mingua de pão
Vermes na rua estendem a mão à caridade
E nem crias, nem vermes são
Mas aleijados meninos sem casas, Maria!

Do ódio e da guerra dos homens
Das mães e das filhas violadas
Das crianças mortas de anemia
E de todos os que apodrecem nos calabouços
Cresce no mundo o girassol da esperança

Ah! Maria,
Põe as mãos e reza
Pelos homens todos
E negros de toda parte
Põe as mãos
E reza, Maria!

Um dos Poemas da obra "Maria" de José Craveirinha
publicado por Revista Literatas às 03:35 | link | comentar

Convite


 A Diretoria da Academia de Letras de Taguatinga, em
 seu último ato administrativo do biênio que se encerra, convida Vossa
 Senhoria e família para a posse da Nova Diretoria Administrativa,
 denominada Castro
 Alves, composta por:

 Gustavo Dourado, Presidente,
 Margarida Drumond, Secretária Geral,
 Emanuel Lima, Tesoureiro,
 Donato Epifânio,Segundo Tesoureiro.

 Haverá ainda a posse do Conselho Fiscal, composto por:

 Titulares:

 Nara Nascimento e Silva,
 José Aureliano dos Reis,
 Hélio Soares Pereira

 Suplentes:

 Porfírio Magalhães,
 Antônio Tenório dos Reis
 Pedro Gomes da Silva.

 Serão empossados os seguintes Secretários Gestores:

 Administrativo, José Orlando Pereira da Silva;
 Comunicação e Divulgação, Ildefonso Sambaíba;
 Biblioteca e Arquivo, Aydson Oliveira Cruz;
 Cultura, Custódia Wolney,
Assessoria Jurídica,Oldina Eustórgio da Silva.

 Será empossado o Conselho Consultivo.

 Na ocasião,comemorar-se-á os 53 anos de Taguatinga e o
 Jubileu de Prata da Academia de Letras de Taguatinga.
 Lançamento do Nº1 da Revista Acadêmica da ALT–DF.
 O público será brindado com atrações artísticas e
 recital poético de escritores da ALT–DF.
 Participação especial do Coral Alegria, sob a regência
 da maestrina Ana Boccucci e do compositor Nestor Kirjner;
 Apresentação do mímico Abder Paz,com o espetáculo "o Trabalhador"
 Voz e Violão: Aneir Antônio; Donato Epifânio e Luiz
 Gonzaga de Oliveira/Moisés Alfredo;
 Causos e poemas apresentados por Ruiter Lima;
 Performance da atriz Sandra Schneider.

 Data: 04 de Junho de 2011, às 19 horas.

 Local: Praça do DI – CNA 02 Lote 11 - Edifício
 Gonçalves Dias–Auditório–5º Andar.Taguatinga - DF
 Informações : 32011745(ALT-DF,à tarde)
 93281839(Gustavo)
 92187694(Ronaldo)

 Os académicos, académicas e convidados serão
 recepcionados pela equipe de relações públicas da ALT-DF.
publicado por Revista Literatas às 03:28 | link | comentar | ver comentários (1)

Prosa Poética de Aline Pereira


Aline Pereira – Rio de Janeiro

O meu herói é um sertanejo perseguido pela polícia, ao mesmo tempo em que sonha com uma história de amor. Todos esperam fugir com o que ele esconde, e sentem muita sede, mas a água é propriedade da mulher que esfria sob a iluminação dramática da biblioteca. Ele se pergunta se ela estaria no palco de encenação das nuvens, enquanto a moça é envidraçada, como ossos de crianças vendidas por igrejas romanas. Ele, que um dia guardara o sonho no fundo dos olhos, foi o arquétipo romântico que a leitora inventou. Rebelde, apaixonado, veio atrás da observadora estática de um olho único. Eram tantos livros que ele apenas sorria com seu par de órgãos em movimento constante. Bastava. Ela era cinza, fria e dura mesmo antes de morta. Agora, as esmeraldas pelas quais ele se perdera cabem num baú sob a terra. A terra é lugar dele também, mas seus pés ainda pisam o chão, e ele sente na palma a correnteza do rio que passa por debaixo. Seu nome, o pai lhe dera porque achava bom. Vinha de uma família de homens. Fosse um nome de mulher como Ismália, ele mesmo, o pai, levantaria uma torre alta para pular no espelho em noite de lua gorda. Mas a mata, a biblioteca, e todo espaço é agora para o meu herói um tempo em suspensão, onde se encontram o silêncio e a ausência. A mulher morta que ele amou sempre teve predileção pelo oculto e pelos labirintos cheios de dobras como origamis. Ela não buscou nada, tampouco fugiu, mas ele foge o tempo todo, e também busca e carrega o que pode. Para trás apenas a cabana queimada, sem sementes. Conforme a hora do dia, ele chega numa praia e observa o mar aludindo ao eterno movimento do universo e da vida. O fim do mar não há, mas o outro lado sim. Do outro lado, os pássaros observam o snorkel no arquipélago. Na Ilha, meia dúzia de esposas sabem que o céu está a venda, e do barco o homem do leme grita pra elas: "Forjai lâminas!" Elas tremem pois sabem que precisam mesmo das armas. Meu herói, que já não  é mais um menino, nunca teve mãe. Um menino, se descoberto, foge pra casa mesmo que sua mãe não permita a sua entrada e o obrigue a se desculpar com as onças. O meu herói não vai poder terminar a sua caminhada em busca do arco-íris. Ele mergulha no tanque elíptico do infinito para esquecer que nunca deixou de ser homem. Nadando o quanto pode nesse espaço que não se permite conhecer, atualiza-se em peixe, renascendo do inusitado, e adquire formas e cores variadas, fazendo seu corpo flutuar no encantamento.





______________________________________


Aline Pereira


Sou formada em Publicidade, atualmente estudo Letras (Português / Literaturas) na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), tendo optado pelos estudos literários. Colaboro com trabalhos em pesquisa de Literatura Brasileira. Tive um artigo publicado na revista SOLETRAS (UERJ) em 2010, Traços do Decadentismo na poesia brasileira de 1880 a 1920: Raimundo Correia e Gilka Machado. No mesmo ano ganhei o segundo lugar, no gênero Poesia, em um concurso de Literatura promovido pela UERJ, e meu poema Sonolência foi publicado na revista Relevo (UERJ). Dedico-me a escrever poesia e prosa poética, deixando alguns de meus escritos no blog http://tudomenosumpouco.blogspot.com/. Entrar em contato com outros textos, como os contemplados pela revista Literatas, é certamente de meu interesse.



publicado por Revista Literatas às 03:24 | link | comentar

"Poeta como Ninguem"


Mauro Brito – Maputo

Certamente nunca fui ninguém

Hoje sou essa veia de cultura na letra

café com letras dançando

pois poetas ficam inalando o sabor da chuva



Nos caminhos da solidão, sequer tem

bandeira

veste se de poeira que intitula a estrada

poeira negra que teima nas estradas nacionais

repetindo gostos não atontadiço





Poetas exercitam se nas no alfabeto

Prendem se espectrografia multicolor

com belas jogadas insistentes

aldrabando a sociedade embriagada

Domesticado nas letras



incumbido de novas missões

querendo ser muitas vidas

pé descalço, ranhoso, estaladiço

maltrapilho no mundo dos sapatos sem sola
publicado por Revista Literatas às 03:21 | link | comentar

A Revista Literatas

é um projeto:

 

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Dizer, fazer e sentir 

a Literatura

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