Quarta-feira, 04.05.11

MAPUTO: CCBM SEDE DAS CELEBRAÇÕES DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA - 5 DE MAIO


Comunidade dos Países da Língua Portuguesa

5 de Maio
Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP

O dia 5 de Maio foi fixado como a data em que é anualmente comemorada a “Língua Portuguesa e a Cultura da CPLP”, uma decisão saída do XIV Conselho de Ministros da CPLP, realizado em Junho de 2009, em Cabo Verde.
Nesta data, os ministros dos Negócios Estrangeiros e das Relações Exteriores recomendaram aos Estados-membros, às instituições da CPLP, aos Observadores Associados e Consultivos e às diásporas dos países da CPLP, a comemoração do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP, tendo em vista a sua afirmação crescente nos Estados membros e na Comunidade internacional, pelo facto de a língua portuguesa constituir, entre os povos da comunidade, um vínculo histórico e um património comum resultantes de uma convivência multissecular que deve ser valorizada, como também, a língua portuguesa é um meio privilegiado de difusão da criação cultural entre os povos que falam português e de projecção internacional dos seus valores culturais, numa perspectiva aberta e universalista.
Em Maputo, este ano, numa organização conjunta das missões diplomáticas da CPLP – Comunidade dos Países da Língua Portuguesa em Maputo, cuja Presidência está actualmente a cargo da República de Angola, terá lugar, às 18 horas, nas instalações do Centro Cultural Brasil - Moçambique, uma mesa redonda comemorativa a efeméride.
Na programação consta um painel a serem abordados pela Drª Albertina Moreno, pelo Prof. Doutor Gregório Firmino e pelo Prof. Dr. Lourenço do Rosário, temas esses relacionados com a língua portuguesa, designadamente o Acordo Ortográfico, a língua portuguesa como língua moçambicana, a língua portuguesa na região do Índico e a língua portuguesa no contexto educacional em Moçambique, seguido de debate.
No âmbito da programação está ainda prevista uma apresentação do projecto Shoesia, da poeta e cantora moçambicana Tânia Tomé, evento cultural que incorpora declamação de poesia, canto e todo as outras formas de expressão cultural.

PROGRAMA DO DIA 5 DE MAIO

Sessão de abertura
Local: Centro Cultural Brasil – Moçambique - Maputo
18H00 – Chegada dos convidados.
18H15 – Alocuções de boas-vindas
Mestre de Cerimónia: Calane da Silva, Director do Centro Cultural Brasil Moçambique, membro fundador do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP)
Intervenção de Sua Excelência, Nei Futuro Bitencourt, Encarregado de Negócios da Embaixada do Brasil;
Intervenção de Sua Excia João Garcia Bires, Embaixador de Angola;
Interveção de Sua Excia Armando Artur, Ministro da Cultura de Moçambique;

Mesa Redonda

18H35 – O Processo para a ratificação do Acordo Ortográfico em Moçambique.
Orador: Prof. Dr: Lourenço do Rosário, Presidente do Fundo Bibliográfico da
Língua Portuguesa
18H55 – O Português como Língua Moçambicana.
Orador: Prof. Dr. Gregório Firmino, Docente da Faculdade de Letras e Ciências
Sociais (UEM)
19H15 – A Língua Portuguesa no Contexto Muitilingue – Desafios da Educação.
Oradora: Dra. Albertina Moreno, Membro da Comissão Nacional do IILP
19H35 – Debate e Conclusões
20H00 – Showesia de Tânia Tomé cantora e poetisa moçambicana, evento cultural que incorpora declamação de poesia, canto e todas as outras formas de expressão artística.
20H30 – Sessão de Encerramento

____________________________________
Centro Cultural Brasil – Moçambique
Sector de Eventos
Av. 25 de Setembro, 1728 - Maputo
Tel. 21 30 68 40
ccbm.eventos@gmail.com
publicado por Revista Literatas às 05:26 | link | comentar

MAPUTO: ARRANCOU O FESTIVAL INTERNACIONAL SHOWESIA

De: Eduardo Quive
Foto: Rogério Manhique 

Teve início ontem, no Instututo Camões em Maputo, o Festival Internacional Showesia – 2011, neste ano com o tema Paz, no âmbito do V Festival Palavras no Mundo. Associação Cultural Showesia, sedeada em Moçambique, é a coordenadora do festival para a língua portuguesa no mundo.

Pretende-se com esta iniciativa na edição de 2011, fazer-se um apelo a paz, solidariedade, amor em todos os lugares, em todos os momentos, com todas as pessoas a nível mundial, usando a música, poesia, cinema, entre outros meios.
“A inércia também violenta os outros, nos inquieta, traz aquilo que vemos a olho nú para as nossas casas, para as nossas vidas. Não passemos ao lado de situações que pudemos evitar, mudar. Muitas vezes com um simples toque dos dedos, com uma palavra, com um gesto. Não podemos pretender do mundo, aquilo que não fazemos por ele. A mudança começa por dentro, em cada um de nós.”
A presidente da Associação Cultural Showesia, Tânea Tomé, disse a nossa reportagem tratar-se de mais uma acção para não só difundir-se mensagens sobre a paz, mas para que esta se implante no seio dos povos e que seja o teor entre os humanos.
Tânea Tomé, disse ser o principal grupo alvo deste festival, os jovens e as crianças, que são as camadas com maior força de influência, sendo que assim, facilitaria a disseminação da mensagem pelas famílias e pela sociedade no geral.
“Penso que estas são camadas que podem nos trazer bons resultados, porque carecem de conhecimentos e passar a mensagem para quem já a detêm não nos interessa. Interessa passar a mensagem para ainda não está consciente disso para que estes levem-na para outros.” Disse.
Ainda segundo a mensagem do Showesia, a dignidade, a paz, a solidariedade são dos princípios e direitos mais importantes do ser humano, ter direito a ser respeitado, a ter condições de vida, a ter oportunidade, a dignidade, a liberdade, de estar tranquilo consigo mesmo e com o mundo, ter oportunidade de usufruir de todos direitos, só poderá acontecer se estiver em paz consigo e com o mundo.
“E só assim poderemos ter mais paz e amor no mundo que ansiamos.”
Ainda nesta semana, nos dias 5 e 6 vão prosseguir os debates acompanhados por filmes, música e poesia no Centro Cultural Brasil – Moçambique em Maputo e no dia 14 deste mês, no ponto mais alto, vai se realizar a Marcha pela Paz na capital moçambicana.
Refira-se que participam deste evento a em Moçambique, a realizadora de filmes e Activista brasileira, redicada nos Estados Unidos da América, Iara Lee , na música, Tânia Tomé, Neyma Lu ,Assa Matusse, Vasta Capela, Maneto, Patrick, Henrique Alberto, Beto,  Gama, Nzonza, Maneto, Eunesia Cristina, kelvin Matsinhe, Zinaida Zualo, Elias, entre outros.
Quanto aos escritores e oradores consta da lista, alguns como Mia Couto, Calane da Silva, Eugénio Brás entre outros incluindo o brasileiro Rosália Diogo que se juntarão ainda com os declamadores Osvaldo Mbali, Sangare Okapi, Iracema de Sousa e Lucílio Manjate.
publicado por Revista Literatas às 05:19 | link | comentar

Rua Araújo

De: Eduardo Quive - Maputo

Antes dissera-se com muita fama que havia um santuário carnificínico nas manhas de Maputo, a cidade grande, onde muitos homens se encontram. Uns para melhorar a vida, outros só para viver a sabor, a frescura e desgraça que se tornou numa graça dos deuses diabólicos.
Mas Maputo fora também cidade de mulheres, umas complementando a vida boa que os homens tanto alegavam haver no Ka Mpfumo, outras, eram mesmo a voz do sacrifício. Munidas de trouxas na cabeça, com a ponta da capulana sufocando as poucas notas que garantem o mutlutlu, para famílias numerosas.
Rua Araújo é também Maputo. É Ka Mpfumo, também. Muitos mares desviados do trajecto desaguam lá. Rua Araújo fora uma carnificina que comia tudo quanto mulher, mas também engolia quando podia os homens sexuados.
Xiluva também fora lá parar, na ambição da própria carne, que é fraca, mesmo com coração de pedra de tanta firmeza. Tudo duro mesmo. Como os verdadeiros Nkomanes e filhos daquelas terras fartas de desgraças deste mundo que é hoje.
- Não se faz mais mhamaba, não se faz mais invocação aos deuses, tudo era mesmo. Tudo já era – invocam-se os adultos, na voz a sabor da dor que se exalta com a sua pele de velhos.
Mas nem com isso. Tudo fora mesmo com outros Nhankwaves. Os verdadeiros desuses, já não existem, todos tombaram na frustração de ver os seus filhos a trocar Ucanhu, por cerveja e de a valorizarem tanto que não entornam quando escurece para dizer “cokwane Mevasse, sou eu Nambita, kanimambo vovô, por ter tirado todo mal de mim. Toma aí fole e um pouco de tontonto.” Conta a velha Xinengane, a herança do Deus me livre.
Contara isso de propósito a D. Destina, para de seguida perguntar.
- Kotile?
Calasse a mulher indignada com o propósito e pertinência em que se invoca tal nome daquela que fora sua filha antes de Antoninho decidir ser vivente das minas, mulumuzana das ma zulu. Desde que fora naquele século, só manda cartas, “mas há-de morrer cedo” diz D. Destina em pensamento alto de dor.
- É quem que vai morrer cedo?
- Nada vovô! Nada. Não é ninguém não. – Responde com voz de ni tsikli. Na saudade da sua solteirisse, que não lhe dá o direito de justificar-se a alguém.
Tal solteirisse se exalta em Nikotile, que vai saciando a fome masculina dos homens no Ka Mpfumo.
Deixou-se comer na carnificina de Rua Araújo e agora só ficou com uma coisa. Tal coisa que não lhe serviria em Deus me livre, por isso embora a saudade espreitasse seu coração em nenhum momento devia para lá voltar.
Escurece. As trevas se instalam no caos da avenida. É hora de ir a putaria.
Nikotile, enxuga as suas lágrimas com ânimo da sua primeira actividade laboral. Sai para Rua Araújo de simples vestido de Cai-cai que ganhara de presente na única vez que cortara o bolo do seu aniversário, cinco anos antes dos 16 que já tem.
Kotile é virgem.
Kotile vira das mais puras donzelas da descendência dos Nkomanes, parte vizinha com outros viventes do Deus me livre, mas saíra de lá numa aventura desconhecida e de para quedas veio cair na cidade que hoje lhe oferece emprego. Emprego de impurezas. Serviço de se entregar por metical aos homens!
Atravessa o alcatrão com chinelos de pipoca sem fazer barulho. É noite. A noite é sagrada em Nkomane. É sagrada em Deus me livre também. Por isso não pode fazer barulho. Os deuses não gostam. “A noite não é para cria”, recorda nos silenciosos passos de fé que dá até quando chega.
Sandra. Mulher de longos anos de trabalho com larga experiência no trabalho e funcionária de muito respeito na Rua Araújo, põe-se a recebe-la com gestos de bem-vindo. De seguida, manda-a mudar de roupa. O traje não fora com o estilo de trabalho que arranjara com tanta facilidade na cidade que muitos homens sofrem para encontrar trabalho e muitas mulheres vivem de vender amendoim torrado, pão e badjia, camarão e peixe frito na rua.
Mas Nikotile tivera sorte dos Deuses que a protegem. Teve trabalho logo-logo.
Chega no pequeno quarto improvisado para assuntos de suprema rapidez. Estranha o cenário molhado que caracteriza o lugar. Cheiro de homem e carne fria, suor e gemidos de gente grande. Olha para outro lado e vê só camas e postes improvisados. Não tem mala com roupa. Nem mesa nem cadeira nem nada. É só cama, e cheiro de homem misturado com cheiro de carne descosida, fervida ao calor.
Tenta controlar-se para não fazer perguntas. Mas não aguenta!
- É aqui mesmo… – e não para de observar com estranheza.
- Sim. Você vai trabalhar aqui. Fique feliz porque é o melhor. Muitas meninas não têm quartos por aqui e acabam tudo nas escadas emprestadas pelos guardas a cinquenta meticais por cada viagem!
- Quer dizer que vou viajar também? – Pergunta inocentemente.
- Menina. Você não veio aqui para brincar. É para trabalhar… e mais… viagem foi jeito de falar contigo. Toca a mexer. Manda vir o primeiro! - Grita para outro lado por onde vem um homem!

Pequeno Glossário
Mutlutlu – Caril (geralmente feito com maior simplicidade de ingredientes)
Ka Mpfumu – nome tradicional da cidade de Maputo.
Tontonto – aguardente.
Ukanhu - Bedida de Canhu!
Ni Tsiki – Deixa-me.
Mulumuzana – Chefe de Família!
Mhamba – Kuphalha – acto de invocar espírito antepassados.
Kanimambo – obrigado

 NOTA: Parte de estórias longas que pretendo contar em completo um dia!
publicado por Revista Literatas às 05:09 | link | comentar

HOMICÍDIO DAS PALAVRAS

De: Francisco Júnior – Maputo

Um dia mato estas palavras,
Mas antes de mata-las
Irei bebe-las gulosamente.

Um dia mato estas palavras
Pois não me deixam sossegado
Dia e noite nesse desassossegado serviço
Sem salário
De ler, aprender, escrever, descrever…
Neste sonâmbulo viver.

Sem elas seríamos mudos
E não ouvíramos tantas mentiras.

Sem elas não assistiríamos
Estes cómicos diálogos
No parlamento da nação.

Sem elas…
Sem elas…
Sem elas…
Monologaríamos eternamente.

Mas sem elas
Como escreveria as malditas cartas de amor
Para te Maria.
Sem elas como te diria
Que te amo
Que gostei do seu beijo molhado.

Sem elas quem seria eu?
Se não sei mais nada
Alem de viver por elas
As malditas palavras.

Por isso um dia mato estas palavras
Para me ver livre de mim.
tags: ,
publicado por Revista Literatas às 05:02 | link | comentar

NECROMANCIA

De: Izidine Jaime – Maputo


Os presentes questionam ao passado outros futuros
Mortes encarnam vidas e falam sem voz de falar
Outras sortes dão azar aos que nem sorte tem
E os tímidos espíritos clandestinamente se fazem revelar.
A gelada noite incendiar a dança dos feiticeiros
e a chama que pasce sobre o vento inocente
rege maldade das conchas repelidas pelo mar
e outros mortos nascem no fumo que transpira os mistérios.

As almas se vendem.
As almas se compram.
Vidas cruzam-se com os espíritos despertados no culto
E na estrada escura negras vozes se revoltam.
E os Necromantes!
Invocam defuntos e ouvem o mudo que nada diz
Os olhos falam cegados pela visão que não vem,
E admiráveis imagens admiram os incrédulos.
Segredos tiram a máscara aos que não o vestem
E outros desejos matam sonhos na inveja que consentem
Nas viagens astrais
Fazem bem ao mal
O “telégrafo dos mortos”

E tudo que sobra a voz roca dos batuques silenciados,
ocultam omissos passos engrutados nas calúnias da noite
e os vagos sonhos repousados no barro adivinho
farejam ervas milagrosas que nada sabem das vidas que servem.

Gradinio Espinho
03-05-2011
publicado por Revista Literatas às 04:59 | link | comentar

POETAS

De: Nonia Issac – Songo- em Tete

Connosco poesia,
Vigilantes do nosso amor.

Censurados como não
Aqui estamos,
Resistimos, por aquilo que amamos.

Serenos, murmuramos:
Dizer, Fazer e Sentir a Literatura
Navegamos nela
A poesia
Nosso amante.

Serenamente palavreamos
Inesperadamente esculpimos palavras
Essa é a nossa arte
tags: ,
publicado por Revista Literatas às 04:58 | link | comentar

A Revista Literatas

é um projeto:

 

Associação Movimento Literário Kuphaluxa

 

Dizer, fazer e sentir 

a Literatura

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