Quarta-feira, 23.03.11

Sangue branco!

De: Eduardo Quive
Não verto em águas turvas,
Em umbigos do nascente,
Nem de lá
Nem de cá,

Verto por dentro,
De onde quando algumas pessoas entram não saem mais,
Mesmo que seja ilusão,
Elas entram e torturam

Enlouquecem os meus pensamentos,
E me chamam de ninguém,
A alma derrama a saque,
Mas não suja o chão,
Nem vinga a sua dor,
Apenas enlouquece de acreditar em coisas que não existem,

O sangue derramado na noite de ontem,

Não foi de dor
Nem de luto
Fora de satisfação

De ter vivido no céu por alguns dias
E ter caído ainda em estado de lucidez
Parabéns a quem me fizera passar por isso!
Não merecem amor verdadeiro, nem amizade,

Nem desprezo
Nem nada.

Devem apenas
Ter solidão e isolamento
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publicado por Revista Literatas às 09:34 | link | comentar

Formula 1 Nas Estradas

De: Mauro Brito - Maputo

Já na cama buzinas me chamam. Pobre de mim; Calma ai! pobre dos que se encontram nos autocarros, eu ainda cá me salvo e os demais? Não são com amenos cantares dos passaros que me rasgo da cama, são buzinas, são pneus, motores avançando, vão e vem, voam e navegam; em fim.
Meto-me num dos chapas e lá vou, talvez ao céu ou à escola ou trabalho, muitos outros que aos assentos vão disfrutando dessas astronómicas velocidades com  qual os chapeiros andam, desejam  também chegar ao trabalho, à escola, etc: mas tal nem sempre lhes acontece, desviam-nas para as morgues e cimitérios. Que triste esse cenário. O que me entristece ainda mais é o  facto de sermos considerados pelos chapeiros como animais, mercadorias, inuteis; apenas simples fardos de carga, ora vejamos: Um autocarro com 29 lugares, acabam levando 50 a 60 passageiros nas suas andanças, e na maior das inocências.
Pobre das nossas almas que são violadas pelos nossos próprios irmãos, que triste; queremos chegar a casa mais cedo, fugir da noite, do frio da noite, da cacimba, do alvoroço e tornamo-nos refens dess corja que pilota autocarros de transporte de passageiros; próximo aos semaforos param ansiosos em acelerar as máquinas, a sinalização automática lhes atrapalha o negócio. Param bruscamente quase que pelas janelas são cuspidos os passageiros e ficam brincando com o acelerador e o  volante, como de grandes campeões de FORMULA 1 se tratassem, ( Filipe Massa, Lewis Hamilton, etc)
Quanto mais passageiros empilhados , mais lugar surge, até parece que os assentos são invisíveis. “ há espaço ai atrás , vamos lá pah,  quem não quer pode descer” diz o cobrador.  Ensardinhados, pisados, roubados, humilhados, abusados e num olhar impávido contra os passageiros vêm moedas de 5mt que lhes enche a algibeira a cada dia que passa, e cada dia que se vai são vidas que se vão para outras vidas.
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publicado por Revista Literatas às 09:28 | link | comentar

A POESIA EPIGRÁMATICA DO AMIN NORDINE OU A BABALAZE DO ATIRADOR DAS VERDADES

Um poema assim é arduo/ sem cola e na vertical/ pode levar uma eternidade.
                                             ‘’ ARMENIO VIERA’’  
       Ao Sangari Okapi e
           Lúcilio Manjate                                
 

                                                          ERNESTO MULHANGA* 


Amin Nordine nasceu em Maputo aos 17 de fevereiro de 1969 e perdeu a vida aos 5 de fevereiro de 2011,e autor de apenas 3 livros, o que não tem importãncia porque a literatura não se assemelha a uma competição ,onde quem publica muitas obras sai vencedor(,assim sendo existem escritores que tem sido felizes nesta maratona aliando a quantidade versus qualidade como o seu cavalo de batalha e tem se notabilizado como verdadeiros campeos ex:Mia Couto,Antonio L.Antunes,Pepetela,Moacyr Scliar…),bastando lembrar-se do Luis B. Honwana,Noemia de Sousa,Gulamo Khan,e Lilia Momple para sustentar a tese de que qualidade nem sempre rima com a quantidade.
Publicou- Vagabundo Desgraçado( 1996),Duas Quadras para Rosa Xicuachula(1997), e Do lado da ala-B.
 
Amin Nordine e um militante de uma escrita solida em todos lados seja o da ala- A ou da ala- B,isenta de qualquer submissão politica,caracterizada pelo incoformismo da realidade que o circunda e pela revolta social,esta poesia epigramatica e uma revelação de um fatalismo que voa em voo rasante sobre as angustias de um passado melancolico,e um presente envenenado.
E do futuro o que se espera?o futuro não sera isto!’’… superlotada receita galgando o vento/com as mãos no coração do destino.’’
O que é do lado da ala-B? o leitor descobrirá que esta no lado mas vil de um jovem pais com os seus problemas,e é neste lado onde reside o poeta sólitario nas suas abordagens anti-heroicas,mas,das multidões na sua mordacidade social,um verdadeiro maquinista do comboio dos duros,um autenctico vomito da babalaze de um poeta bebȇdo do seu dia-a-dia.detentor de uma caligrafia rebelde,com versos quentes como o fogo e cortantes como a espada afiada,onde eclodem tematicas de afrontamento de um certo tempo historico(ex: carta ao meu amigo Xanana,banqueiros de banquetes,bandeira galgada aos 25,(c)anibalizinhos…)
Talvez o outro lado da ala destes poemas,não!isto ultrapassa a dimensão poetica,ou por outra destes melancolicos dissabores que despertam os filhos desta patria que nos pariu deste manancial de barbaridades versus mentiras,
que trasformam o sonho de estar livre da opressão em um pesadelo ,não sera esta a voz do povo?
Estes melancolicos dissabores são a polvóra contida na’’ bala’’(ala-B) desta poesia que o autor preferiu chamar-a de’’ arma da victória’’ que dispara esta bala certeira onde a cada estrofe vai abatendo o seu alvo.dai nasceu este livro embrulhado por uma critica social.
A titulo de exemplo o poema ‘’barbearia dos cabrões( ‘’queixo barbudos engravatados/ barbearia dos cabrões/ que deixa todo chão careca/ e ao alto mastro hasteiam bandeira/ para desfraldarem o corpo nu do povo…’’)
‘’Apesar da irrequietude e da impenitência ,algumas vezes virulentas que caracterizam esta poesia ou das intermeadas doses de apurada ironia ou de compaixão pelos desafortunados,o que sobressai nesta forma particular da escrita e um virtuosismo estimulador da sensibilidade da razão,(…),nessa brevidade desafiadora da nossa capacidade leitoral e estetica.’’( F.NOA-o prefaciador).
Segundo Zenão  a brevidade e um estilo que contêm o necessario para manifestar a realidade.esta brevidade encaixa-se na poesia do A.Nordine onde nota-se uma presenca massiva de traços inter-textuais da obra do poeta Celso Manguana cidadãos da mesma esquina( ambos eram jornalistas culturais do semanário Zambeze)guerreiros da poesia epigramatica, e soldados da mesma trincheira,.o A.Nordine exilo-se na morte,o Celso Manguana exilou-se na loucura, e eu procurarás  exilar-me na memória destes 2 poemas: 
‘’Sonâmbula esta patria/ cresce nas estatisticas/ e acorda com fome/ custa amar uma bandeira assim?/ tem o amargo do asilo/ almoço de pão com badjias/ sabem bem todos dias.’’ Celso Manguana pag.14- aos meus pais-Pátria que me pariu-2006. 
‘’ Se por tanto tivesse ser capaz/ moça-pátria deste amor que refrega/ seja o meu coração a minha entrega/ escrever-te a cerca duma paz/ e alto levante-se da vez que nega/não é para o povo o discurso assaz/  nenhum politico, milagroso ás/ é tamanho o sofrimento que chega!/ para o povo aumentem um quinhão/ venha do vosso governo mais pão/ burilada a página da história/ apagar a sua triste memória/ fazemos o país livre da escória!!!’’A.Nordine-pag.50-soneto da paz-Do lado da ala-B-2003. 
  • Heterónimo de Amosse Mucavele-membro do Movimento Literário Kuphaluxa.
publicado por Revista Literatas às 07:29 | link | comentar

O suco da poesia “subjectiva” de José Inácio de Melo

Por Eduardo Quive



Nome novo? Não é o caso. Trata-se de um poeta brasileiro que se iguala ao seu nome: José Inácio Vieira de Melo. A sua poesia é subversiva, mas com certeza há quem pode achar o contrário, pois a subversão, tem mesmo disso: Pode ser perturbador, emocionante, convulsivo, ou simplesmente poético. De Melo é o exemplo que se pode citar na universalidade poética onde o leitor pode se achar, depois de muitas caminhadas. Quer a prova? Vamos dar uma volta na obra “a infância do centauro”, publicada em 2007.

Com mais de sete obras publicadas, participação em várias antologias e publicações da sua poesia em CD´s, José Inácio Vieira de Melo, poeta, jornalista, mestre em Literatura e produtor cultural, natural de Alagoas, vivendo, desde há muito tempo, na Bahia é uma referência na literatura Brasileira, não só pela quantidade de obras lançadas no mercado, mas pela eficácia dos seus escritos.
Falar de poesia deste lírico homem, seria nadar em “águas em movimento”, correndo o risco de dizer uma coisa e depois de seguida descobrir-se outra. A sua poesia está em movimento e pode nos tirar daqui para ali, sempre que nos entregarmos a ela.
Navegando na sua subjectividade, podemos encontrar várias configurações, desde ao jeito tradicional de fazer poesia em onde e o modernismo original da personificação dos sentimentos retratados.
Cá entre nós, em algum momento podemos o encontrar entre fanáticos do José Craveirinha, mas também, se esconde um bom Patraquim, coração patriótico, nas terras lusas, mas que do nosso povo não se esquece quando respira em versos.
Podemos encontrar não só os poetas moçambicanos mencionados, mas também localizá-lo noutros contistas, como Calane da Silva em “Gotas de Sol”, onde a palavra fala, tem voz, tem acção e transmite sentimentos.
No “a Infância do Centauro”, bem prefaciado por Ronaldo Correia de Brito, outro literato que tentou com supremacia achar palavras para descrever a eloquência das palavras de José Inácio de Melo “penso nos artistas que vivem o ofício da poesia e lembro de José Inácio. O escritor argentino Jorge Luís Borges afirma no seu Evangelho Apócrifo: a porta é a que escolhe, não o homem. José Inácio escolheu ser poeta”.  
São simples palavras que o descrevem longe de Moçambique, mas com a sua poética forma e escrita ladeado pelos continentes países e povos.
Na referida obra, são publicados no total 81 poemas distribuídos em sete capítulos, dos quais, 41 são inéditos e compõem as cinco sessões que formam a obra, os restantes 40 foram retirados doutras obras, nomeadamente, Códigos do Silêncio, publicado em 2000, Decifração de abismos de 2002 e a terceira romaria, publicado em 2005.
“Pode-se dizer então, que a infância do centauro é um livro inédito e ao mesmo tempo, uma antologia. Assim, trago aos leitores essa minha profissão de fé, que me conduz pela vida afora e convido-os a fazer uma viagem por esses mundos adentro”, diz o autor no interior do livro.

O primeiro e o último poema
- Centauro escarlate e rastros

Logo ao entrar na sua composição, José, mostra-nos o caminho que pretende percorrer, com um rumo traçado, mas portanto, não claramente identificado, com certeza algo propositado afim de que o leitor se encontre e emocione-se sem limitações nem alienações, possíveis.
“…e quando for noite alta
E os acordes de uma aquarela
Luzirem dentro de teu espírito,
Deixa o centauro que habita em ti
Galopar, galopar, galopar
E transcender a ti e as tuas explicações.

Há de existir um lugar
Onde os teus mistérios possam descansar
Assim, assinala o autor, simbolicamente as portas para entrar na sua viagem lírica, mas deixa claro, igualmente, que os próximos passos serão do leitor e a trajectória será emocionante.
Nestas estrofes não se localizam apenas a voz do poeta, mas a sensação do bom ritmo e expressividade poética que caracterizará com certeza toda a obra, mesmo os poemas que viajaram das obras anteriores para esta.
Por outro lado, fica marcada a exigência à observação do “um minuto de silêncio” em memória das almas que terão se perdido ao longo da viagem, a que nos submete “a Infância do Centauro”.
O poeta traz os segredos da poeira.
Em sua mão pulsa o nó do espanto:
Um sorriso bêbado de eternidade:
Um poema
Terminado o minuto de silêncio, podemos voltar a perguntar, quem é José Inácio Vieira de Melo?

publicado por Revista Literatas às 07:21 | link | comentar

Lançada no Brasil a nova revista de literatura


Cruviana, é o nome de um novo espaço para o desfile das criações inéditas na arte da escrita, contribuindo deste modo, para o desenvolvimento da literatura e no aparecimento de novos autores literários.
A iniciativa que estará disponível em on-line, conta com a participação de vários literatas, como escritores, docentes universitários e linguística, no conselho editorial, mas que em termos de publicação de textos, poderão participar literatas de todo o mundo.
Em Moçambique, já está garantida a correspondência, através dos integrantes do Movimento Literário Kuphaluxa, que enviarão constantemente os seus artigos literários para a revista.
Para o Kuphaluxa, participar desta iniciativa constitui um grande avanço na moderação do debate literário em que este grupo tem se envolvido com o Brasil e no espaço lusófono no geral, sendo que desta vez, o intercâmbio será ao mais alto nível em termos de divulgação das obras dos contistas moçambicanos em nascimento.

“O título da Revista surgiu de uma expressão muito conhecida no Nordeste brasileiro. A palavra “Cruviana”, no dicionário, quer dizer “frio intenso”. Não se trata de um frio comum, mas de uma sensação de frio que chega de madrugada, provocando calafrios como se fossem provocados por uma ação mística e metafísica.
De acordo com o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, o termo "cruviana" é uma variação de "corrupiana" ou "corrubiana" e consiste na queda de uma neblina frígida que, no verão ou no inverno, vem acompanhada do vento que sopra do sudoeste.
No Norte, Cruviana é a Deusa do vento, a mulher do alvorecer. Chega em tornado, acordam os trabalhadores das fazendas e os envia fora para o trabalho.” Estávamos a citar o editorial da referida revista.

VISITE A REVISTA CRUVIANA EM: http://www.revistacruviana.blogspot.com/
publicado por Revista Literatas às 06:27 | link | comentar

A Revista Literatas

é um projeto:

 

Associação Movimento Literário Kuphaluxa

 

Dizer, fazer e sentir 

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