Quarta-feira, 12.01.11

A força da Palavra manifestava-se no homem que pintava pessoas!



A coruja agoira-me
e diz-me que nunca chegarei
além onde o desejo me leva
e assim evapora-se o sonho;


O tambor foi tocado
na noite densa do feitiço
enquanto Kokwana Muhlonga
apitava o Kokwana Hehlise
que morreu depois dos gatos terem miado.


Eu lutando só
é impossível vencer as ondas
que feiticeiramente me esboçam
as corujas, gatos e tambores.

Malangatana Valente Ngwenya, nasceu em Matalana, distrito de Marracuene, Moçambique, em 1936 e faleceu em Matosinhos (Portugal), no dia 5 de janeiro de 2011. Antes de tornar-se conhecido internacionalmente por seu trabalho como pintor, escultor, ceramista, poeta, Malangatana foi pastor de gado, criado de meninos, apanhador de bolas de golfe no clube da elite colonizadora da ex-Lourenço Marques(Maputo, a atual capital de Moçambique). Tornou-se pintor profissional graças a ajuda de várias pessoas, como um de seus professores, que lhe dava as tintas para pintar; como também o arquiteto português Miranda Guedes, que lhe cedeu sua garagem para servir de atelier. Chegou a ser preso pela PIDE (polícia da ditadura ), juntamente com o poeta José Craveirinha e Rui Nogar, acusados de ligações com a FRELIMO (Frente para a Libertação de Moçambique).
Sua obra está exposta em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Seus murais estão espalhados em vários locais da capital(Maputo), na África do Sul, no Chile, na Colômbia, EUA, Grã-Bretanha e Suécia.
Malangatana era um artista na verdadeira acepção da palavra, para além das artes plásticas, porque era ator de teatro, cantava, dançava, era animador cultural e desenvolvia um trabalho cultural em seu país.
publicado por Revista Literatas às 05:07 | link | comentar | ver comentários (1)

Morreu Ngwenha! O calar do “Crocodilo” suscita lágrimas e dor em Maputo

Reportagem: Redacção Literatas
Chegaram hoje na capital Moçambicana, Maputo, os restos mortais do pintor-mor Malangatana Valente Ngwenha, um autêntico monstro sagrado nas artes moçambicanas, o Homem que pintava pessoas!
As ruas de Maputo, onde pelo menos os Literatas fizeram uma ronda, estavam em silêncio, a cidade da Matola também não respirava vida, era tudo cheiro de Morte, sabor da lágrima e cenário negro. Todos choram a alma do artista polivalente.
Malangatana, assemelhava-se a tradução do seu apelido, Ngwenha, que significa crocodilo, conseguia marcar as pessoas pela sua capacidade de se impor com elevada supremacia e excelência. Isto não é “o drama da morte” é o retrato inacabável do homem que esta terra se orgulha de ter edificado.
Até sexta-feira, data do inteiro dos restos mortais do artista, o Estado moçambicano, estará de luto, em continência e homenagem ao Malangatana Valente Ngwenha. Um herói que tal como em vida, faz a diferença já morto.
Os restos mortais do Malangatana, vão repousar na terra que o viu a nascer, Matalana, no distrito de Marracuene, na Província de Maputo.
Adeus herói das artes.
Adeus embondeiro da cultura moçambicana!
Adeus amiguinho das criancinhas.
Adeus herói da causa de todos.
A pátria ti recordará, vovô Ngwenha.
publicado por Revista Literatas às 04:50 | link | comentar | ver comentários (1)

Kuphaluxa: um ano dizendo, fazendo e sentido a literatura

São jovens que se assemelham a qualquer um, urbanos e suburbanos, residentes da cidade de Maputo e Matola, estudantes e autodidatas, ambos unidos por um laço que se chama arte. São eles que compõem o Movimento Literário Kuphaluxa, que comemoraram, recentemente, um ano de existência inspirados a dizer, fazer e sentir a literatura.

Reportagem: Eduardo Quive

parte de artistas do Kuphaluxa nuam representação


Nascidos do amor pela arte, concretamente da literatura, um grupo de cidadãos, adolescentes e jovens, decidiu unir-se e se tornar activistas da arte de ler e escrever, na expressão portuguesa, no leito de um mestre que os viu a nascer.




No centro da cidade, albergados pelo Centro Cultural Brasil-Moçambique, dirigido pelo Calane da Silva, literato de anos e de reconhecido mérito, está o Movimento Literário Kuphaluxa, agramiação artistico-literária que visa praticar e manifestar as diversas formas de expressão da literatura de língua portuguesa, difundido esta arte pelos jovens e toda a sociedade no país e hoje já provado, até pelo mundo inteiro.

Esta agremição de activistas literários em exemplo do “renascimento”, gritando a moçambicanidade e o seu amor pela arte, assinalou, no findo mês de Dezembro, o primeiro aniversário, facto que serviu para deliciar os amantes desta arte e não só, de momentos de exaltação cultural, através da poesia, contos e crónicas, estórias e música acústica, num sarau cultural havido para comemorar a data.
São perto de 30 associados, residentes das cidades de Maputo e Matola, mas com raízes que se estendem por todo este vasto e belo território moçambicano, na cauda da África màe e o berço da humanidade.

Escritor Calane da Silva, director do CCBM e padrinho do Kuphaluxa

Kuphaluxa, também transcende os limites geográficos, etnicos, linguísticos, religiosos, raciais e políticos, albergando e ainda com espaço para acolher, pessoas de diferentes gostos literários, mostrando-se pelo grau de evolução destes jovens que hoje contam com muitas amizades, brasileiras, portuguesas, norte americanas, alemãs entre outros.
Segundo os integrantes deste grupo, o que marca o primeiro ano do seu associativismo literário, é a notabilidade do seu trabalho, que ao longo do ano atingiu mais de cinco escolas secundárias e primárias, levando escritores moçambicanos, com maior destaque para Marcelo Panguana, que falou da sua esperiência com os estudantes do Liceu Polana, Juvenal Bucuana, na Escola Secundária do Livramento na Matola, Paulina Chiziane na secundária de Malhazine e Ungulane Ba Kha Khosa que foi a secundária Noroeste 1 em Maputo.
Os jovens do Kuphaluxa, dizem ainda sentir-se satisfeitos pelo seu envolvimento nas diversas actividades culturais do país, como a primeira Feira Inernacional do Livro em Maputo, no primeiro Escritas do Índico organizado pela N’djira, principalmente por terem influenciado as mais de 400 reclusas da Cadeia feminina de Ndlavela a ler, tendo ofericido a cadeia, cerca de 200 livros.

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publicado por Revista Literatas às 04:22 | link | comentar

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